07.10.20
Pela primeira vez na história, duas mulheres ganharam juntas o Prêmio Nobel em Química. A Academia Real de Ciências da Suécia anunciou nesta quarta-feira (7) que a francesa Emmanuelle Charpentier, 51, diretora do Instituto Max Planck de Biologia de Infecções em Berlim, e a americana Jennifer Doudna, 56, professora da Universidade da Califórnia em Berkeley, seriam as contempladas. O prêmio foi entregue a elas pelo desenvolvimento do Crispr, método de edição genético.
A tecnologia poderá ser responsável por uma das maiores revoluções na agropecuária e é vista como sucessora dos transgênicos. Isso porque o melhoramento genético com base na edição se tornou uma aposta da ciência para se chegar a uma nova geração de plantas e animais mais saudáveis e produtivos. Usando a enzima Cas9, pesquisadores conseguem fazer cortes de alta precisão na cadeia de DNA. Com isso, é possível acrescentar, inibir ou potencializar um gene de interesse. As melhorias já são visíveis em alguns campos, como a medicina, principalment eno estudo de doenças genéticas.
São inúmeras as vantagens do Crispr em relação à transgenia. Um deles é o custo, já que a transgenia exige testagem e avaliações de risco, enquanto a edição genética permite uma análise de resultados muito mais rápida. Além disso, especialistas afirmam que enquanto os transgênicos incluem genes externos, a técnica de edição é menos invasiva, já que usa apenas o genoma original.
O tema foi capa da Plant Project em fevereiro de 2019. A reportagem pode ser lida neste endereço, e aborda o desenvolvimento da tecnologia e também o potencial de aplicação na agricultura e na pecuária, bem como questões envolvendo regulamentação. Mais recentemente, em junho deste ano, outra reportagem da Plant mostra como a técnica de edição genética está sendo usada para desenvolver novos variedades de frutos, mais produtivos e adaptados para condições específicas de plantio.
Com a vitória de Emmanuelle e Jennifer, o Nobel de 2020 já premiou três mulheres. A terceira foi Andrea Ghez, contemplada em física por sua pesquisa sobre buracos negros, junto com outros dois cientistas. Em Química, cinco mulheres já foram laureadas: Marie Curie, em 1911, Irène Joliot-Curie, em 1935, Dorothy Crowfoot Hodgkin, em 1964, Ada E. Yonath, em 2009, e Frances H. Arnold, em 2018. Emmanuelle e Jennifer vão dividir ainda o prêmio em dinheiro no valor de 10 milhões de coroas suecas, equivalentes a R$ 6,3 milhões.
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