Edição 42 - 12.05.24
Em Piracicaba, o PwC Agtech Innovation tem 400 startups cadastradas, cria produtos de aceitação crescente e se destaca com um sistema que integra grandes empresas, academia, poder público e jovens desenvolvedores
Por Marco Damiani
Tudo começou em uma pequena garagem. Aquele que é hoje o maior hub tecnológico do Brasil voltado para a agroindústria nasceu em 2012, nas dependências de uma casa de família, no centro de Piracicaba, interior de São Paulo. Ali, o engenheiro químico José Augusto Tomé abriu as portas do primeiro coworking brasileiro voltado para a inovação em agropecuária, com ênfase na cana-de-açúcar, destaque da região. A iniciativa se mostrou uma verdadeira antecipação do futuro. Jovens criadores de soluções se aproximaram, o lugar virou um polo de encontros e novas ideias, cresceu e mudou de mãos. Hoje em dia, pertencente a uma multinacional de pesquisa e consultoria, o Agritech Garage tornou-se o PwC Agtech Innovation, reconhecido no mercado como o “Vale do Silício” do agro brasileiro.
Mais de 400 startups e agritechs de todos os portes estão cadastradas no banco de dados do hub. Pelo menos 80 delas têm relação regular com o centro tecnológico, ocupando alternadamente os espaços físicos para desenvolver projetos, estimular seus times e atingir o que se chama de “inovação aberta”, repleta de interações e compartilhamentos. Por meio de pagamento de diárias, mensalidades ou anuidades, essas companhias podem deter de uma simples cadeira, para marcar presença no ambiente de ideias e negócios, até salas inteiras para trabalhos de longo prazo. Há instalações de última geração para a realização de reuniões virtuais e podcasts, além de espaços de descanso que incluem uma rede esticada com almofadas a 5 metros de altura do solo. Tudo é adaptável às necessidades das empresas conectadas à modernidade.
A estrutura física do hub causa impacto. Instalado no epicentro de uma área de mais de 2 milhões de metros quadrados pertencente à holding Aguassanta, controladora do Grupo Cosan, o edifício tem 2,4 mil metros quadrados de área construída. Exemplar de arquitetura moderna, foi planejado em detalhes para estimular encontros e criatividade. Em seus diferentes ambientes, envolvidos por vidraças, aberturas e transparências que valorizam a entrada da luz natural e tornam a atmosfera mais informal, gigantes do campo têm a oportunidade de entrar em contato com líderes de startups dos mais variados portes, firmar parcerias, semear tecnologia de ponta e garantir a destacada posição global brasileira em inovação no agro.
“Procuramos extrair o máximo das oportunidades criadas a partir desse polo de inovação”, diz a líder de Geração de Valor e Inovação Aberta da John Deere, Débora Rodrigues. A cada 15 dias, sem falta, times da multinacional americana de máquinas e equipamentos agrícolas são tirados de seus escritórios tradicionais para ocupar a sala transparente da companhia no hub. “Oxigenar e renovar”, resume ela. A pauta, nessas ocasiões, é tecnologia e desenvolvimento. De modo permanente, representantes da empresa se encarregam de manter canais abertos com as startups que, por sua vez, passam a conhecer demandas específicas e procurar as soluções mais adequadas. Um processo formal, mas com jeito de atividade lúdica.
Nos últimos anos, em razão das interações bem-sucedidas com as startups, a John Deere passou a fazer parte do conselho do Agtech Innovation. “Aqui, renovamos diariamente o nosso compromisso de alinhamento com o futuro, garantindo aos nossos clientes uma posição na fronteira das descobertas que irão fazer a diferença em produtividade e economia”, acrescenta Débora. “Acreditamos na proposta e queremos contribuir para o seu desenvolvimento.” As multinacionais Bunge, maior processadora de alimentos do mundo; OCP, líder global em fertilizantes; e a própria John Deere, além das brasileiras Ceva, do setor de alimentação animal; e Dexco, de madeiras e cerâmicas, assinam a lista de companhias que lideram os contatos de tecnologia feitos a partir do hub de Piracicaba.
No mesmo vale, em interligações por alamedas asfaltadas, os prédios à volta do Agtech Innovation se alinham com a proposta do desenvolvimento tecnológico. Logo à entrada, do lado direito, sobressai o edifício do Pulse, o braço de inovação do grupo Raízen. Mais à frente, no lado oposto, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) mantém um campus avançado. Bem perto, a prefeitura de Piracicaba cuida do funcionamento de um escritório voltado para contatos formais com órgãos públicos e autoridades governamentais. Entre esses endereços, restaurantes, lojas de conveniência, quadras para esportes de areia e áreas de convivência e lazer compõem um cenário organizado e descontraído, talhado para a missão disruptiva das mais de mil pessoas que ali trabalham todos os dias. Flutuante, essa população cresce quando são realizados eventos de tecnologia ou são feitas visitas de delegações nacionais e internacionais, compostas por funcionários de grandes companhias e seus convidados.
Referência global de prestação de serviços e consultoria a grandes empresas, a PricewaterhouseCoopers (PwC) acompanhou de perto o crescimento do hub tecnológico de Piracicaba – e gostou do que viu. Em 2017, comprou e modernizou as suas instalações, colocando-se, com esse movimento, no centro do processo de desenvolvimento tecnológico do agronegócio. A PwC detém hoje informações em primeira mão de centenas de parceiros estratégicos. “O hub tem sido um pilar importante para apoiar os nossos clientes, da estratégia à execução, em serviços focados em inovação aberta”, diz Dirceu Ferreira Júnior, sócio da PwC e COO do Agtech Innovation. “Trabalhando de forma integrada com outras áreas, consolidamos e ampliamos soluções com a nossa marca para o agro brasileiro. Desde que assumimos essa posição, aumentamos a nossa capacidade de prever tendências e aportar conhecimento tanto para o nosso pessoal como para os times dos nossos clientes.”
Todos os anos, desde que a PwC assumiu a operação, o Agtech Innovation publica relatórios que norteiam os diversos setores do agronegócio em relação aos rumos da inovação. O primeiro de 2024, divulgado no final de março, estabelece, conforme diz sua apresentação, “novos paradigmas para a inovação no agro”. As dicas recentes mostram que o leque do uso da tecnologia de ponta se amplia. “Estão amadurecendo o uso da inteligência artificial, da cibersegurança e o desenvolvimento de soluções criadas a partir das demandas dos produtores rurais, além de novos horizontes como da fintechzação do agro e uso de moedas digitais e tokens no setor”, enumera o relatório. Para o produtor interessado em não perder o fio condutor da inovação, o PwC Agtech Innovation é mesmo um porto moderno e seguro.