Search

Uma fazenda de guaraná no coração da floresta

Guaraná Antarctica completa 100 anos como modelo de produção sustentável do fruto da Amazônia
12 de novembro de 2021
CPFL Soluções
CPFL Soluções

Por Daiany Andrade

Um século do refrigerante tipicamente brasileiro. De cor e sabor bem característicos, o Guaraná Antarctica chega a essa marca histórica com a vitalidade de quem sempre inovou. Muda o formato, o tamanho, o rótulo, o jingle… No entanto, algumas coisas não mudam. A tradição também é ingrediente essencial nessa trajetória. Há 100 anos é do fruto original da Amazônia que sai a bebida que se tornou símbolo do Brasil. Todo guaraná usado na fabricação sempre foi colhido e torrado artesanalmente na região.

“Nossos produtos são de fontes naturais, e mais do que isso, são locais”, disse o vice-presidente de sustentabilidade e suprimentos da Ambev (dona da marca), Rodrigo Figueiredo. Foi com foco no desenvolvimento sustentável, local e também no melhoramento genético do guaranazeiro, que a empresa iniciou uma produção própria em 1971, na Fazenda Santa Helena, em Maués, no coração da floresta amazônica, há 267 km da capital, Manaus.

Conhecido como a “Terra do Guaraná”, o município tem raízes indígenas. O nome, Maué ou Mawé, tem origem na língua tupi, e é como são chamados os povos da região, os Sateré-Mawé, conhecidos como os precursores do cultivo da planta do guaraná. Foi observando os índios Maués, em 1669, que o padre João Felipe Bettenford “descobriu” o guaraná. Ele viu que os índios amassavam o fruto em uma cuia e bebiam. Dessa forma tinham força e ficavam sem fome o dia inteiro. Além disso, o guaraná também era usado de forma medicinal.

O consumo diário do fruto é uma tradição até hoje. E muitos apontam esse hábito como responsável pela elevada longevidade dos habitantes do município. Há estudos que mostram que a cidade tem o dobro da média nacional de idosos com mais de 80 anos. Portanto, não foi por acaso que a região foi escolhida como base para a fazenda da Ambev, que é referência na produção de guaraná e é considerada o maior banco genético do fruto. Isso porque o foco da propriedade é o desenvolvimento agronômico e genético da planta. “Faz parte do nosso negócio entender a cadeia”, destaca Figueiredo.

Na última década, os novos cultivos registraram aumento de 140% na produtividade do fruto sem aumentar a área de plantio, segundo dados da fazenda. A atividade principal é a produção de mudas para os 2 mil produtores locais – de Maués e de municípios do entorno – que cultivam o fruto. Por ano, cerca de 50 mil mudas, com maior potencial de produção e resistência a pragas, são distribuídas aos agricultores parceiros da empresa, os principais responsáveis pela matéria-prima usada na fabricação do Guaraná Antarctica. Apenas 10% da demanda é colhida na Santa Helena.

“Em Maués, são mais de mil famílias produtoras de guaraná, que utilizam predominantemente mão de obra familiar e possuem, em média, 3 hectares de guaraná. A maioria possui baixa escolaridade e faz pouco uso das tecnologias existentes para a cultura”, conta a gerente agronômica da fazenda, Miriam Frota. “Nos últimos anos, com os trabalhos desenvolvidos, temos melhorado a organização dos produtores, a fim de fortalecer suas representatividades e lucro na comercialização da produção, com a venda direta. Além de buscar novos produtos e mercados a partir de certificações orgânicas e selo de Indicação Geográfica – IG”, destaca ela.

Porteira da fazenda e o beneficiamento dos frutos: Cultivo gera impacto para mil famílias da região.

 O Dia do Guaraná

Guardada pela exuberância da floresta amazônica, a fazenda tem 1.070 hectares de extensão. Cerca de 80% dessa área é de preservação e os outros 20% são destinados ao cultivo de mudas, desenvolvimento de novas variedades e à produção do guaraná. Números que demonstram a preocupação com a sustentabilidade e a conservação da biodiversidade. “A melhor forma de evitar o desmatamento é promover o desenvolvimento local”, reforça Figueiredo. Por isso, além de fornecer mudas de qualidade aos produtores, a empresa também promove treinamento e capacitação sobre as melhores práticas de cultivo.

Uma das principais ações organizadas pela marca é “O Dia do Guaraná”. Celebrada anualmente no município desde 1998, a data é marcada por comemorações e capacitação técnica. “Nesta ocasião, o Guaraná Antarctica convida os produtores agrícolas, técnicos e instituições voltadas ao setor rural de Maués para apresentar as técnicas desenvolvidas pela marca em nossa fazenda para aprimorar o cultivo do fruto”, conta Miriam.

Por muito tempo o evento foi realizado no período próximo à safra. Depois passou a ocorrer no início do ano, entre janeiro e fevereiro. ““Assim, podemos repassar orientações sobre manejo dos novos plantios aos produtores que estão recebendo as mudas, trocar experiências da última safra, comemorar os resultados e ainda propor ações aos desafios da cultura ao longo do ano”, explica a gerente da Santa Helena.

Com a pandemia, o evento foi suspenso, mas as orientações pontuais aos produtores continuaram sendo feitas. “O Dia do Guaraná” vai voltar a ser comemorado em 2022. Outras ações de capacitação são realizadas com parceiros institucionais locais de assistência técnica, de pesquisa e de extensão rural, como o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), a Universidade Federal do Amazonas, e a Embrapa Amazônia Ocidental.

Figueiredo da Ambev: “Faz parte do nosso negócio entender a cadeia”

“Desde 1985 nosso principal parceiro para melhoramento genético é a Embrapa, desenvolvendo pesquisas para escolha dos melhores materiais genéticos a serem reproduzidos. Alguns experimentos são conduzidos dentro da Fazenda”, afirma Miriam. Como resultado das pesquisas realizadas na Fazenda Santa Helena, pode-se citar a origem da variedade BRS-Maués, considerada uma das melhores variedades da planta, de acordo com o Sistema de Produção da Embrapa.

Com o objetivo de promover o desenvolvimento socioeconômico da região, a Ambev também atua em ações e parcerias em outras áreas. Em 2017, foi criada a Aliança Guaraná de Maués, uma rede de parceiros com uma meta em comum: melhorar a qualidade de vida da população. Grupos de trabalho para desenvolver atividades relacionadas ao turismo, educação, produção sociocultural e sustentável surgiram como resultado. “Tudo para que a comunidade evolua e cresça, valorizando sempre sua cultura e biodiversidade”, destaca a gerente agronômica.

Dessa forma, o guaraná se consolida como importante agente de transformação social, ambiental e econômica. Tripé que, como já sabemos, é essencial para o futuro da floresta amazônica.

 

MAIS EM

DO CAMPO À RODA

Como a maior biorrefinaria de etanol de grãos da América Latina promove uma economia sustentável 

Onde o pasto é mais verde

Dono do maior rebanho bovino do País, o Mato Grosso lidera a agenda de debates sobre o equilíbrio entre a produção e a preservação ambiental

TIM IOT Solutions habilitando a digitalização do agro, conectando o campo, rodovias e portos

newslatter

Inscreva-se para receber nossas novidades.