O combustível que impulsiona a reindustrialização

Avanços no etanol de cana e milho, modernização de plantas e investimentos bilionários colocam o setor bioenergético no centro da retomada industrial do País – com destaque para a região Centro-Oeste
Edição: 48
28 de maio de 2025

por Lucas Bresser

Um poderoso movimento de reindustrialização tem ganhado cada vez mais força graças ao setor de bioenergia brasileiro – com especial destaque para o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar e do milho. Na esteira de avanços tecnológicos que permitem inéditos níveis de produtividade e de uma demanda cada vez maior por energia limpa, os grandes players fazem investimentos bilionários em novas usinas e unidades de processamento, na modernização de plantas existentes e na criação de centros de pesquisa e desenvolvimento. Essa realidade é especialmente notável no Centro-Oeste, uma das áreas que mais avançam na produção do biocombustível. Segundo dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA-Empresa), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2012 e 2022 a região apresentou um crescimento de 73% no valor adicionado bruto (VAB, ou aquilo que cada setor agrega ao total da produção) da indústria de transformação, mais que o dobro da média nacional no período. No Sudeste, berço da indústria sucroenergética, o avanço foi de 27%, com destaque para São Paulo, estado que abriga as maiores companhias produtoras de etanol de cana.

O Centro-Oeste também viu na produção de etanol de milho um dos caminhos para consolidar a presença no mapa industrial brasileiro, chegando em 2022 a 6% de participação no valor de transformação industrial (VTI), indicador que reflete a força da atividade industrial e a capacidade das empresas de agregar valor aos seus produtos. Embora ainda distante do Sudeste, que concentra 61% do VTI, o Centro-Oeste se destaca como a região com o maior crescimento industrial neste início de século 21, acumulando expansão de 173% entre 1996 e 2022 (veja quadro). O crescimento do setor não se dá apenas nos indicadores econômicos, mas também na ampliação da base industrial. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que, a partir de 2010, o número de estabelecimentos industriais de fabricação de biocombustíveis cresceu 38%, refletindo o aumento da complexidade e da sofisticação da cadeia produtiva envolvida. “Temos visto volumosos investimentos em novas tecnologias nas fábricas e nas áreas agrícolas visando não somente a automatização dos controles dos processos e dos equipamentos, mas também sistemas mais complexos de monitoramento e otimização”, afirma Paulo Ziccardi, diretor de Agronegócios da consultoria Accenture. “O resultado é o aumento da eficiência e produtividade tanto em nível industrial como agrícola.”

Empresas como Raízen, Atvos, São Martinho, Tereos e FS têm liderado o movimento de modernização industrial. A Raízen, maior produtora de etanol de cana do Brasil, investiu mais de R$ 2,5 bilhões entre 2020 e 2023 na expansão e modernização de suas unidades industriais. Além disso, a empresa tem apostado fortemente na produção de etanol de segunda geração (E2G), com sua planta em Piracicaba (SP) sendo considerada uma das mais modernas do mundo. O reaproveitamento do bagaço de cana para o E2G resulta em um incremento de até 50% na produção, sem a necessidade de expandir a área de plantio, além de apresentar redução de até 30% nas emissões de gases de efeito estufa em comparação com o etanol tradicional. A Raízen estima que terá 20 usinas de E2G em operação até 2030, fruto de investimentos de cerca de R$ 24 bilhões. Isso deverá elevar a produção de etanol celulósico da empresa para mais de 1 bilhão de litros por ano.

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), o Brasil tem potencial para produzir até 8 bilhões de litros de etanol de segunda geração até 2030, o que representa uma oportunidade única de liderança global em biocombustíveis avançados. Estudos da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) também indicam que o setor poderá gerar até 45 mil empregos diretos com a expansão do E2G, além de atrair investimentos da ordem de R$ 40 bilhões.

Esse potencial se soma aos já vultosos investimentos vistos no setor como um todo. Recentemente, a Atvos, sob a gestão do fundo soberano Mubadala Capital, realizou o maior aporte de sua história, totalizando R$ 4,6 bilhões entre 2023 e 2025. O objetivo é aumentar a capacidade de moagem em 30%, passando de 30 milhões para cerca de 40 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra. Além disso, a empresa busca modernizar suas operações por meio da transformação digital, firmando parcerias com hubs de inovação como o PwC AgTech Innovation, em Piracicaba (SP), e o Área 51, em Ribeirão Preto (SP). A Atvos também investiu na agtech BemAgro, especializada em processamento de dados e relatórios agronômicos, participando de uma rodada de R$ 15 milhões de investimentos.

Hoje, a Atvos tem oito unidades agroindustriais distribuídas nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo. Juntas, essas plantas produzem aproximadamente 2,5 bilhões de litros de etanol por ano, incluindo etanol hidratado, utilizado diretamente nos veículos flex, e etanol anidro, que é misturado à gasolina. Além da produção de biocombustível, a empresa também gera cerca de 3,4 milhões de MWh de energia elétrica renovável por ano, a partir da biomassa da cana-de-açúcar. Nos últimos anos, a companhia ainda vem protagonizando importantes investimentos paralelos, como a construção de sua primeira unidade de biometano, em Nova Alvorada do Sul (MS), com aporte superior a R$ 300 milhões e capacidade para produzir 28 milhões de metros cúbicos de biometano por safra.

A Tereos, com forte presença no noroeste paulista, também investiu recentemente R$ 350 milhões na ampliação de sua capacidade de produção e na automação de processos. A empresa opera seis unidades industriais no estado de São Paulo, todas dedicadas à produção de açúcar, etanol e energia elétrica a partir da cana. Na safra 2023/24, essas unidades processaram um total de 21,1 milhões de toneladas de matéria-prima, resultando na produção de 580 milhões de litros de etanol. A companhia, a exemplo de outros grandes players do setor, desenvolve projetos de cogeração de energia elétrica a partir da biomassa, produzindo excedentes que são vendidos ao sistema elétrico nacional e contribuindo para a diversificação da matriz energética.

Segundo Everton Carpanezi, diretor de Operações Agroindustriais da Tereos, a transformação digital na empresa começou em 2016. Atualmente, a companhia utiliza tecnologias como inteligência artificial, big data, advanced analytics e internet das coisas (IoT) para otimizar suas operações. Entre os principais investimentos, destacam-se projetos de digitalização e automação industrial, com sistemas de monitoramento em tempo real, análises preditivas e controle automatizado. O grupo também vem utilizando robôs com inteligência artificial, capazes de detectar e combater plantas daninhas em estágios iniciais, para aplicar insumos de forma precisa e antecipada. A Tereos ainda investe em controle biológico por drones, usando aeronaves autônomas para aplicar agentes biológicos eficazes contra a broca, e no monitoramento do canavial por aviões equipados com câmeras de alta resolução, que sobrevoam 240 mil hectares por ano. As imagens obtidas são processadas com inteligência artificial para identificar plantas daninhas.

“O avanço das novas tecnologias no setor sucroenergético permite que as empresas tomem decisões de forma mais rápida e assertiva, além de possibilitar o investimento em soluções para otimizar processos”, diz Carpanezi. “Com a inteligência artificial é possível, por exemplo, monitorar o desenvolvimento da cana, analisar dados climáticos, detectar anomalias no canavial e aumentar a eficiência de equipamentos agrícolas.” O executivo também destaca os avanços em biotecnologia, que permitem investir em variedades de cana mais resistentes ou desenvolver novos insumos biológicos visando aumentar a produtividade e sustentabilidade.

Ainda no interior de São Paulo, a São Martinho inaugurou um novo centro de pesquisa em tecnologia agrícola e industrial em Pradópolis (SP), com foco em tecnologias 4.0. O centro integra inovações como IoT, automação de campo, análise de dados e aplicação de robótica no processamento industrial da cana. “Temos avançado significativamente com a adoção de soluções como instrumentação inteligente, sensoriamento físico e virtual, gêmeos digitais, sistemas de controle de processos e controle avançado, Real-Time Optimization (RTO) e ferramentas de analytics voltadas à autonomia operacional, além da eficiência energética e hídrica, pilares fundamentais da nossa estratégia de sustentabilidade”, afirma Alessandro Freitas Soares, gerente de Novos Negócios, Relações com Investidores e Comunicação Externa da São Martinho. “Em nossa fronteira de inovação, destacam-se o uso de bacteriófagos no manejo biológico e o desenvolvimento de leveduras cisgênicas, tecnologias promissoras que elevam a performance industrial e contribuem para uma produção mais limpa e eficiente.”

Apenas na safra 2022/23, a São Martinho investiu cerca de R$ 700 milhões em modernização e expansão, com destaque para a implantação de uma usina de etanol de milho em Goiás. O grupo também aplicou mais de R$ 200 milhões em projetos de melhoria operacional, o que representa aumento de 26,7% em relação ao período anterior. De acordo com a empresa, a incorporação de tecnologias emergentes tem sido determinante para o aumento da competitividade e o fortalecimento da sustentabilidade no setor sucroenergético. “A aplicação de inteligência artificial, automação agrícola e biotecnologia tem gerado ganhos expressivos de eficiência operacional, maior controle de custos e uma significativa redução da intensidade de carbono dos nossos produtos”, diz Soares. “Esses avanços estão alinhados ao modelo de economia circular que adotamos, com praticamente 100% dos resíduos sendo reaproveitados no processo produtivo.”

A nova era da indústria do etanol coloca o Brasil em posição privilegiada para suprir a crescente demanda pelo produto em países desenvolvidos, que valorizam especialmente o aspecto sustentável do combustível. Recentemente, a Unica e o Instituto de Economia da Energia do Japão (IEEJ) assinaram um memorando para ampliar a colaboração técnica entre os países na área de biocombustíveis sustentáveis. A nação asiática pretende elevar a mistura de etanol na gasolina para 10% até 2030. “O Japão quer descarbonizar e o etanol brasileiro é a melhor solução para isso”, disse o presidente da Unica, Evandro Gussi. O executivo também ressaltou que o etanol do Brasil pode ser utilizado além do setor automotivo, especialmente no transporte marítimo e aéreo, com destaque para a produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF). Atualmente, o Japão consome 1,5 bilhão de litros de etanol e pode aumentar ainda mais a mistura na gasolina, para 20%, até 2040. No setor aéreo, há uma meta de uso de 10% de SAF em voos internacionais até 2030, o que demandará 1,7 bilhão de litros, majoritariamente derivados de etanol. “Para atender essa necessidade, seriam necessários aproximadamente 2,38 bilhões de litros de etanol por ano”, disse o presidente da Unica.

Atualmente, a maior parte da produção nacional se concentra no Sudeste. O Centro-Oeste, no entanto, também está na vanguarda do setor. O etanol de milho tem se consolidado como um dos pilares da nova industrialização da região. A FS, maior produtora de etanol de milho do País, é o grande expoente desse movimento. Com quatro usinas em operação e planos de expansão para novas unidades, a companhia investiu mais de R$ 3 bilhões na última década. A planta da FS em Lucas do Rio Verde (MT) é uma das maiores e mais modernas da América Latina. Ela tem capacidade de produzir cerca de 530 milhões de litros de etanol por ano, além de gerar 135 GWh de energia elétrica a partir da biomassa de milho. As usinas da FS também produzem óleo de milho e DDG, insumo proteico utilizado na alimentação animal. Essa integração contribui para desenvolver a pecuária regional e diminuir a dependência de produtos importados. Recentemente, a companhia ainda firmou parcerias com universidades e centros de pesquisa para desenvolver novas tecnologias de fermentação e reaproveitamento de subprodutos. Em 2022, a FS também anunciou a criação de um centro de inovação em Sorriso (MT), com foco em pesquisa aplicada e formação de talentos para o setor bioenergético.

Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a produção de etanol de milho no estado cresceu 483% entre 2018 e 2023, passando de 775 milhões de litros para mais de 4,5 bilhões de litros anuais. O avanço acelerado tem demandado mais infraestrutura, mão de obra qualificada e equipamentos, o que vem atraindo indústrias de máquinas, metalúrgicas e fornecedores de tecnologia para a região. Só no Mato Grosso, o número de estabelecimentos industriais voltados à transformação de produtos do milho cresceu 112% na última década, de acordo com o IBGE.

Além da FS, outras empresas vêm ampliando sua atuação. A Inpasa estabeleceu em 2023 uma nova unidade em Sinop (MT), com capacidade para produzir 540 milhões de litros de etanol por ano. Juntas, as usinas de etanol de milho do Centro-Oeste deverão ultrapassar a marca de 10 bilhões de litros produzidos por ano até 2026, consolidando a região como principal polo brasileiro do biocombustível. Do total de etanol produzido no Brasil em 2024, 7,7 bilhões de litros (21%) tiveram o milho como matéria-prima, um aumento de 32,8% em comparação com 2023.

Para Guilherme Nolasco, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), a evolução na produtividade industrial posiciona o País como referência internacional. Dados da entidade mostram que, enquanto a produção média dos Estados Unidos varia entre 420 e 430 litros de etanol por tonelada de milho processada, no Brasil esse indicador está em 447,72 l/t, com as usinas do Mato Grosso do Sul produzindo com eficiência média de 455,88 l/t. “A diferença reflete os investimentos em tecnologia de ponta, enquanto parte do parque tecnológico americano trabalha com instalações que não passaram por um processo de atualização”, afirma Nolasco. “Mesmo um leigo, ao visitar hoje as usinas de etanol de milho, pode perceber que elas apresentam alto nível de automação. Basta ver a grande quantidade de telas nos centros de operações, que monitoram de maneira automática os processos e fluxos, usando inclusive sensores para monitoramento preditivo.”

Segundo os especialistas consultados por PLANT PROJECT, o processo de modernização industrial do setor segue forte – e ainda há espaço para muitos avanços. “Cada vez mais iremos ver equipamentos e processos sendo operados por sistemas, com grande autonomia, e operadores muito bem treinados para lidar com as novas tecnologias”, afirma Paulo Ziccardi, da Accenture. “Caminhamos bastante em termos de ganhos de produtividade e eficiência, mas há muito espaço para atingirmos novos patamares em ambos, sobretudo pelo maior uso dos dados disponíveis e das correlações entre informações de diversas fontes.”

A incorporação de inteligência artificial é parte desses investimentos. Para extrair o máximo das tecnologias, no entanto, as indústrias ainda precisam superar alguns desafios. Um deles tem a ver com a disponibilidade de redes e infraestruturas de comunicação com capacidade adequada aos volumes de dados, sobretudo no campo e em locais distantes. “Outro obstáculo ainda é a baixa capacidade de integrar as diversas fontes de dados, realizar análises para entendê-los e extrair insights aplicáveis na indústria e no campo”, diz Ziccardi.

Além disso, o Brasil precisa superar o gargalo histórico da formação de mão de obra qualificada. Apesar de o setor já operar com profissionais de alto desempenho, há um déficit de “novos cérebros” disponíveis para acompanhar o ritmo de inovação e digitalização das usinas. “As tecnologias estão avançando rapidamente – IA, automação, biotecnologia –, mas o ritmo de formação de profissionais técnicos e engenheiros capazes de dominá-las e aplicá-las ainda não acompanha a demanda”, diz Nolasco, da Unem. “A superação desse desafio passa por parcerias com universidades, programas de capacitação continuada, formação prática e teórica e uma estratégia de longo prazo de retenção de talentos.”

As empresas vêm investindo para tentar reduzir o tamanho desses obstáculos. A Tereos, em parceria com Embratel, Claro e Sol, criou um projeto para ampliar a conectividade no campo por meio da instalação de múltiplas antenas. A companhia também realiza cursos de capacitação para moradores das regiões onde atua, visando desenvolver habilidades e ampliar mão de obra qualificada nesses locais. “Além disso, estamos sempre avaliando oportunidades para investir em tecnologias que possam otimizar nossas operações e manter eficiência e competitividade”, diz Everton Carpanezi.

Outro desafio, segundo representantes do setor, tem a ver com as políticas públicas. “Para ampliar o impacto positivo dessas tecnologias e acelerar a transição para uma economia de baixo carbono, é fundamental fortalecer e expandir programas de fomento ao uso de fontes renováveis, como o RenovaBio e o Combustível do Futuro”, diz Soares, da São Martinho. “Tais iniciativas são essenciais para criar um ambiente regulatório estável e atrativo, que incentive investimentos em inovação e aumente a competitividade de produtos renováveis frente às alternativas fósseis.”

Mesmo assim, a sinergia entre agronegócio e plantas de produção, simbolizada pela evolução do setor bioenergético, reforça uma tendência irreversível: a reindustrialização brasileira passa pela bioeconomia. As usinas de etanol, cada vez mais automatizadas e integradas a centros de pesquisa, funcionam como hubs industriais capazes de irradiar desenvolvimento regional. Dados da CNI apontam que, para cada R$ 1 milhão investido em biocombustíveis, são gerados cerca de 35 empregos diretos e indiretos. Com os investimentos acumulados apenas no setor de etanol ultrapassando os R$ 20 bilhões na última década, a contribuição para a indústria nacional é inquestionável. Mais do que combustível, o etanol se torna elemento-chave de uma política industrial que alia sustentabilidade, tecnologia e valor agregado. 

Mudança no mapa econômico

A contribuição de cada região para a produção industrial brasileira

Sudeste
1996: 68,4%
2022: 61%
– 11%

Sul
1996: 17,4%
2022: 18,1%
+ 4%

Nordeste
1996: 7,5%
2022: 9,1%
+ 21%

Centro-Oeste
1996: 2,2%
2022: 6%
+ 173%

Norte
1996: 4,5%
2022: 5,8%
+ 29%

Fonte: IBGE

Porteiras abertas para as caçambas

Há mais de 50 anos, o compartimento de carga das picapes é tão importante no agronegócio quanto as máquinas que preparam o solo e fazem a colheita nas plantações

A revolução dos biológicos

Especializada em bioinsumos, Valloura avança no setor sucroenergético com a expansão de novas tecnologias em fertilizantes verdes

O combustível que impulsiona a reindustrialização

Avanços no etanol de cana e milho, modernização de plantas e investimentos bilionários colocam o setor bioenergético no centro da retomada industrial do País – com destaque para a região Centro-Oeste

newsletter

Inscreva-se para receber nossas novidades.