Energia renovada e renovável

Conferência Internacional DATAGRO acentua relevância do etanol e aponta novas oportunidades para o


Edição 40 - 14.01.24

Conferência Internacional DATAGRO acentua relevância do etanol e aponta novas oportunidades para o setor sucroenergético

 

Por Ronaldo Luiz

A 23ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, realizada em 23 e 24 de outubro, reuniu 1,5 mil pessoas no hotel Grand Hyatt em São Paulo (SP). O evento, que também contou com transmissão online, teve como temática “Novos Mercados e Diversificação em Direção a Net-Zero”.

Com a presença do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, a abertura da conferência destacou a força econômica do setor sucroenergético brasileiro como produtor de açúcar, etanol e bioenergia, bem como a relevância do segmento para a promoção da descarbonização das cadeias globais de valor.

Em sua fala inicial, o presidente da DATAGRO, Plinio Nastari, ressaltou a integração virtuosa entre a agricultura alimentar e energética. “A energia da biomassa alavanca a produção de alimentos”, disse Nastari. Especificamente sobre os biocombustíveis, Nastari mencionou que seu uso avança para além do transporte rodoviário, com potencial para o segmento de aviação e o marítimo.

Alckmin salientou que o setor sucroenergético é crucial para a nova industrialização do País, porque o segmento gera emprego, renda e, consequentemente, desenvolvimento sustentável, já que é ancorado na economia de produtos verdes. O vice-presidente lembrou que o Brasil tem a matriz de energia mais limpa do mundo e que o governo trabalha para elevar gradativamente os percentuais de mistura de biodiesel no diesel e de etanol na gasolina.

Por sua vez, Lira frisou que, em sua recente viagem à China, o tema dos biocombustíveis foi destaque na agenda com as autoridades locais. “O Brasil é referência em biocombustíveis porque investiu em tecnologia, infraestrutura de distribuição e se antecipou às tendências com foco na descarbonização e sustentabilidade”, declarou. O presidente da Câmara também pontuou que o legislativo dará prioridade ao andamento dos Projetos de Lei que visam endereçar políticas públicas de estímulo ao hidrogênio verde, sobretudo o obtido a partir do etanol.

Também presente na solenidade de abertura, o deputado federal Arnaldo Jardim, afirmou que o agro brasileiro tem compromisso absoluto com a sustentabilidade, no que foi endossado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Roberto Perosa.

Entre outras autoridades, a cerimônia de abertura contou ainda com a participação do novo secretário de Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, que trouxe uma novidade: o estado terá um Plano Safra exclusivo a partir de 2024. Dirigentes e lideranças do agro, como Cesario Ramalho, do Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP); Sérgio Bortolozzo, da Sociedade Rural Brasileira (SRB); e Evandro Gussi, da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), também participaram da cerimônia de abertura.

A programação da conferência homenageou duas personalidades que marcaram história no setor: Werther Annicchino, ex-presidente da Copersucar, e José Carlos Maranhão, presidente do Grupo Santo Antônio.

Confira os principais destaques da 23ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol:

 

Especialistas defendem previsibilidade na política de preços dos combustíveis

 

Executivos do segmento sucroenergético, autoridades representativas do agro e dirigentes de entidades cobraram previsibilidade do governo federal em relação à política de preços dos combustíveis no País, sobretudo em relação às cotações praticadas pela Petrobras para o petróleo.

De acordo com o deputado Zé Vitor, presidente da Frente Parlamentar do Setor Sucroenergético, ter previsibilidade nesta questão é condição fundamental para a tomada de decisão na cadeia produtiva do etanol. “Previsibilidade traz investimentos”, disse.

Segundo o CEO da Atvos, Bruno Serapião, ao contrário do açúcar, que tem preços balizados em bolsa, o etanol não possui tal característica, o que o deixa atrelado à política de preços vinculada ao petróleo. “Não queremos subsídio, e sim previsibilidade dos marcos regulatórios.”

Para o presidente da Acelen, que está investindo na fabricação de biocombustíveis a partir do óleo de macaúba, a adoção do controle artificial de preços nunca funcionou e tira a transparência do mercado de combustíveis.

 

Safra global 2023/24 de açúcar deverá apresentar déficit de 2,1 milhões de toneladas

 

Em um cenário de oferta apertada e preços com tendência altista, a safra mundial 2023/24 de açúcar, que corresponde ao intervalo entre outubro de 2023 e setembro de 2024, deverá apresentar déficit de 2,1 milhões de toneladas, aponta a mais recente estimativa da Organização Internacional do Açúcar (OIA), que foi divulgada pelo diretor executivo da entidade, José Orive.

A produção mundial, segundo a OIA, deverá ficar em torno de 174,8 milhões de toneladas, enquanto o consumo global está previsto em 176,9 milhões de toneladas.

De acordo com Orive, o Brasil deve continuar liderando as exportações mundiais, com o embarque de 28 milhões de toneladas, seguido por Tailândia e Índia. Segundo o diretor executivo da OIA, os preços internacionais do adoçante provavelmente deverão permanecer elevados neste ciclo.

 

Revolução no plantio de cana

O plantio de cana-de-açúcar está na antessala de uma revolução, que será marcada pela troca do uso das atuais mudas por materiais genéticos sob o formato de sementes sintéticas. A projeção foi feita por executivos do segmento sucroenergético.

César Barros, presidente do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), afirmou que o cultivo de cana viveu um quadro de produtividade estagnada nos últimos anos, que precisa ser revertido.

Nesse sentido, tanto o lançamento de novas cultivares quanto o plantio por meio da tecnologia de sementes têm potencial para elevar o rendimento dos canaviais, com o desenvolvimento de plantas de maior produtividade e menos suscetíveis a pragas e ervas daninhas, bem como adaptáveis às mudanças climáticas.

De acordo com Alexandre Landgraf, diretor da Explante Biotecnologia, considerando todo o processo de plantio, a tecnologia de sementes artificiais para cana também terá potencial para reduzir custos, assim como mitigar a emissão de gases de efeito estufa. “A tecnologia tem disponibilidade comercial prevista para a temporada 2026/27.”

 

Sistema regulatório mais célere

O presidente e CEO da CropLife Brasil, Eduardo Leão, disse que o Brasil precisa de um sistema regulatório mais célere na temática dos insumos agrícolas. Segundo ele, maior agilidade significa a aprovação para o uso de tecnologias mais amigáveis ao meio ambiente, mais modernas, eficientes e seguras para a saúde humana.

“O Brasil leva mais do que o dobro de tempo do que a média mundial no registro de novas tecnologias agrícolas”, alertou, acrescentando que este quadro afasta investimentos para o desenvolvimento de insumos mais verdes. De acordo com o dirigente da entidade, três propostas legislativas são prioritárias para o segmento: nova lei de cultivares, regulamentação dos bioinsumos e modernização da lei dos pesticidas.

Também presente no painel, o gerente Comercial de cana-de-açúcar da Koppert, Vinícius Lopes, pontuou o avanço das soluções de controle biológico na agricultura brasileira. “Hoje em dia, estima-se que 24 milhões de hectares são tratados com alguma tecnologia de controle biológico.”

 

Brasil refuta protocolos unilaterais relacionados à sustentabilidade no comércio agrícola internacional

O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Roberto Perosa, afirmou que o governo brasileiro tem grande preocupação com medidas unilaterais que estão sendo adotadas por países e blocos em relação a regras de importação para produtos agrícolas.

O principal ponto nesta temática envolve a lei antidesmatamento da União Europeia, que barra o ingresso de produtos vinculados a desmatamento – independentemente de ser legal ou ilegal, segundo a norma de cada país fornecedor – cultivados, produzidos ou processados após 31 de dezembro de 2020.

Segundo Perosa, o Brasil mantém negociações diplomáticas com a União Europeia, a fim de ambos amadurecerem um protocolo de produção agrícola ancorado em princípios sustentáveis. “Cada país tem um modelo produtivo, uma realidade local, que busca conciliar produção e sustentabilidade, e a Europa precisa compreender, com base em critérios científicos, o quanto o agro brasileiro é sustentável.”

Os demais participantes do painel, Marie Christine Ribera, diretora-geral da Associação Europeia de Fabricantes de Açúcar, e Fred Zeller, CEO da SZVG e sócio majoritário da Südzucker, afirmaram que os produtores rurais europeus também enfrentam desafios e apresentam dúvidas quanto às políticas sustentáveis que a direção do bloco deseja implantar na agricultura local.

 

Demanda global por biocombustíveis está dada

 

Reunidas no principal painel da Conferência DATAGRO, lideranças do setor sucroenergético nacional elencaram desafios e oportunidades do segmento no âmbito doméstico e no espectro internacional.

“O segmento passa por um momento virtuoso, sobretudo em razão de boas circunstâncias climáticas e de mercado, com produtores e empresas ampliando e diversificando investimentos”, destacou o presidente da DATAGRO, Plinio Nastari.

O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), Evandro Gussi, acentuou que, em termos de demanda para os biocombustíveis, o cenário mundial está dado: “O desafio é construir uma oferta constante, diversificada geograficamente e ancorada nos três pilares da sustentabilidade: econômico, social e ambiental”.

Em relação à descarbonização dos sistemas de transportes, a redução das emissões de gases de efeito estufa, observou Gussi, passará por variadas rotas tecnológicas de mobilidade sustentável, de acordo com as características de cada país ou região.

De acordo com o presidente da União Nacional da Bioenergia (Udop), Hugo Cagno Filho, as perspectivas são, de fato, positivas para o setor, especialmente em relação ao etanol, dadas as possibilidades relacionadas ao hidrogênio verde. “Esta nova agenda pode desvincular nossa cadeia produtiva dos preços dos combustíveis fósseis.”

Exatamente sobre esta questão, o presidente da Bioenergia Brasil e do Siamig, Mário Campos Filho, criticou a falta de previsibilidade da política de preços dos combustíveis da Petrobras: “Isso gera incertezas para todo o setor”. De seu lado, o presidente do Sindaçúcar/AL, Pedro Robério, lembrou a importância da aprovação do Projeto de Lei do Combustível do Futuro, proposta que, segundo ele, “carrega tudo o que o segmento de biocombustíveis precisa para se desenvolver ainda mais”.

O PL traz medidas para estimular o uso de combustíveis sustentáveis no setor de transportes, como o diesel verde e o aumento do teor de etanol na gasolina. A matéria prevê também uma nova política, pela qual as companhias aéreas devem reduzir em 1% as emissões de gases de efeito estufa a partir de 2027, alcançando 10% em 2037. Essa redução será atingida pelo aumento gradual da mistura de combustíveis sustentáveis.

Além disso, o presidente do Sifaeg, André Rocha, recordou a necessidade de o setor sucroenergético investir em comunicação, a fim de evidenciar as externalidades ambientais positivas do segmento e suas vantagens econômicas.

 

Brasil poderá liderar fornecimento mundial de combustível renovável para aviação (SAF)

 

Em uma agenda de descarbonização também para o setor aéreo mundial, o Brasil, avaliaram especialistas, tem o potencial de ser um dos maiores fornecedores globais de SAF (Sustainable Aviation Fuel) – combustível sustentável para aviação, em português –, pela diversidade de matérias-primas que o País tem.

O SAF emite até 80% menos CO2 do que o querosene de aviação e, no âmbito da cadeia produtiva do agro, pode ser produzido pela biomassa da cana, etanol, outros resíduos agrícolas e gorduras animais. “A aviação doméstica consome anualmente 6 bilhões de litros de querosene de aviação, e produzimos 4,1 bilhões. Em vez de importarmos, o restante pode ser ocupado por SAF”, disse Carolina Grassi, gerente de Política e Inovações da Roundtable On Sustainable Biomaterials (RSB).

Segundo Agustín Torroba, especialista em Biocombustíveis e Energias Renováveis do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (Iica), o SAF é uma grande oportunidade para o Brasil, em particular para o segmento do etanol, que apresenta potencial de produção de baixo custo para a fabricação do biocombustível.

“Podemos ser a Opep dos combustíveis renováveis”, afirmou José Magalhães Fernandes, vice-presidente global da Honeywell Performance Materials and Technologies e presidente da subsidiária na América Latina, em alusão ao grupo dos maiores produtores mundiais de petróleo.

Citadas no painel, algumas projeções mostram, de fato, o potencial para uso do SAF nos próximos anos em substituição ao querosene de aviação. Na União Europeia, a meta é atingir 2% de SAF em 2025 e 70% em 2050. Nos EUA, o objetivo do governo é chegar a 11,4 bilhões de litros de SAF em 2030 e 132,5 bilhões de litros até 2050. No Brasil, a meta é 1% de SAF a partir de 2027, com aumento de 1% ao ano, com intuito de alcançar 10% em 2037.

Segundo especialistas, também é preciso estar no radar o desafio de que o Brasil não deve se contentar apenas em ser fornecedor de matérias-primas para fabricação de SAF, mas ter a ambição de produzir internamente, em fábricas locais.

 

Fabricação de hidrogênio verde a partir do etanol ou da biomassa da cana-de-açúcar

Um dos painéis mais aguardados tratou do potencial para a fabricação de hidrogênio verde a partir do etanol ou da biomassa da cana-de-açúcar. O que há de mais avançado no Brasil nessa temática é o projeto desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI, na sigla em inglês) em parceria com a USP, Fapesp, Shell, fabricantes de veículos, empresas de tecnologias e grupos do setor sucroenergético. A iniciativa prevê a produção de hidrogênio verde a partir do etanol e da biomassa da cana em uma planta que está sendo instalada no campus da USP, em São Paulo (SP).

Na Conferência, o diretor científico do RCGI, Julio Romano Meneghini, discorreu sobre a inciativa que mapeará o potencial de produção de hidrogênio no setor sucroenergético. Os pesquisadores vão analisar os dados de todas as usinas de etanol no Brasil – há 358 de cana-de-açúcar e 21 de milho, segundo números atualizados em dezembro de 2022 – para calcular a quantidade de hidrogênio que poderiam produzir.

“O hidrogênio tem aparecido cada vez mais como vetor energético importante para a descarbonização de diferentes setores, incluindo o da aviação”, afirmou a engenheira química Suani Teixeira Coelho, professora do Programa de Pós-Graduação em Energia da USP e coordenadora do projeto, também presente no painel.

O estudo trabalhará com diferentes cenários, abrangendo a demanda por etanol pelo transporte rodoviário e incluindo na análise o etanol de segunda geração, considerado ainda mais sustentável que o de primeira geração por ser produzido a partir do bagaço de cana.

“Sempre que se usa um resíduo de biomassa, como o bagaço da cana, para gerar energia, se tem um sistema mais sustentável”, salientou Suani Coelho. “Primeiro, porque se dá um destino adequado a esse resíduo. E, segundo, porque não há necessidade de expansão de área. É um conceito que se enquadra no que chamamos de bioeconomia circular.”

Também presente no painel, Roberto Matarazzo, diretor de Assuntos Governamentais e Regulatórios da Toyota, destacou que, para a fabricante de automóveis, o inimigo é o carbono, e não o motor à combustão. “Para nós, a descarbonização, a busca pela mobilidade sustentável, passa por diversas rotas tecnológicas, de acordo com as características de cada país ou região.”

No Brasil, ressaltou o executivo, o etanol é item-chave, sendo o híbrido flex, que combina o veículo elétrico com o biocombustível, a melhor opção. Segundo afirmou Matarazzo, pesquisas mostram que motores flex e híbridos flex abastecidos com etanol têm emissão de CO2 mais baixa do que o elétrico puro europeu, considerando o conceito do poço à roda.

Ao mesmo tempo, frisou o executivo, o Brasil já conta com uma ampla infraestrutura de distribuição de biocombustíveis, o que torna a tecnologia híbrido flex mais acessível. Segundo estimativas do Ministério de Minas e Energia (MME), o Brasil tem potencial para produzir 1,8 gigatoneladas de hidrogênio de baixa emissão de carbono por ano.

 

Executivo da Stellantis destaca importância do etanol como descarbonizante

O painel com o tema “Novas Tecnologias para Aumento da Eficiência do Uso do Etanol em Transporte” contou com moderação do deputado federal Arnaldo Jardim e palestra de João Irineu Medeiros, vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Stellantis na América do Sul.

“O Brasil tem todas as possibilidades de liderar a corrida pela descarbonização”, ressaltou Medeiros. O executivo da Stellantis destacou o papel do etanol brasileiro nesse processo, que serve como referência para todo o mundo, principalmente para os países emergentes. O objetivo da Stellantis no Brasil é incentivar soluções que combinem etanol e eletrificação.

Com medidas semelhantes em vários países, respeitando as características de cada um, a Stellantis tem a perspectiva de chegar ao carbono neutro até 2038.

 

DATAGRO realiza premiação em excelência verde para empresas com maior pontuação no RenovaBio

A DATAGRO realizou, pela primeira vez, a premiação DATAGRO Green Excellency Awards, com o objetivo de reconhecer as empresas mais eficientes na emissão de CBios, créditos que representam cada tonelada de CO2 que deixou de ser liberada na atmosfera no processo de produção, distribuição e consumo de combustível.

Confira os vencedores:

O grupo Jalles Machado, por meio de seu presidente, Otavio Lage Siqueira Filho, recebeu o DATAGRO Green Excellency Awards pela sua eficiência em Etanol de Cana no Centro-Sul.

A mais eficiente em geração de CBios no Norte/Nordeste foi a agroindústria Pagrisa, cujo diretor Fernão Zancaner recebeu o prêmio.

Na categoria Etanol de Usinas Flex (cana e milho), o vencedor foi o Grupo São Martinho, representado por Helder Gosling, diretor Comercial e de Logística.

A Fueling Sustainability foi laureada devido à geração de CBios na produção de Etanol de Milho, representada por Paulo Trucco, diretor Comercial de Etanol.

Em Biodiesel, o DATAGRO Green Excellency Awards foi para a JBS – Nelson Dalcanale, presidente de Novos Negócios da empresa, recebeu a premiação.

A Construtora Marquise/GNR Fortaleza Valorização de Biogás Ltda., através do presidente Hugo Nery, recebeu o prêmio em Biometano.

A DATAGRO promoveu a premiação para reconhecer a “excelência verde” com apoio dos rankings monitorados pela Benri.

Temos condições de produzir etanol de forma rápida, diz Apla

Alberto Carlos Bicca, coordenador de Agronegócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), moderou o painel com o tema “Expansão do Uso do Etanol no Mundo”.

Palestraram Flavio Castellari, diretor executivo do Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla); Luis Augusto Barbosa Cortez, professor titular da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Feagri-Unicamp); David Chiaramonti, professor titular em Tecnologias de Conversão de Bioenergia da Politecnico di Torino, na Itália; e Heitor Cantarella, pesquisador científico do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

O mundo tem grande potencial para a produção de etanol. De acordo com Castellari, cem países poderiam fornecer biocombustíveis – para se ter ideia, atualmente apenas 20 países podem oferecer gasolina. “Temos condições de produzir etanol de forma rápida em todos os continentes”, disse o diretor executivo do Apla. “O etanol é, sim, parte da solução para descarbonização.”

Cantarella, pesquisador do IAC, destacou o fato de o etanol – de cana e de milho – e o biodiesel serem produzidos de forma sustentável em grandes volumes mundo afora, com destaque para Brasil, Estados Unidos e países do Sudeste Asiático.

O professor Luis Augusto, da Unicamp, salientou que o etanol é uma oportunidade para o Brasil reduzir de maneira significativa as emissões de gases de efeito estufa (GEE), unificando a agenda ambiental com a produção de energias renováveis.

Não há solução para as mudanças climáticas sem a participação do agro e do Brasil, diz ex-diretor-geral da OMC

O embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), falou sobre as condições de comércio de produtos agrícolas no mundo. Com uma visão atualizada sobre o assunto, Azevêdo disse que estamos vivendo um novo paradigma: “Uma nova agenda internacional, focada no tema da sustentabilidade, assumiu a frente do debate internacional de maneira irreversível”.

Na visão do embaixador, ainda não temos regulações globais para essa nova realidade, além de distorções de mercado tanto no que diz respeito às punições pelo não cumprimento como também pela falta de incentivo. “Países vão adotando medidas unilateralmente, o que pode gerar muita arbitrariedade”, disse ele.

Na avaliação de Azevêdo, o Brasil não pode ficar de fora das discussões acerca das mudanças climáticas e de sustentabilidade: “O agro tem que fazer parte dessa conversa e a agenda climática precisa incorporar o agro de maneira positiva. A agricultura é o único setor que tem a capacidade de sequestrar carbono. Não tem solução global para o clima se o Brasil não estiver dentro”.

Projeto +Valor

Foi lançado na conferência o projeto +Valor, que visa propor um padrão de certificação ESG para auxiliar as empresas a desenvolverem as melhores práticas ambientais, sociais e de governança.

Fruto de parceria entre a Peterson/Control Union e a DATAGRO, o +Valor tem como intuito, além de suprir a ausência de padrões com foco em ESG, impulsionar a melhoria contínua no setor sucroenergético e promover a transparência para os stakeholders.

Desenvolvido para usinas de açúcar, etanol e bioenergia, o +Valor propõe gerenciar riscos, alcançar altos níveis de integridade, controlar a cadeia de fornecimento, melhorar a produtividade e fazer com que as empresas que adotem o padrão tornem-se mais resilientes e consigam atrair e reter talentos.

Com a adesão do +Valor, as empresas terão orientação para executar as melhores práticas, com gerenciamento dos riscos do negócio, valorização da imagem reputacional, acesso a resultados setoriais e acurácia das informações.