Porteiras abertas para as caçambas

Há mais de 50 anos, o compartimento de carga das picapes é tão importante no agronegócio quanto as máquinas que preparam o solo e fazem a colheita nas plantações
Edição: 48
4 de junho de 2025

Por Mário Sérgio Venditti

A primeira picape usada no agronegócio brasileiro de que se tem notícia foi a Ford F-75, no início dos anos 1970. A partir dali, o setor nunca mais abriu mão dos veículos com caçamba. Robustos, com suspensão reforçada e a maioria dotada de tração 4×4, eles são úteis e práticos no dia a dia do campo, seja para transportar insumos e equipamentos em seu compartimento de carga, seja simplesmente para fazer a ronda das plantações nas estradas de terra. A relação de mais de cinco décadas é recíproca. O agro corteja o segmento de picapes médias e grandes e as fabricantes retribuem, com o desenvolvimento de versões especiais para as fazendas. As montadoras não escondem que o agronegócio representa a maior fatia de vendas desse tipo de veículo. Por isso, seguem investindo em estudos de novos projetos para que as picapes se tornem ainda mais eficazes em suas tarefas nas áreas rurais. Veja a seguir quais são os modelos de maior destaque no agronegócio e que são companheiros inseparáveis do produtor.

Ford Ranger e F-150

Ford Ranger – A nova geração da Ranger trouxe o maior torque da categoria e aprimoramentos em sistemas como suspensão, freios, recursos de segurança e conectividade

A fabricante que abriu as porteiras para as picapes no agronegócio jamais deixou de atender o setor. Oferecida a partir de R$ 239 mil, a Ranger é uma das picapes mais tradicionais em produção. Com espaço para levar 1.037 kg e aprimoramentos recentes em sistemas como suspensão, freios, recursos de segurança e conectividade, a Ranger atraiu mais interesse dos consumidores. Tanto que a Ford aumentou a produção anual para 70 mil unidades por ano, número 15% superior ao do ano passado. Além disso, a fabricante investiu US$ 80 milhões na planta de motores de Pacheco (Argentina), que fazem parte de um programa de US$ 660 milhões destinados à Ranger. Os resultados são mais desempenho e economia aos motores 2.0 e 3.0 turbodiesel que equipam as versões do modelo.

Ford F-150 – A Picape mais vendida do mundo recebeu melhorias no desing, serviços de assistência ao motorista e equipamentos

A irmã maior da Ranger é a F-150, simplesmente a picape mais vendida do mundo. No Brasil, ela custa R$ 545 mil e igualmente recebeu melhorias em design, serviços de assistência ao motorista e equipamentos. O poderoso motor Coyote 5.0 V8 de 405 cv, a transmissão automática de dez marchas e a tração integral compõem o pacote de equipamentos feitos sob medida para o agro.

Recentemente, a Ford lançou o conceito Tremor para suas picapes, que se diferencia pela maior capacidade off-road. “A linha Tremor dispõe de motores mais potentes, altura elevada do solo, suspensão e amortecedores especiais, ângulos de entrada e saída ampliados, pneus todo-terreno, diferencial blocante e protetores inferiores”, enumera Dennis Rossini, gerente de Marketing da Ford.

Ram 350

RAM 3500 – A marca exibe em seu portfólio quatro picapes voltadas ao agronegócio: os modelos 1500, 2500, 3500 e Rampage

Se não bastasse uma, a Ram exibe em seu portfólio quatro picapes voltadas ao agronegócio. A constelação é formada pelos modelos 1500, 2500, 3500 e Rampage. Mas a topo de linha 3500 é a queridinha do produtor rural, ao custo de R$ 550 mil. O motor 6.7 despeja 377 cv, potência que tira de letra o peso de 1.687 kg colocado na caçamba. Quem não abre mão do conforto certamente vai aprovar a cabine requintada, repleta de materiais de primeira, como madeiras nobres e couro natural. Na lista de equipamentos, destacam-se faróis full-led direcionais, estribos elétricos e amplo pacote de assistências à condução.

BYD Shark

BYD shark – A combinação dos motores a combustão e híbrido totaliza 437 cv de potência

O elenco de picapes usadas no agro já apresenta uma representante com propulsão híbrida plug-in desde outubro de 2024, a BYD Shark. O modelo importado da China custa R$ 380 mil e a combinação dos motores a combustão e híbrido totaliza 437 cv de potência. A capacidade de carga de 790 kg é inferior à média de 1.000 kg de outras picapes, mas, assim como outros automóveis da fabricante, a Shark prima pela sofisticação dos equipamentos tecnológicos, que ajudam na lida diária do fazendeiro. A lista inclui central multimídia com tela de 12,8 polegadas, câmera 360 graus, duas zonas de ar-condicionado, aquecimento dos bancos de motorista e passageiro e o sofisticado pacote de assistência ao motorista.     

Chevrolet S10 e Silverado

Chevrolet S10 – Equipada com motor turbodiesel, a versão High Torque carrega até 1.044 kg

A versão de entrada da Chevrolet S10 sai por R$ 264 mil. No entanto, a configuração High Torque (R$ 324 mil) é a mais valente para o agronegócio, devido ao nível elevado de recursos tecnológicos. Equipada com motor turbodiesel 2.8 de 207 cv de potência, a High Torque carrega até 1.044 kg na caçamba e leva os passageiros com muito conforto mesmo em caminhos off-road irregulares. Entre os itens de série, ela traz alerta de ponto cego, controle automático de velocidade e sistema de auxílio de emergência OnStar.

Silverado – O motorzão 5.3 a gasolina desenvolve 360 cv e leva o veículo a 180 km/h

Se preferir uma picape Chevrolet ainda mais vigorosa, o profissional do agronegócio pode optar pela Silverado, também na versão High Torque. O motorzão 5.3 a gasolina desenvolve 360 cv e leva o veículo a 180 km/h. A tampa da caçamba pode ser aberta por um botão na cabine e é possível acionar uma escada para subir no compartimento mais facilmente. Apesar dos dispositivos de segurança e conforto e das dimensões superlativas – 5,91 metros de comprimento, 2,06 m de largura, 1,94 m de altura e 3,74 m de distância entre-eixos –, a Silverado não tem caçamba tão generosa, sendo capaz de levar 716 kg.

Fiat Titano

Fiat Titano – Os itens de série reúnem central multimídia, alerta de posição do volante, câmera e assistência ao motorista

Depois do sucesso da picape intermediária Toro no mercado nacional, a Fiat avançou no segmento das médias com o lançamento da Titano, que mede 5,33 metros de comprimento, 1,96 m de largura, 1,86 m de altura e 3,18 m de distância entre-eixos. E não para por aí: o ângulo de entrada é de 29° e o de saída é de 27°. O vão da caçamba é capaz de receber 1.020 kg de carga. O motor 2.2 entrega 180 cv e permite que a Titano alcance 175 km/h. Não se trata de um desempenho primoroso, mas, seguramente, essa não é a prioridade de quem usa o carro nas propriedades. Por dentro, ela é bastante prática, com porta-objetos que somam 27 litros e divididos de forma inteligente para ajudar o motorista. Os itens de série reúnem central multimídia de 10 polegadas, alerta de posição do volante, câmera 360 graus e dispositivos de assistência ao motorista, como alerta de mudança involuntária de faixa.

JAC Hunter

Jac Hunter – O porte imponente proporciona um verdadeiro latifúndio para os passageiros do agronegócio se acomodarem

A estratégia atual da JAC Motors é oferecer veículos elétricos no Brasil, mas abriu uma exceção com a Hunter, impulsionada pelo motor 2.0 turbodiesel. “Ao preço de R$ 250 mil, ela tem enorme potencial no agro, porque entrega o que o produtor rural precisa: força, resistência e confiabilidade”, diz Thais Grigaitis, gerente de Marketing da marca. A Hunter ostenta a maior capacidade de carga do segmento, com 1.400 kg. O porte imponente – 5,33 metros de comprimento, 1,97 m de largura, 1,92 m de altura e 3,11 m de distância entre-eixos – proporciona um verdadeiro latifúndio para os passageiros se acomodarem. A tração 4×4 assegura desempenho superior em terrenos irregulares, enquanto os seis airbags e a classificação máxima nas avaliações de segurança reforçam a integridade dos ocupantes.

Mitsubishi Triton

Mitsubish Triton – Um de seus diferenciais são os sete modos de direção em pisos distintos: normal, eco, cascalho, neve, lama, areia e pedra

A sexta geração da Mitsubishi Triton é produzida em Catalão (GO), região estratégica do agronegócio brasileiro. Entretanto, ela é recheada de tecnologia japonesa. A carroceria da nova Triton passa a imagem de bravura, com grade frontal larga e para-choque com design agressivo. Com motor 2.4 diesel de 205 cv e compartimento de carga de 1.050 kg, a Triton é vendida nas concessionárias a partir de R$ 247 mil e um de seus diferenciais são os sete modos de direção (nem todos usados pelo motorista) em pisos distintos: normal, eco, cascalho, neve, lama, areia e pedra.

Nissan Frontier

Frontier Nissan – Seu motor 2.3 turbodiesel e a tração 4×4 entregam bom desempenho para o campo

Em 2026, a Nissan Frontier passará por reestilização com direito à incorporação de mais tecnologia. Enquanto isso não acontece, ela continua sendo uma ótima opção para o agronegócio. Com valor de entrada de R$ 249 mil, a Frontier possui motor 2.3 turbodiesel e tração 4×4, funcionalidade importante para terrenos acidentados. Com caçamba para 1.043 kg, o modelo também agrega assistentes de controle em subidas e descidas, piloto automático e câmera de ré para estacionamento. Outra novidade anunciada pela fabricante é a Frontier Pro, variação híbrida que deverá estrear no mercado asiático no fim do ano. A Nissan ainda não confirmou se ela virá ao Brasil.

Toyota Hilux

Toyota Hilux – A Picape média mais venida do país tem versões a partir de R$255 mil

A Toyota Hilux é a picape média mais vendida do País. Mesmo assim, a fabricante quer torná-la ainda mais atraente para o agronegócio. A inovação mais recente foi apresentada no Agrishow deste ano: o protótipo movido a biometano, criado para ajudar na agenda de descarbonização da subsidiária da marca japonesa. Derivado do biogás, produzido a partir de materiais orgânicos como a cana-de-açúcar, o biometano pode ser gerado pelo trabalho de biodigestores – equipamento de tratamento de resíduos orgânicos – em áreas rurais ou nas usinas. Quando entrar em produção, ela vai se juntar às outras versões da Hilux, que partem de R$ 255 mil. O motor 2.8 mostra força e valentia para transportar até 1.000 kg de carga.

Volkswagen Amarok

Volskwagem Amarok – As três versões da Amarok são impulsionadas pelo forte motor 3.0 V6, de 258cv

Parece estranho, mas a Volkswagen Amarok tem um pouco – ou muito – da concorrente Ranger. Afinal, ela adota a mesma plataforma da picape da Ford. Esse compartilhamento, porém, ainda não chegou ao Brasil. Apesar das atualizações recebidas no ano passado, o veículo da VW segue com a plataforma anterior. E, diga-se, é digna de o fazendeiro tirar seu chapéu de caubói. As três versões da Amarok – vendidas a partir de R$ 314 mil – são impulsionadas pelo forte motor 3.0 V6, de 258 cv, associado à transmissão automática de oito marchas. A carga útil de 1.104 kg comporta muitos utensílios empregados nas lavouras. O fazendeiro a bordo da Amarok tem à disposição piloto automático, sensor crepuscular, computador de bordo e central multimídia de 9 polegadas. Além das caçambas, é impossível falar das picapes do agronegócio sem mencionar o nível de tecnologia, atributo extra exigido pelos produtores. Muito diferente dos veículos mais rústicos de 50 anos atrás – uma trajetória que teve a Ford F-75 como pioneira.

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