O ganha-ganha da energia

Título verde de sucesso nos biocombustíveis, CBio alcança 100% de valorização em dois anos Um t


Edição 30 - 15.07.22

Título verde de sucesso nos biocombustíveis, CBio alcança 100% de valorização em dois anos

Um título financeiro verde, que interessa diretamente ao agronegócio brasileiro e, em especial, aos produtores de bioenergia e distribuidores de combustíveis está em franca confirmação. E com viés de alta bastante sustentado. Trata-se do CBio, criado dentro das normas do programa RenovaBio, que desde abril de 2020 é negociado na Bovespa, com cada vez maior aceitação pelo mercado. Uma unidade corresponde à economia de 1 tonelada de carbono na atmosfera, tornando-se um incentivo à produção e ao uso de combustíveis de fonte renovável como o etanol, o biodiesel, o biogás e o biometano, todos eles menos poluentes que os derivados de petróleo.

A modelagem dos CBios demandou dois anos de estudos por um grupo formado por órgãos federais do setor de energia, Agência Nacional do Petróleo e Federação Brasileira dos Bancos. Defensor de primeira hora da ideia de um título verde atrelado ao setor de combustíveis e norteado por princípios ESG, o banco Santander tornou-se pioneiro na custódia do papel e hoje detém um market share de 56% das operações.

“Acreditamos desde o primeiro momento no sucesso de um título financeiro de incentivo aos biocombustíveis e, portanto, à melhoria do meio ambiente”, afirma a superintendente do Corporate do Santander Brasil, Carol Perestrelo. “A constante valorização dos CBios, a partir de uma rápida e sólida formação de mercado, mostra que esse papel é uma contribuição direta para o fortalecimento das empresas produtoras de energia renovável e toda a cadeia produtiva do setor”, completa Carol.

Nestes dois anos de circulação, o papel experimenta uma valorização superior a 100%. Todos os grandes grupos nacionais do setor de energia e combustíveis aderiram aos CBios, num circuito em que as ofertas dos títulos pelos produtores são preenchidas pelas cotas de compras obrigatórias por parte dos distribuidores, de modo a compensar as suas emissões com a comercialização de combustíveis fósseis.

A lógica é a de melhorar as condições de comercialização dos combustíveis de fonte renovável, contribuindo para a redução do preço nas bombas, e penalizar os de matriz altamente poluente, onerados pela compra obrigatória do título. Quanto maior a comercialização de biocombustíveis, mais papéis entram em circulação à disposição dos distribuidores

“Nestes dois anos desde o início do programa, verificamos uma adesão cada vez maior por parte dos produtores e, na outra ponta, maior demanda por parte dos distribuidores, resultado das metas crescentes de descarbonização do programa”, diz Boris Gancev, gerente da Mesa de Derivativos de Commodities da Tesouraria do Santander Brasil. Para o ano de 2022, cuja a meta de descarbonização é de 35,9 milhões de toneladas, a expectativa é de um excedente de apenas 5% desse volume, um quadro mais apertado de oferta e demanda que tem motivado a alta do papel.

O banco dá assistência aos produtores e distribuidores interessados em aderir ao título. “Criou-se um círculo virtuoso e sustentado, com ampla verificação em todos os elos da cadeia, o que dá total confiança a todos os envolvidos”, atesta Mariângela Grola, especialista do Setor Sucroenergético da Tesouraria do Santander Brasil.

A partir da emissão do papel, muitas produtoras de biocombustíveis têm realizado resgates de recursos apenas dois dias após a oferta ao mercado. Nesses dois anos, os distribuidores estão se adaptando e aprendendo a repassar o custo do CBio no valor do combustível fóssil.

No início de março, o Grupo Santander anunciou a compra de 80% da WayCarbon, líder em consultoria ESG, com o objetivo de avançar ainda mais com seus clientes e parceiros em sustentabilidade ambiental. “Estamos no início de uma fase muito promissora para os títulos verdes no Brasil”, sustenta a superintendente Carol.

“O sucesso dos CBios é a base para o desenvolvimento e consolidação de um mercado que poderá ter diferentes derivativos e uma plataforma de futuros bastante competitiva”, aponta ela. “O Santander acredita em instrumentos financeiros para promover a sustentabilidade do meio ambiente e vai se manter na vanguarda desse setor fundamental para o desenvolvimento humano”, assegura a executiva.