Plant Talks com Paulo Sousa

Por Luiz Fernando Sá O zootecnista Paulo Sousa usa uma ampulheta como analogia para explicar o pape


Edição 22 - 30.11.20

Patrocínio: SAP

Por Luiz Fernando Sá

O zootecnista Paulo Sousa usa uma ampulheta como analogia para explicar o papel da Cargill – empresa que lidera no Brasil há apenas um ano – e de suas concorrentes no complexo cenário da produção de alimentos. Segundo ele, gigantes globais como a companhia americana, responsáveis por grande parte do comércio internacional de commodities agrícolas, são como aquela parte estreita que regula a passagem de areia de uma metade para a outra do objeto. Uma dessas metades representaria o mercado consumidor. A outra, a cadeia produtiva. Entre elas, cabe às traders a função de filtrar e moderar informações, pressões e tendências, buscando soluções possíveis entre dois universos com interesses muitas vezes conflitantes. Não é uma posição corriqueira, sobretudo em uma conjuntura em que os debates são cada vez mais acalorados em questões como rastreabilidade e sustentabilidade da produção agrícola, modelos de comercialização e crescente digitalização dos negócios. Nessa entrevista para a série PLANT TALKS, ele fala abertamente sobre todas elas e aponta os desafios de sua gestão. Confira, a seguir, os principais trechos.

As traders enfrentam desafios em função de cenários de digitalização, de pressões referentes a questões de sustentabilidade dos fornecedores e da produção. Então, a ideia é começar justamente falando dos principais desafios que você encara nesses primeiros meses no comando da Cargill e que serão relevantes para o restante da sua gestão.

De certa forma são os temas que você ressaltou aqui e eu anotei. Vou falar um pouco da empresa para contextualizar e depois podemos entrar em cada ponto. A Cargill é uma empresa que tem 155 anos de existência. É a maior empresa de capital fechado do mundo. Estamos aqui no Brasil há 55 anos. Aqui há dois fatores relevantes. Uma empresa muito tradicional. A família é presente no conselho. Ela não está presente em cargos executivos. Todo o gerenciamento do dia a dia dela é 100% profissional, tanto obviamente na matriz como aqui no Brasil. Temos um board composto de, mais ou menos meio a meio, conselheiros externos e pessoas que são acionistas da família.

Isso, em si, já é um fato excepcional. Ter uma família no comando há tanto tempo, ainda que hoje esteja no conselho, uma empresa familiar com essa longevidade, mantendo o sobrenome é incrível, demonstra uma fortaleza da companhia…

Exatamente. É um diferencial da Cargill. Isso traz uma agilidade de decisão forte. E ela não é gerenciada por quarters, não é focada em resultado trimestral. As empresas de capital aberto, principalmente nos Estados Unidos, têm muito esse foco de estar preocupado sempre com sua próxima declaração de resultados por trimestre. Os acionistas da Cargill, a empresa como um todo tem um foco muito grande de longo prazo. A maior parte dos nossos resultados é sempre reinvestida. Tem uma cultura dos acionistas da Cargill de grande peso em reinvestimento nos lucros na atividade. A empresa vem crescendo de uma maneira bastante sustentável pelas últimas décadas. Estamos há 55 anos no Brasil, isso nos traz um conforto de lidar com as nossas idiossincrasias. Praticamente toda gestão aqui é feita por brasileiros ou por sul-americanos e estamos acostumados com esses solavancos que às vezes acontecem aqui abaixo do Equador. Existe um comprometimento muito grande com o Brasil, onde está a terceira maior operação global da Cargill. Éramos segundo até passado recente, por conta do nosso tamanho na China que era grande, mas não proporcional ao tamanho do mercado chinês. A Cargill na China tem crescido nos últimos anos e acabou crescendo mais rápido do que a gente. É sempre bonito falar que é o segundo maior, mas eu prefiro ser o terceiro maior, sendo que o segundo é a China, que é um grande comprador dos produtos que o Brasil exporta, do que me gabar de ser o segundo e ter dificuldade de acessar o mercado Chinês.

O crescimento lá garante resultado aqui, não é?

Resultado aqui e crescimento aqui também. Se olhar até expandindo fora da Cargill, o que a agricultura brasileira cresceu nos últimos 20 anos foi quase par e passo com o crescimento da economia chinesa. A China é um grande comprador, de praticamente todas as commodities brasileiras, e nosso crescimento é bem conectado. Eu diria que há um cordão umbilical ligando nosso crescimento aqui, setor exportador dos commodities brasileiras, com o mercado brasileiro para o mercado chinês. 

Como é a disputa por investimentos para o Brasil dentro de um cenário de empresa global?

Na hora de discutir investimentos você tem que criar disputas por investimentos. Eventualmente nós temos aqui na região uma visão, uma proposta. Só que, claro, a empresa toma decisões de caráter global. Não necessariamente o nosso empreendimento aqui pode ser o que traz o melhor retorno para o capital do acionista ou o melhor alinhamento estratégico para a visão de futuro da empresa. Às vezes isso é meio frustrante. Comparada aos nossos concorrentes, a Cargill é muito mais diversa, tem um portifólio de produtos e de mercados bem mais amplo que os demais. Então às vezes tem aquela dor de cotovelo: “Ah, meu concorrente consegue investir nisso aqui para nós, às vezes é um processo um pouco mais completo, ou tem outras coisas na frente!”. O lado bom é que essa própria diversidade de portifólio nos protege. Nesse passado recente, em que o setor de trading mesmo ou o setor exportador agrícola esteve meio sobre pressão, o nosso portifólio global manteve os resultados da empresa no nível esperado pelos acionistas, e sem maiores solavancos. De novo, o principal desafio é a disputa por investimento, que é uma disputa muito saudável sobre o ponto de vista dos acionistas. Ainda mais quando se entra agora em termos mais de assuntos polarizantes como sustentabilidade. Essa é uma dificuldade de uma empresa global. Não acho que é um problema, mas é uma dificuldade.

Por quê? 

Deixa eu dar um exemplo. Se você é uma empresa 100% brasileira, daqui do Brasil você exporta para o mundo, você está ouvindo feedback dos seus clientes, mas você está aqui e pensa: “Meu negócio é ser competitivo no Brasil”. Apesar de ser uma empresa que exporta para o mundo, vai ter um olhar bem local. Quando sua empresa é global de verdade, tem fábricas sua nos países de destino, aqueles que recebem as exportações de um país como o Brasil, tem quartel general em um país que não recebe exportação brasileira mas coordena todo mundo, e você está aqui no Brasil, inserido nesse ambiente, vira um balaio de gatos. Tem a pressão, muito forte às vezes, de grupos de consumidores, grupos de clientes, de ONGs em cima de um fluxo que, para nós no Brasil, parece uma coisa totalmente absurda ou totalmente distorcida, e a verdade não está nem conosco e nem com eles. Fica uma situação meio conflitante para achar qual caminho seguir. De novo, também é uma característica da empresa global. Acho que o lado positivo dessa dificuldade é que acabam surgindo soluções bem mais balanceadas, bem mais equilibradas entre países de origem e países de destino. 

Uma questão como essa de sustentabilidade pode ser um fator de desequilíbrio na disputa interna por investimentos? 

Sim, tem peso. Nós já deixamos de fazer investimento aqui no Brasil por conta da falta de clareza, dessa visão em relação ao quão sustentável é o futuro daquele negócio específico. Uma aquisição que não aconteceu por conta de incertezas de como ela ia se adequar aos nossos compromissos globais de sustentabilidade. O negócio acabou saindo por outro lado, mas para nós foi um problema pela nossa falta de sincronia ou de capacidade de chegar a um denominador comum. Aí, creio, é falha nossa, como Brasil, de vender melhor a história. Falha também do lado da demanda de melhor caracterizar o problema, melhor definir: “Olha, o nosso problema é esse. Soluciona esse problema que a coisa vai!”. Esse foi um caso que serviu como uma lição para nós, de que primeiro o problema tinha que estar muito bem descrito, senão você acaba dispersando energia ou perde tempo para solucionar coisas que não são o real entrave. Aprendemos de maneira dura que temos que ser um pouco mais ágeis. Muitas vezes não dá para esperar ter todos os pontos de dúvida para serem corrigidos com investimento. Bem relevante também é a visão que criamos depois de um tempo de que as cadeias de suprimentos serão melhores com a nossa presença. Temos clientes globais ou mesmo locais que têm interesses e veem valor que a Cargill participe. Depois que conseguimos adequar essa filosofia e colocá-la em prática, se tornou bem mais fácil. É uma coisa que a gente tem que zelar. Nossos clientes que aplaudem nossa participação, então essa questão já está um pouco mais domesticada, um pouco mais pacificada.

“Já deixamos de fazer investimento aqui no Brasil por conta da falta de clareza, dessa visão em relação ao quão sustentável é o futuro daquele negócio específico.”

Qual é o papel de uma empresa como a Cargill na melhoria desse ambiente de negócios? Digo ambiente em vários sentidos, na questão ambiental com a produção responsável pelos seus fornecedores e também no ambiente de mercado, com políticas que valorizem os produtores que investem para se tornar sustentáveis e agir dentro das melhores práticas socioambientais.

Vamos dividir as duas perguntas, que são bem boas, bem relevantes. Enquanto você estava falando eu estava buscando uma coisa na minha mesa aqui. Tem um brinde nosso antigo aqui, está bem velhinho, é uma ampulheta. Esse setor que nós estamos, podemos generalizar como trading, é como esse gargalo (mostra a parte mais estreita no centro da ampulheta). Na parte de cima você tem o mercado dos consumidores e aqui (na outra ponta) você tem o lado da oferta, a produção, agricultores. Nosso papel está aqui, fazer a conexão entre esses dois. Então o que acontece? Para você conseguir fazer uma alteração na parte de cima é um grau de energia grande que tem de gastar, porque é muita cosia, muita massa. Na parte de baixo também, boa sorte. Se for conectar, por exemplo, todos os produtores sobre alterações de tecnologia ou de uso da terra, vai ser um belo trabalho, mas um trabalho hercúleo. E o Hércules não está mais entre nós. Então é meio difícil de fazer. Agora, se você vem aqui no gargalo e consegue acertar de modo que nesse filtro só passe aquilo que esteja de acordo com o que a parte de cima quer, e vice-versa, tem que passar por nós e ir usando as ferramentas de mercado para que uma das partes sinta o interesse e a necessidade de agradar, por assim dizer, a outra parte. Então, o primeiro ponto é que as traders são a conexão entre o mercado de destino e o mercado de origem, entre o ponto de produção e o ponto de consumo. É o papel natural nosso transmitir de um lado e de outro o que querem e o que dá para ser feito, trazer e equilibrar as equações. Esse é o principal papel, social e econômico, das empresas globais de distribuição de elementos. Também existe aí um papel nosso de alertar governos e outros stakeholders, outros influenciadores, sobre o que está acontecendo e o que pode acontecer. Indo para outra parte da pergunta, como fazer com que os produtores estão na frente, estão em um caminho melhor, tenham benefício… Nós já temos um caso sucesso que é a soja 3S, nosso programa de soja sustentável, soja em grão mesmo produzida de maneira sustentável que enviamos para a Europa. É um mercado com um pouco de nicho, mas paga um prêmio para o produtor que se enquadra nesse programa.

Você saberia dizer quantos produtores estão envolvidos nesse projeto?

Não sei te precisar o número, mas é bem pulverizado (são mais de 100 produtores e 170 propriedades, em seis estados). Esse é um sistema que chega a remuneração para frente. Isso eu diria que é um grande desafio que nós temos na sustentabilidade da cadeia da soja hoje, principalmente no que se refere ao desmatamento, que é o grande ponto de dor. Como beneficiar, como existe o curso de oportunidade para o produtor rural? Se ele tem terra em bioma natural que pode ser convertida legalmente na agricultura, por que ele vai deixar de fazer? “Ah não, tem que ir em cima de área de passagem degradada”, essa é a resposta que a gente escuta mil vezes por dia. Legal. Mas e se você não tem área degradada na sua propriedade? Para o produtor, normalmente é muito mais barato ir em cima de área degradada do que fazer conversão de bioma natural para a agricultura. Mas uma vez que você se esgotou área degradada, você tem um cerrado nativo que está totalmente dentro do código florestal, vai deixar de fazer? Vai comprar outra área degradada? Vai vender as áreas nativas que tem para comprar degradada porque é mais bem aceita? E quem comprar a área nativa vai fazer o quê? Vai derrubar igual! Esse sistema só vai ser corrigido quando houver uma maneira de compensar o produtor por serviços ambientais, que é algo que infelizmente tem muita conversa, o que é bom, mas ainda vejo pouco tutano aí nessa conversa. Acho que ainda tem que amadurecer um pouco mais. Uma das discussões que tem acontecido é o pagamento para manutenção de carbono. Seria aplicável com certeza para o Bioma Amazônico. Para o Cerrado seria um pouco mais complicado, pelo menor volume de carbono armazenado, por assim dizer. Então é um dos dilemas de como monetizar para o produtor que está aliado nas melhores práticas de sustentabilidade e também de conservacionismo. Até agora o mercado ainda não logrou em chegar com a solução.

A gente vê um avanço muito maior no mercado, por exemplo de crédito carbono, e outras indústrias, como a de energia, em que o volume de créditos comercializado é enorme. Na agricultura ainda não é assim. Isso demonstra que a agricultura não consegue mensurar efetivamente o ganho do que tem no sequestro de carbono ou mesmo na manutenção do carbono?

Acho que tem setores e setores. Vamos olhar o setor de açúcar e etanol e o que está acontecendo já com os CBIOS. Começou agora, mas está indo bem, dá ânimo. Agora vamos colocar outros os setores da nossa agricultura soja, milho, lavouras de ciclo curto. É uma conversa bem mais complicada. A grande dificuldade é a mensuração. Você já viu uma mensuração clara, exata, do balanço de carbono, da produção de soja no Brasil? Eu ainda não vi. Acho que o primeiro problema começa por aí. Depois, algo que possa ser auditado, certificado, que gera credibilidade para ser comercializado. Disse que, nos CBIOS, o começo é animador. Há quantos anos está falando de CBIOS? Uns quatro, que eu me lembro. Então leva um certo tempo. Esse ano aí, talvez em reflexo da pandemia e toda a indústria de carbono do hemisfério norte, o assunto tomou um impulso muito grande. Já dá para sentir que está bem mais perto de nós essa discussão, termos bem práticos aqui no Brasil. Tem lideranças do setor, todo mundo querendo saber, querendo entender. A coisa vem chegando e temos que buscar maneiras de monetizar para aquele produtor que realmente presta serviços ambientais, querendo ou não.

Quais são as políticas que hoje a Cargill adota em termos de aquisição de grãos principalmente, do ponto de vista de rastreabilidade, verificação de origem? Vocês têm uma meta de prazo para comprar só soja verificada, só milho verificado? 

Nós temos um código de compra de grãos que reza uma série de requisitos para comprar do fornecedor. Isso é aplicado. Em algumas regiões como o Amazonas, somos parte da moratória da soja. Então, desde 2008 o que é área de desmatamento está fora disso. Temos a checagem do trabalho escravo, essas coisas. Mas o grande desafio mesmo é na parte de conversão de biomas naturais para a agricultura. Hoje nós não temos uma data de corte por enquanto estabelecida. Temos o compromisso, como empresa, de ter todas as nossas cadeias livres de conversão de desmatamento em 2030, daqui a 10 anos. Claro que para chegar lá vamos chegar por parte. Aqui no Brasil o grande desafio nosso, no setor como um todo, é desmatamento legal e ilegal. Para saber o que é legal e ilegal passa pela a implementação completa do código florestal. Coisa que ainda não aconteceu. Outro ponto que gera muita confusão – e eu acho que até os termos utilizados não são corretos – é em relação a soja legal e ilegal quanto a desmatamento. Por quê? Hoje, partindo do pressuposto que você está 100% alinhado, toda documentação correta em relação ao código florestal, é legal. Se não está 100% correto, é ilegal. Isso quase que gera uma exclusão do produtor. Por que ele não está 100% alinhado com o código florestal? Às vezes a Secretaria do Meio Ambiente do Estado não soltou a licença… Os motivos podem ser uma variedade. O bom senso disso é que o desmatamento ilegal acontece quando em uma propriedade específica aquele percentual de conversão de bioma natural para a agricultura mais é maior do que o prescrito. Por exemplo, uma fazenda em um bioma da Amazônia que tem mais de 20% de área aberta tem problema. Ou se tem plantio sobre área de proteção permanente, isso é ilegal, não tem discussão. Mas, pegando o exemplo da Amazônia que é mais fácil, aquele produtor que tem 15% da fazenda dele já desenvolvida e vai explorar mais 2% e não entrou em área de conservação permanente. Se ele foi para cima disso, porém, por motivos diversos ele não esperou, entrou com as guias pedindo liberação e plantou por que o preço estava bom, teve a motivação econômica de aumentar aquela área, isso é legal ou irregular? Eu acho que a maneira correta de chamarmos isso é irregular. O produto que sai dali é um produto irregular, não quer dizer que ele seja ilegal. Ele não está contra a lei, ele só não está 100% alinhado com todo processo, todo procedimento que a lei pede. Excluir esse produto que eu chamaria de irregular das cadeias de suprimento é um erro, porque se você exclui, está marginalizando o produtor, e no fundo, ele está sendo tratado exatamente igual aquele cara que faz tudo errado. 

“As tradings são a conexão entre o ponto de produção e o ponto de consumo. É o papel natural nosso transmitir de um lado e de outro o que querem e o que dá para ser feito.”

O setor é cobrado a ter uma visão mais transparente da produção de cada etapa das cadeias produtivas e a tecnologia ajuda muito nesse sentido. Como vocês estão caminhando na digitalização, incorporando tanto as questões de rastreabilidade, até as questões de mercado, com o surgimento de marketplaces e a tendência da desintermediação das transações de exportações graças a tecnologia?

Digitalização faz parte de todos os negócios. Todo mundo gasta tempo, energia e foco nisso, porque a digitalização na prática traz mais eficiência aos seus processos. Estamos gastando bastante tempo e dinheiro nisso, ou sozinho ou com alguns parceiros. Isso entra na parte de sustentabilidade, onde somos capazes de fazer o rastreamento de 100% do que a gente compra do produtor. Isso vem, claro, de acordo com o nosso fornecedor permitindo acesso a essa informação. Ferramenta para isso existe, mas tem que ter a parte legal do acordo dos fornecedores. Na parte comercial existem iniciativas também com parceiros. Sobre marketplace eu não quero entrar em muito detalhe, por razões de segredo comercial, digamos assim. Não é uma coisa que está pronta para ser divulgada, mas estamos investindo muito nisso. Aqui na América do Sul, nós temos com parceiros, é algo que está em andamento. Logo vamos ter algumas coisas aparecendo por aí. O setor agrícola, essa parte de venda de grão, por exemplo, não vai passar incólume dessa digitalização. Faz todo sentido. Hoje em dia muitos negócios são feitos por WhatsApp, e depois só manda a confirmação para os canais normais. Então eu acho que a tendência é que isso virá para esses marketplaces em uma velocidade bem maior do que a gente imaginava até um ano atrás, por conta dessas mudanças que o coronavírus trouxe para a humanidade. É um caminho sem volta. Outra fonte grande de mudança na digitalização é em relação aos nossos processos internos. Tem um espaço gigante para ganho de eficiência. Nós estamos investindo para padronizar processos, torná-los mais eficientes, com menos uso de horas/homem para obter o mesmo resultado. Isso não é uma coisa fácil. 

Poderia citar algum exemplo de como a tecnologia tem ajudado a transformar os negócios da Cargill?

Teria por exemplo a parte de transporte rodoviário, em que nós já usamos plataformas digitais para fazer a captação de frete rodoviário.

Logística é uma questão crucial no negócio de vocês?

A digitalização está bem encaminhada. Vou falar de grosso modo, nós trabalhávamos com 200 pessoas fazendo isso pelo Brasil afora na parte de grãos somente. Hoje já reduzimos a praticamente um terço disso, com crescimento de volume.

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