Em busca da rede rural

Por André Sollitto Deu no The Wall Street Journal: a primavera é o período em que os fazendeiros


Edição 15 - 17.06.19

Por André Sollitto

Deu no The Wall Street Journal: a primavera é o período em que os fazendeiros do Meio-Oeste norte-americano se dedicam integralmente ao plantio e a maratonas de filmes na Netflix. Por mais absurda que possa parecer, a situação de assistir a filmes e séries pela internet simultaneamente ao trabalho de pilotar um gigante trator em meio a hectares de terra é o retrato de como os avanços tecnológicos facilitaram a vida do produtor. O maquinário conta com sistemas de GPS integrados, sensores capazes de detectar obstáculos no campo e oferecer informações em tempo real sobre as condições do solo e das sementes. A interferência humana, portanto, é necessária apenas em casos raros. O operador ainda precisa ficar atrás do volante, mas está livre para acompanhar os insights oferecidos pela máquina, ou checar as notícias, a previsão do tempo e as finanças de sua fazenda. Mesmo assim, longos dias de trabalho podem se tornar bastante entediantes. E é aí que as séries e filmes ajudam a preencher as horas. Claro, isso lá na América do Norte.

Aqui no Brasil a situação é bem diferente. A tecnologia embarcada nas máquinas está disponível. A ideia de assistir à Netflix durante uma jornada na lavoura, porém, chega a ser absurda pelo simples fato de que em grandes regiões do País ainda não há conexão de internet. “Você já esteve no Corn Belt?”, diz Mateus Barros, líder de negócios da empresa de agricultura digital Climate para a América Latina, em referência à região dos Estados Unidos responsável pela maior parte da produção de grãos no país. “Lá, no meio do campo, a internet pega melhor do que aqui no meu escritório”, brinca ele. Mapas de conectividade mostram que a comparação de Barros, na verdade, retrata a enorme discrepância em termos de acesso da população a serviços de internet de alta velocidade. Enquanto os EUA, com exceção de alguns trechos de deserto, são preenchidos por pontos verdes, indicando conexão, a região do Mato Grosso, por exemplo, é um vazio em que apenas um ou outro pontinho discreto aparece.

Essa situação pode mudar em breve. Nos últimos meses o mercado da conectividade rural vive uma espécie de corrida disputada palmo a palmo por equipes de peso, reunindo empresas com competências e interesses complementares. A estratégia adotada por várias delas tem sido a formação de blocos corporativos, formados por pelo menos uma empresa especializada em telecomunicações e um fabricante de equipamentos agrícolas, além de AgTechs fornecedoras de soluções tecnológicas para o agronegócio. As operadoras de internet brasileiras correm para conquistar um mercado com cobertura ainda incipiente e com grande potencial de negócios, mas também para atingir as metas estabelecidas pelo governo para a expansão de seus serviços por todo o território nacional. Já as indústrias de maquinário apostam em garantir que toda a tecnologia embarcada em seus produtos mais modernos seja aproveitada de maneira integral, justificando o investimento dos clientes em uma eventual renovação dos equipamentos.

MEGABLOCO DA CONEXÃO

Sem conectividade, boa parte das AgTechs e do futuro proposto pela chamada Agricultura Digital perde apelo junto aos produtores. Esse novo mundo, em que a informação é um insumo tão relevante para a produção quanto fertilizantes e defensivos, foi o tema central na Agrishow em maio passado. Uma das principais feiras agrícolas do mundo, o evento de Ribeirão Preto, em São Paulo, não por acaso, foi a vitrine escolhida pelos principais blocos para anunciarem seus lançamentos mais importantes. Foi ali, em torno da conectividade, que se assistiu a uma cena até tempos atrás impensável: empresas concorrentes, as fabricantes de máquinas CNH, AGCO e Jacto subiram juntas em um mesmo palco para anunciar uma iniciativa conjunta. Ao lado de Climate FieldView, Solinftec e Trimble, desenvolvedoras de tecnologia agrícola, da Nokia, um dos maiores do mundo em infraestrutura de telecomunicações, e da operadora TIM, elas formaram um megabloco que trabalhará sob a bandeira ConectarAGRO com o objetivo de levar conexão com tecnologia 4G ao campo.

“É um pouco contraditório como o agronegócio, a indústria riqueza do Brasil, como dizem na televisão, é um setor tão pouco conectado. Fizemos consultas e percebemos que menos de 10% das fazendas estão conectadas, o que é muito pouco”, diz Rafael Marquez, diretor de Marketing da TIM. Embora não ofereçam uma solução “de prateleira” que vá resolver o problema de uma vez, as empresas afirmam que a análise das necessidades específicas de cada região vai dar o direcionamento sobre a melhor maneira de garantir acesso à rede. “São mais de 5 milhões de pessoas e 500 mil fazendas sem cobertura de celular. Seremos facilitadores para levar a inclusão digital a esse universo”, afirma Leonardo Finizola, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Nokia. “Na prática, o principal trabalho das empresas vai ser promover a conectividade no campo. Queremos mostrar aos produtores que existem soluções altamente tecnológicas que vão gerar retorno. Elas precisam de conectividade para funcionar, mas vamos mostrar que essa internet está ao alcance”, diz Mateus Barros, da Climate.


A ConectarAGRO não prevê a criação de nenhuma solução comercial em parceria entre as empresas que fazem parte do projeto. Cada uma continuará oferecendo seus produtos aos agricultores, mas estão todas de acordo com o formato de tecnologia que será oferecido. Trata-se de uma solução aberta, usando a frequência de 700 MHz de 4G da TIM, a mesma usada em grandes centros urbanos. Essa frequência foi disponibilizada para uso pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) após o fim das transmissões, no País, do sinal analógico de TV. Com isso, as operadoras foram habilitadas a usar a faixa para oferecer novos serviços. A TIM foi uma das primeiras a aplicá-la em soluções de conectividade rural. Há cerca de dois anos lançou o serviço 4G no Campo e passou a buscar clientes corporativos do agronegócio. Aberta e democrática, a frequência permite ao produtor que contratar o serviço usar qualquer equipamento das oito empresas – e de outras – sem problemas. “Usamos uma solução que segue um padrão mundial, adotado por vários fabricantes de equipamentos e sensores”, explica Alexandre Dal Forno, head de Produtos Corporativos & IoT na TIM Brasil. Até a Agrishow, o serviço da operadora já cobria com sua rede 4G cerca de 600 mil hectares em propriedades de diversas regiões brasileiras. Com a união dos esforços em torno do ConectarAGRO, Dal Forno acredita ser possível atingir a meta de chegar a 5 milhões de hectares até o fim de 2019.

O LÍDER ACELERA

A cerca de 200 metros de distância de onde a maior equipe anunciava seu projeto, outra forte concorrente esquentava seus motores para acelerar na corrida em plena Agrishow. A tradicional feira deste ano também marcou o lançamento comercial do programa Conectividade Rural, iniciativa da John Deere, uma das principais fabricantes de maquinário agrícola do mundo. Sua parceira no projeto não era exatamente uma operadora, mas uma empresa reconhecida em desenvolvimento, produção e distribuição de equipamentos de telecomunicação. As duas trabalham juntas no conceito desde 2015 e na Agrishow de 2018 a solução foi lançada em versão piloto. O objetivo é conectar propriedades, levando antenas e toda a infraestrutura necessária para que os produtores possam aproveitar ao máximo a tecnologia dos tratores e dos aplicativos de agricultura de precisão da empresa, bem como qualquer outro aparelho que precise de conexão com a internet. O caso de cada produtor é analisado pela equipe da Trópico, que cuida do projeto técnico e de toda a homologação junto à Anatel necessária para a operação de uma rede 4G atingindo, com uma única antena, um raio de até 30 quilômetros. O diferencial do Conectividade Rural é a frequência, de 250 MHz. Segundo Felipe Santos, gerente de Soluções Integradas da John Deere Brasil, a rede é privada, o que traz vantagens como a possibilidade de personalizar de que maneira essa internet será usada. Além disso, a frequência mais baixa é mais eficiente ao superar obstáculos físicos. “Nas fazendas-modelo em que testamos a solução os investimentos feitos se pagaram em uma safra”, afirma Santos. Hoje, a iniciativa já conta com 5 milhões de hectares conectados no País.

 

Ao cobrir uma grande área, soluções como essas podem resolver o problema de cerca de 90% das propriedades rurais brasileiras. Já as grandes empresas agrícolas, com maiores áreas, caixa e corpo técnico, muitas vezes optam por soluções desenvolvidas sob medida. É a estratégia de grupos como o Amaggi, um dos maiores produtores de grãos do Brasil, apresentado pela operadora Oi como seu primeiro grande cliente no mercado da conectividade agro. A tele usa uma frequência diferente, de 450 MHz — possui exclusividade na oferta comercial dessa solução em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. “Ao contrário das redes de 700 MHz e 900 MHz, que são de conectividade aberta, a rede 450 MHz é fechada. Não dá para usar essa frequência para entrar em outra operadora”, diz Anderson França, diretor de Vendas de TI Corporativo da Oi. Segundo ele, Oi e Amaggi realizaram três meses de testes até chegarem a um denominador comum sobre a melhor maneira de garantir transmissão de dados de campo entre equipamentos e sede da fazenda Tucunaré, uma propriedade de 87,6 mil hectares, localizada na cidade de Sapezal, a cerca de 500 km de Cuiabá.

No caso da Vivo, outra das grandes operadoras de telecomunicações no Brasil, a principal parceria é com a Raízen, maior grupo sucroenergético do mundo, e com a fabricante sueca de equipamentos Ericsson. Juntas, elas criaram o Agro IOT Lab, uma iniciativa que procura estimular startups para desenvolver soluções de conectividade no campo. As AgTechs selecionadas foram a Ativa, Seive, IoTag, Trace Pack, Agriconnected e @Tech, que hoje têm acesso à frequência de 450 MHz de rede 4G da Vivo. A Ericsson ficou responsável pela instalação da rede e oferece sua plataforma IoT Accelerator para agilizar a integração das startups. A Raízen responde pela infraestrutura agrícola e pelo acesso aos canaviais onde são testadas as soluções. Inicialmente, duas antenas foram instaladas atrás do Pulse, o hub de inovação da Raízen, localizado em Piracicaba (SP). De acordo com o cronograma oficial, até o final de 2019 as startups devem consolidar suas soluções. “Dando certo, a tendência é expandir os testes para outras áreas”, diz Guilherme Lago, coordenador de Inovação da Raízen. Três das AgTechs já divulgaram alguns serviços, como uma estação meteorológica criada pela Ativa, que coleta, armazena, processa e transmite dados como precipitação, velocidade e direção do vento, temperatura e umidade do ar, entre outros.

 

IoT é a sigla em inglês para Internet of Things, a Internet das Coisas, que abrange todas as tecnologias que permitem aos objetos e equipamentos se conectarem e trocarem informações. É fundamental para que os diversos sensores espalhados pelas máquinas e lavouras transmitam os dados que capturam para ambientes em que serão processados e analisados, gerando recomendações que permitam decisões mais assertivas aos produtores. De tão relevante,  o desafio da conectividade rural mobiliza players de diferentes mercados, cada um com uma abordagem diferente. Até a gigante Microsoft entrou na corrida. Sua solução para a conectividade recaiu sobre os canais não usados de televisão, aqueles que aparecem nas telas apenas como “chuviscos”. Liderado pelo cientista chefe da Microsoft Azure Global, Ranveer Chandra, o projeto FarmBeats transforma os chamados “espaços brancos” da frequência de TV em canais para levar internet de alta velocidade a áreas remotas de maneira mais barata. O acesso à banda larga é apenas um item do pacote, que inclui soluções para mapear a fazenda usando imagens aéreas captadas por smartphones presos a balões de hélio e uma plataforma de análise de dados, o Azure IoT Edge, que fornece insights mesmo sem acesso contínuo à nuvem. A tecnologia está sendo testada em alguns países da África, nos Estados Unidos, na Índia e no Sudeste Asiático. Mas ainda não
é autorizada em outros, incluindo o Brasil. “Gostaríamos de trazer o FarmBeats para cá, mas ainda precisamos mostrar ao governo as vantagens de adotar o conceito”, afirmou o cientista à PLANT, durante uma visita ao País para falar sobre o projeto.

OBRIGAÇÃO DE CONECTAR

Embora a oferta de telefonia móvel seja um serviço privado, a Anatel estabelece algumas obrigações de cobertura nos municípios brasileiros. Como o serviço depende de radiofrequência e as faixas devem ser destinadas em caráter de exclusividade para prevenir interferências, o direito de uso de tais faixas é leiloado pela Agência. Nos leilões, têm sido impostas obrigatoriedades de abrangência.
Entre os compromissos já vencidos, ou seja, que já deveriam estar em prática desde o dia 31 de dezembro de 2017, nos municípios com população entre 30 mil e 100 mil habitantes, pelo menos três empresas devem oferecer conexão com tecnologia 3G e no mínimo uma com tecnologia 4G. Até o final deste ano, as operadoras terão outra meta a cumprir: ao menos uma prestadora deve fazer o atendimento com tecnologia 3G aos municípios com população abaixo de 30 mil habitantes.

A própria Anatel exige que as operadoras apresentem em seus sites um mapa dos serviços oferecidos. Metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro têm muitas opções de internet de alta velocidade. Mas basta se afastar dos centros para ver como as barrinhas indicadoras
da qualidade da conexão vão diminuindo. Diversos municípios são atendidos pelo sistema 2G, nomenclatura que se refere à tecnologia usada ainda na década de 1990, quando os celulares começaram a se popularizar. Marcou a transição do sinal analógico para o digital. Se enviar imagens em grupos do WhatsApp é uma tarefa difícil com o 2G, imagine receber gigabytes de informações coletados pelos sensores que agora integram modelos modernos de tratores.

De acordo com dados de março de 2019, dos 5.570 municípios brasileiros, 5.467 têm cobertura 3G e 4.554 são atendidos pela conexão 4G. Todos têm acesso à rede mais antiga, 2G. O problema é que a definição considera atendida a cidade que tem sinal em 80% de sua área urbana, ou seja, não existe garantia de que o sinal será recebido pelo produtor no meio de sua propriedade.

TECNOLOGIA PARA POUCOS

Durante muito tempo, as operadoras represaram a conexão no campo por uma questão de custos. “Focamos a atuação em áreas urbanas, onde estão as pessoas, já que o negócio tem que se pagar”, diz Rafael Marquez, da TIM. “Mas as áreas urbanas representam menos de 10% do território nacional. Assim, deixamos de lado uma parte importante do mercado em termos de expansão geográfica”, afirma ele. A situação é difícil longe das metrópoles, mas ainda pior em grandes regiões produtoras. “A realidade no Mato Grosso é mais crítica que em outros locais onde a agricultura também está consolidada principalmente por conta da densidade demográfica baixa”, diz Otávio Celidonio, superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) no estado.

Embora os custos tenham caído bastante nos últimos tempos, arcar com as despesas da instalação de uma torre ou uma antena ainda é algo reservado apenas a produtores maiores que precisam garantir a internet em todos os pontos de suas grandes propriedades. “Vimos muitas soluções proprietárias, em que cada produtor dá o seu jeitinho”, conta Marquez.

De acordo com a operadora, uma antena é capaz de cobrir até 35 mil hectares. Em alguns casos, uma única instalação é suficiente para resolver o problema de uma fazenda. Em outros, é possível compartilhar o sinal com vizinhos. “Isso é especialmente eficaz no Sul, em que há mais fazendas menores e mais próximas. Com um único investimento compartilhado
seria possível atingir várias propriedades”, afirma Anderson França, da Oi.


Outra solução para viabilizar a conectividade entre produtores menores é recorrer a cooperativas e dividir os custos da instalação da infraestrutura. “Estamos conversando com algumas cooperativas e também diretamente com os produtores, principalmente os médios, mas também os pequenos”, afirma Dal Forno, da TIM. Embora a Internet das Coisas seja a plataforma em que a operadora tem focado suas aplicações, Dal Forno revela que há uma grande demanda reprimida por todo tipo de conexão. “Videoconferências no campo dão agilidade ao negócio e tornam os treinamentos muito mais rápidos”, diz.

Também é preciso superar a barreira cultural que impede alguns produtores de enxergarem as vantagens de terem internet em toda a fazenda. “Entendemos os grandes produtores, que são mais abertos a novas tecnologias”, diz Ranveer Chandra. “Mas ainda estamos estudando os pequenos e médios produtores.” Ele aponta a falta de escolaridade de muitos dos fazendeiros responsáveis por pequenas propriedades em países nos quais o setor agrícola tem um papel de destaque na economia, incluindo a Índia e o Brasil.


“O desafio de resolver a falta de conectividade no campo passa pela necessidade de alguns líderes tomarem a frente”, diz Otávio Celidonio. Esses líderes podem ser grandes produtores ou o próprio governo. De acordo com Chandra, da Microsoft, os governos podem atuar como intermediários no processo, especialmente na análise dos dados captados pelos sensores e outros equipamentos nas fazendas de pequenos produtores, fornecendo os insights de maneira mais palatável. “Fizemos testes com informações úteis na tomada de decisões enviadas por SMS, e os resultados têm sido positivos”, afirma o cientista.

“Se você reparar, todas as soluções desenvolvidas pelas AgTechs brasileiras tentam, de uma maneira ou de outra, driblar a falta de conectividade no campo”, diz Mateus Barros, da Climate. Essa busca por inovações tem ajudado muitos produtores a otimizar sua produção, mas está longe de resolver o problema. Enquanto isso, outros países estão tomando a frente. “Não diria nem que a questão da conectividade nos daria uma vantagem competitiva”, afirma Mateus Barros. “Na verdade, ela nos colocaria em pé de igualdade com outros mercados importantes, como os Estados Unidos.”

À ESPERA DO 5G

A quantidade de iniciativas que se propõem a resolver a falta de internet em grande parte das propriedades rurais brasileiras mostra que as operadoras de telecomunicação finalmente descobriram a importância do agronegócio para o País. Enquanto aqui ainda engatinhamos na adoção de tecnologias, lá fora a discussão está muito mais avançada.

Já se fala da iminente chegada do 5G, o futuro da comunicação via celular, e de que maneira essa nova tecnologia poderá – ou não – beneficiar o agro. Em março, a iniciativa 5G Rural First, do Reino Unido, lançou um aplicativo para pecuaristas que permite o companhamento em tempo real de cada animal na fazenda a partir da análise captada por colares dotados de 5G, incluindo a dieta de cada um deles, bem como a qualidade do sono. A tecnologia também permitiria que sistemas de irrigação fossem ligados nos momentos mais oportunos do dia, entre outros benefícios. Para Chandra, no entanto, a solução não é ideal para o campo. “O 5G é muito eficaz em áreas urbanas, já que é capaz de transmitir uma grande quantidade de dados por distâncias pequenas. Nas áreas rurais, analisamos diversas soluções possíveis, e o 5G não é uma delas.”

Por aqui, ainda vai demorar um pouco para o futuro chegar. Inicialmente, a previsão era de que a rede comercial estaria disponível a partir de 2021. Recentemente, essa data tem sido considerada otimista demais, e especula-se que ela só estará operacional em 2023. A TIM já anunciou a construção de uma torre em Florianópolis-SC, primeira cidade que terá a rede, operada na frequência de 3,5 GHz. O objetivo é transformar a cidade em um grande laboratório das aplicações dessa tecnologia. Também na Agrishow deste ano, a operadora afirmou que a sua infraestrutura poderá ser facilmente adaptada para a chegada do 5G.

Em última instância, essa corrida para ver quem consegue conectar mais hectares beneficia os produtores, claro, mas também representa uma busca maior por produtividade, algo absolutamente necessário para garantir uma produção sustentável de alimentos no futuro. Até 2050, o mundo terá 9,8 bilhões de habitantes, 2,2 bilhões a mais do que existem hoje. Para alimentar toda essa gente será preciso aumentar a produtividade das fazendas em 70%, e não existem muitos espaços no planeta que ainda não foram utilizados pela agricultura. Tudo o que há de mais moderno hoje, da Internet das Coisas à agricultura e pecuária 4.0, passa pela questão da conectividade. A internet no campo pode garantir nossa sobrevivência na Terra.

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