A maior festa do agro

Com a presença de cinco governadores e lideranças nacionais e internacionais do agro, GAFFFF 2025 reúne mais de 30 mil pessoas e reforça protagonismo do Brasil na produção mundial de alimentos e bioenergia
Edição: 49
30 de julho de 2025

Por Ronaldo Luiz

O Global Agribusiness Festival (GAFFFF), maior evento de cultura agro do mundo, reuniu mais de 30 mil pessoas no Allianz Parque, na cidade de São Paulo (SP), durante os dois dias de evento, 5 e 6 de junho. Organizado pela DATAGRO, consultoria agrícola com mais de 40 anos de atuação em mais de 50 países, e apresentado pela XP e pela Corteva Agriscience, o festival contou com a participação dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo), Eduardo Riedel (PSDB), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Helder Barbalho (PMDB). Também estiveram presentes o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (PMDB), a senadora Tereza Cristina (Progressistas), lideranças do setor e convidados internacionais.

“A presença de representantes de mais de 30 países confirma que o Brasil tem um protagonismo indiscutível na transição para uma economia mais sustentável e na produção de alimentos, fibras e bioenergia. O GAFFFF 2025, mais uma vez, contribuiu para posicionar o agronegócio brasileiro como estratégico para o mundo”, afirma Luiz Felipe Nastari, diretor de Comunicação, Educação e Eventos da DATAGRO.

A feira de negócios do GAFFFF foi um dos grandes destaques da edição, reunindo 190 expositores, 60 startups e 120 produtores artesanais. O espaço funcionou como um hub de inovação, relacionamento e oportunidades comerciais, reunindo empresas líderes, empreendedores e representantes de diversas regiões do País.

A programação do festival foi estruturada a partir dos quatro pilares que definem sua identidade: Fair (expositores e negócios), Forum (conteúdo e debates estratégicos), Food (experiências gastronômicas) e Fun (entretenimento e cultura).

Nos três palcos simultâneos do Forum, foram discutidos grandes temas que moldam o presente e o futuro do agronegócio brasileiro e mundial. Lideranças como Gro Brundtland, ex-primeira-ministra da Noruega e referência global em desenvolvimento sustentável; Shona Sabnis, vice-presidente de Assuntos Públicos da Corteva Agriscience; e Roberto Rodrigues, professor emérito da FGV e embaixador especial da FAO para o cooperativismo, compartilharam visões estratégicas que conectam inovação, sustentabilidade e políticas públicas em escala global. 

Destaque-se também a participação de Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, que assinou um manifesto em defesa da diversidade, equidade e inclusão no agronegócio, ao lado de Plinio Nastari, presidente da DATAGRO, e Sylvia Coutinho, ex-CEO do UBS Brasil e América Latina e atual membro de conselhos de administração.

“O Fórum do GAFFFF não é apenas uma vitrine de ideias, é um espaço de construção coletiva, onde diferentes visões se encontram para traçar caminhos concretos para o futuro do agro”, disse Plinio Nastari, presidente da DATAGRO. “Reunimos lideranças que estão verdadeiramente comprometidas com a transformação, com coragem para enfrentar os desafios e clareza para propor soluções de longo prazo. E o mais importante é que esse conteúdo foi acessível a todos que participaram do festival, porque acreditamos que as grandes discussões do agro precisam estar abertas à sociedade.”

A Arena de Fogo foi um dos espaços mais concorridos do evento e atraiu milhares de visitantes com a preparação de 5 toneladas de carnes assadas em tempo real. Ao longo de mais de dez horas de aulas-show, chefs e assadores consagrados compartilharam técnicas, histórias e sabores que celebram a tradição da proteína animal no Brasil. Nomes como Cleber Lamarca, Roberto Barcellos, Helô Palácio, Marcos Livi e Tállita Machado, entre outros, se revezaram para proporcionar uma verdadeira imersão gastronômica.

No pilar de entretenimento, o Allianz Parque viveu duas noites de celebração. No primeiro dia, as duplas Fiduma & Jeca e Fernando & Sorocaba embalaram o público, com participação da cantora Fiorella e um momento especial protagonizado por Edson & Hudson, que apresentaram a música em homenagem aos 70 anos do Barretão. No segundo dia, Thiago Carvalho e a dupla Gabi & Rapha abriram a programação musical, que foi encerrada com o cantor Leonardo.

“O que vimos foi a força de uma conexão que emociona e transforma”, diz Luiz Felipe Nastari. “Quando conhecimento, sabor, arte e propósito se encontram, o resultado vai além de um evento, vira uma experiência que marca quem participa e inspira novas formas de enxergar o agro e a sociedade.”

Confira a seguir o que de mais relevante aconteceu no GAFFFF 2025:

Abertura no Dia Mundial do Meio Ambiente

Com uma cavalgada, composta por cerca de cem cavaleiros e amazonas, que saiu do Parque da Água Branca para o Allianz Parque, em uma distância de pouco mais de 1 quilômetro na capital paulista, a edição 2025 do GAFFFF foi aberta no dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente.

A data, disse o presidente da DATAGRO, Plinio Nastari, na cerimônia de abertura do evento, não foi escolhida à toa: “Decidimos abrir o GAFFFF neste dia exatamente para destacar e, uma vez mais, comemorar a sustentabilidade do agro brasileiro”.

A solenidade de abertura do GAFFFF buscou como mensagem principal destacar a importância do agro para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil em consonância com o meio ambiente. “A economia brasileira não seria o que é sem o agro”, disse Nastari. “O agro do Brasil entrega volume, sanidade, diversidade, qualidade e sustentabilidade a preços justos para o consumidor e competitivos para o produtor.”

Rafael Furlanetti, sócio-diretor institucional da XP, pontuou que “o agro é a solução de curto, médio e longo prazo para o Brasil”. Por sua vez, Felipe Daltro, diretor sênior da Corteva, afirmou que o “agro é o carro-chefe da economia nacional”.

O que disseram as autoridades

“O agro é o setor que mais protege e preserva o meio ambiente. Mais de 30% da mata nativa brasileira está dentro das propriedades rurais. O Brasil é uma potência agroambiental e, aqui no Allianz Parque, quem faz o gol é o agro”

(Tereza Cristina, senadora)

“Com sua relevância para a segurança alimentar e energética global, o agro é que coloca o Brasil como protagonista na comunidade internacional”

(Alceu Moreira, deputado federal e membro da Frente Parlamentar da Agropecuária)

“O GAFFFF contribui de maneira decisiva para comunicar o agro para as cidades. O estado precisa ter respeito pelo que o agro faz pelo desenvolvimento socioeconômico de nosso País”

(Pedro Lupion, deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA)

“O agro é o único setor da economia que sequestra carbono, e isso é um dos atributos positivos do segmento que precisa ser contado para as novas gerações”

(Eduardo Riedel, governador do Mato Grosso do Sul)

“O agro brasileiro não é só commodities. Em Minas Gerais, temos uma produção de alto valor agregado, de queijos, cafés, vinhos, azeites, sobretudo de produtores de pequeno e médio porte”

(Romeu Zema, governador de Minas Gerais)

“Participar da cavalgada foi um sentimento único de mostrar aqui na selva de concreto a força do agro para as cidades. O GAFFFF é o Rock in Rio do agro”

(Guilherme Piai, secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo)

Governadores defendem agenda reformista

Governadores de importantes estados produtores do agro brasileiro defenderam uma agenda reformista do Estado brasileiro. Segundo Tarcísio de Freitas (São Paulo), Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul), Ronaldo Caiado (Goiás) e Antonio Denarium (Roraima), o Brasil precisa de reforço institucional para a segurança jurídica e a aprovação de reformas estruturais que garantam um ambiente regulatório mais estável, que fortaleça a previsibilidade para tomada de decisão de políticas públicas e de investimentos do setor privado. Segundo os chefes dos executivos estaduais, a União precisa priorizar a qualidade dos gastos.

Tarcísio de Freitas destacou que o agro, tanto do ponto de vista alimentar quanto energético, é uma fortaleza do estado de São Paulo. O mandatário paulista disse que produção agropecuária e proteção ambiental são perfeitamente compatíveis, usando como exemplo a recente lei do licenciamento ambiental aprovada no Senado Federal e que tramita agora na Câmara dos Deputados.

Caiado salientou que o agro brasileiro é referência mundial em produção, tecnologia e sustentabilidade, e criticou “a hipocrisia de países desenvolvidos em relação a questões ambientais”.

De seu lado, Riedel lembrou dos desafios de infraestrutura logística, que, apesar de avanços recentes, ainda representam importante gargalo para o setor, e citou a obra da Rota Bioceânica, que vai conectar o Mato Grosso do Sul ao Oceano Pacífico, via portos do Chile, prometendo reduzir o transporte de mercadorias do Brasil para a Ásia em14 dias.

Produtores de milho dos EUA afirmam que veem valor na OMC

A gerente de Políticas Públicas, Comércio e Biotecnologia da Associação dos Produtores de Milho dos Estados Unidos (NCGA, na sigla em inglês), Nancy Martinez, afirmou que a entidade enxerga valor na Organização Mundial do Comércio (OMC) mesmo diante do distanciamento de seu país do órgão. “Nesse sentido, o maior desafio que observamos é uma reforma na capacidade de deliberação da organização.” Segundo ela, os produtores norte-americanos de milho não querem um comércio internacional pautado por elevação de tarifas. “Desejamos que os países comprem nosso milho”, disse.

Trump e o comércio internacional

Com o tarifaço e seus inúmeros vaivéns, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rasgou o livro das regras do comércio mundial, pontuou o pecuarista e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, Pedro de Camargo Neto. Camargo Neto é considerado um dos maiores especialistas em comércio agrícola internacional. Foi secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura entre 2001 e 2002, quando idealizou os contenciosos do algodão (entre Brasil e EUA) e do açúcar (entre Brasil e UE) na OMC.

Na sua avaliação, o cenário geopolítico atual, que naturalmente impacta as relações comerciais entre os países, está mais confuso que no pós-guerra. “Antes era menos complexo, mais simples, falávamos de subsídios à produção. Bem ou mal havia uma regra e, mesmo que fosse ruim era conhecida. Não temos mais isso.”

Eduardo Brito Bastos, do Comitê de Sustentabilidade da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), avaliou que, diante das transformações do comércio global, o Brasil tem a oportunidade de investir cada vez mais no ecossistema de produção e venda de produtos agrícolas de baixo carbono, um caminho a ser visto com atenção.

Risco climático, crédito e financiamento agrícola

Especialistas em clima e do mercado financeiro alertaram que o risco climático é cada vez mais considerado para a liberação de crédito e operações de financiamento agrícola. De acordo com a conselheira independente de empresas como Porto Seguro e Banco ABC e integrante do Pacto Global da ONU no Brasil, Denise Hills, o mercado já entendeu que as mudanças climáticas interferem na dinâmica dos negócios, o que faz com que o financiador coloque este ponto como critério na tomada de decisão para liberar ou não crédito.

Adriano Scarpa, gerente de Mudança do Clima da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), observou que a agenda das mudanças climáticas começou com a abordagem da mitigação dos efeitos, passou para a adaptação dos sistemas produtivos e agora chega ao debate de perdas e danos caso nada seja feito.

Taxa de juros

Executivos de grandes grupos empresariais do agro brasileiro criticaram as taxas de juros praticadas atualmente no País. Segundo Aurélio Pavinato (SLC Agrícola), Diego Schlatter (Grupo Schlatter), Marcelo Pereira Ribeiro (Grupo Tamburi) e Rogério Ferrarin (Grupo GGF), o custo de empréstimo de capital hoje é impeditivo para o setor produtivo.

De acordo com Schlatter, o agricultor precisa ter muito cuidado com os cálculos relacionados à relação de troca de insumos pela produção: “O produtor precisa aprender a gerenciar seus riscos e fazer o planejamento financeiro considerando cenários otimistas e pessimistas”.

Agro brasileiro é um mercado de alta relevância para a Corteva

A vice-presidente global de assuntos públicos da Corteva Agriscience, Shona Sabnis, revelou que a multinacional especializada em tecnologias de insumos agrícolas investe cerca de US$ 4 milhões por dia em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Anualmente, a cifra chega a US$ 1,4 bilhão, considerando moléculas químicas e a nova fronteira dos bioinsumos. “O Brasil é de alta relevância para a Corteva”, disse a executiva, acrescentando que a empresa quer assegurar que o agricultor brasileiro tenha acesso à inovação de alta performance de maneira similar à que é oferecida em outros mercados mundiais.

Pecuária moderna se distancia de setor emissor de gases de efeito estufa

O presidente e CEO global da Alltech, Mark Lyons, disse que a pecuária tem o desafio de melhorar sua comunicação com a opinião pública para mostrar que o setor não é um vilão quando se trata de emissões de gases na atmosfera. De acordo com o executivo, o segmento investe incessantemente em novas tecnologias e técnicas de manejo do plantel para elevar a eficiência produtiva e reduzir as emissões.

COP será oportunidade para o agro brasileiro

A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, afirmou que o agro brasileiro não pode perder a oportunidade de se posicionar na COP30, que acontece em novembro em Belém (PA), como parte da solução, e não do problema, no combate às mudanças climáticas: “A Embrapa será a casa do agro brasileiro na Conferência do Clima, uma vitrine das tecnologias e boas práticas sustentáveis do agro brasileiro para o mundo”.

Também presente no painel, o presidente da ABCZ, Gabriel Garcia Cid, discorreu sobre a modernização tecnológica da pecuária brasileira, que viabilizou ganhos de rendimento dos rebanhos e avanços na qualidade da carne. O coordenador da FGV Agro, Guilherme Bastos, pontuou que a agenda no agro tem de conciliar o acesso das pessoas a alimentos e energia com retorno financeiro para o produtor. Por sua vez, o diretor comercial da Koppert, Gustavo Herrmann, tratou da expansão das ferramentas de controle biológico na agricultura brasileira.

Negacionismo persiste

A ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Brundtland, precursora do termo “desenvolvimento sustentável”, alertou que há uma proliferação de desinformação, sobretudo nas redes sociais, a respeito dos impactos das mudanças climáticas. “Na verdade, existem países e políticos que querem que esse fluxo de desinformação continue e aumente em favor de interesses próprios”, disse a ex-diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo Gro, é preciso, de alguma forma, regular o ambiente digital contra as fake news, que desinformam e desvalorizam a ciência. De acordo com a ex-ministra, o Brasil tem potencial para liderar uma mobilização global na temática de combate aos impactos das mudanças climáticas.

COP30 será virada de chave para agenda produtiva sustentável

O governador do Pará, Helder Barbalho, afirmou que a Conferência das Mudanças Climáticas, que será realizada em Belém, em novembro, será uma virada de chave para a agenda da sustentabilidade no Brasil: “Daqui em diante, só quem conciliar sua atividade produtiva com redução de emissões de gases de efeito estufa continuará operando ativo no mercado.” Segundo Barbalho, o risco relacionado ao clima não é mais uma escolha, mas sim um elemento de estabilidade política e econômica.

Filantropia para as florestas

O secretário executivo do Consórcio Amazônia Legal e Conselheiro da Tropical Forest Alliance, Marcello Brito, disse que a agenda de recursos da comunidade internacional de caráter filantrópico destinados à proteção das florestas está esgotada. “Daqui em diante, esse tipo de financiamento só retornará caso o desmatamento e a grilarem de terras sejam, de fato, extirpados”, disse.

Para a diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, o fato de os indicadores considerados para se medir práticas sustentáveis estarem baseados na realidade da agricultura de clima temperado prejudica o agro brasileiro tropical. “Essas métricas precisam ser únicas”, disse.

De acordo com o diretor de Relações Governamentais da Suzano, Leonardo Mercante, as florestas plantadas não são passíveis de geração de créditos de carbono sob o guarda-chuva do Acordo de Paris exatamente por causa de controvérsias metodológicas. Para o professor e conselheiro da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Christian Lohbauer, é preciso interromper o fluxo de informações equivocadas acerca do agro brasileiro que são transmitidas para fora do País.

Sistema ILPF é exemplo de sustentabilidade

O presidente executivo da Rede ILPF, Francisco Matturro, destacou o trabalho que a Rede ILPF vem desenvolvendo para expandir a adoção do Sistema de Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no agro brasileiro. O painel teve moderação de Cesario Ramalho, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira e atual coordenador do Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), e também contou com a participação do chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti.

Em 2025, a Rede ILPF ampliou para mais quatro estados – Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro – o programa Integra destinado a estimular a expansão do Sistema de Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no agro brasileiro.

A iniciativa contempla uma extensa agenda de difusão de conhecimento e de transferência de tecnologias entre técnicos, produtores e instituições parceiras, por meio de dias de campo, palestras, treinamentos, encontros técnicos e mentorias.

Produção de biocombustíveis e de alimentos se complementam

“A agricultura energética está alavancando a produção de alimentos”, disse o presidente da DATAGRO, Plinio Nastari. O painel procurou desmistificar um dos maiores mitos: o de que a produção de biocombustíveis compete com o cultivo de alimentos. Moderada por Guilherme Nolasco, presidente executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), a sessão contou com a participação de Harold Wolle, membro do Conselho da National Corn Growers Association (EUA), e Luciane Chiodi Bachion, sócia e pesquisadora sênior da Agroicone. Todos reforçaram que a agricultura energética, quando bem conduzida, é uma aliada direta da segurança alimentar.

“Hoje, a produção de etanol de cana e de milho gera subprodutos”, disse Bachion. “Quanto mais se produz etanol de cana, mais se produz açúcar. O milho, por sua vez, gera óleo. Isso aumenta a produção de alimentos e combustível ao mesmo tempo.” Já Harold Wolle alertou para o impacto negativo da desinformação: “Quando os países não usam políticas baseadas em ciência, os produtores sofrem”.

Bioinsumos são uma necessidade no campo

Com uma área potencial de mais de 156 milhões de hectares na safra 2024/25, os bioinsumos são uma realidade nas lavouras brasileiras. A sustentabilidade agregada ao setor pela tecnologia foi tema de painel que contou com a participação de Eduardo Leão, diretor-presidente da CropLife Brasil (CLB), associação que representa a indústria de pesquisa e desenvolvimento de bioinsumos. Leão levantou questões sobre o papel dos bioinsumos na agricultura brasileira, o potencial das novas tecnologias para aumentar a produção de alimentos e a importância do manuseio adequado para garantir a eficácia para os debatedores. “Hoje, no Brasil, 26% das terras cultivadas já utilizam bioinsumos, e isso ocorre porque o produtor percebeu que é uma tecnologia sustentável e que está dando retorno”, afirmou.

Claudio Brisolara, economista da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), destacou o potencial transformador dos bioinsumos: “Eles têm capacidade de levar a agricultura brasileira para outro patamar”, disse. “Nós temos um potencial de biodiversidade escondido no Brasil e estamos apenas no começo.”

Para Frédéric Beudot, líder global de biológicos da Corteva Agriscience, os bioinsumos contribuem para a eliminação de pragas e possibilitam a produção de mais alimentos, especialmente em um cenário de crescimento populacional e aumento da demanda por alimentos. “Os bioinsumos deixam de ser uma tendência e passam a ser uma necessidade no campo”, afirma o executivo da Corteva.

Além deles, a diretora de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura (Mapa), Edilene Cambraia, e o diretorexecutivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Marcio Portocarrero, também participaram do painel.

A força do Porto de Santos 

Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária do Porto de Santos, e Fernando Quintas, presidente da CS Infra, em painel conduzido por Gabriel Fonseca, gerente-geral comercial na VLI Logística, promoveram um debate sobre o papel primordial e a expansão de um dos setores que mais fazem a indústria agro rodar: o transporte de cargas.

O painel destacou que cerca de 30% do custo do agronegócio está ligado à cadeia logística.

 Pomini ressaltou que “um quarto de todas as exportações brasileiras passa pelo Porto de Santos”, que, em 2024, bateu recorde com aproximadamente 180 milhões de toneladas movimentadas, equivalentes a mais de 16 mil caminhões por dia. O painel também abordou a importância da diversificação das rotas de exportação.

Agro pode transformar o Brasil num país melhor

Luiza Helena Trajano é uma das empresárias mais influentes do Brasil, reconhecida por sua trajetória à frente da rede varejista Magazine Luiza. Além de seu papel no mundo corporativo, Luiza Trajano se destaca também por sua atuação social. Ela é fundadora do grupo Mulheres do Brasil, iniciativa que reúne milhares de mulheres de diferentes áreas para atuar em causas como educação, empreendedorismo, combate à violência e igualdade racial e de gênero. Trajano foi convidada para palestrar no painel “ESG Nos Novos Tempos”. Ao lado de Sylvia Brasil Coutinho, ex-CEO da UBS Brasil e América Latina e membro do conselho Edenred e Cosan, ela discorreu sobre governança e eficiência no mundo dos negócios.

A CEO do Magazine Luiza também comentou sobre sua paixão pelo Brasil e a crença de que o País tem potencial enorme para prosperar e se configurar entre os mais ricos do mundo. Por fim, falou sobre sua paixão pela agricultura, desenvolvida depois que adquiriu uma fazenda no interior de Minas Gerais. “Eu aprendo muito a ser resiliente com a terra e o agro”, disse Trajano. Na sua visão, o agronegócio tem o poder de transformar o Brasil num país melhor.

Brasil como referência no agro mundial

No painel moderado por Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e Pecuária, Guilherme Scheffer, diretor da Scheffer Oficial; Marcus Thieme, CEO da Caramuru Alimentos; e Ricardo Faria, chairman da Global Eggs, avaliaram a posição de referência do produtor brasileiro no mundo e as oportunidades do agro nacional.

À frente de empresas líderes em suas respectivas áreas (algodão, ovos e grãos), os painelistas detalharam como os negócios estão se adaptando às demandas do mercado com o apoio de novas tecnologias e a expansão do portfólio de produtos. Para Faria, é preciso reafirmar o potencial do agronegócio brasileiro como um dos principais agentes da produção sustentável para o exterior.

Dólar entra em ciclo de desvalorização

O painel contou com Pablo Spyer (Vai Tourinho S/A), Alex Lima (DA Economics), Roberto Luis Troster e Felipe Guerra (Legacy Capital). O diagnóstico comum é de um ambiente volátil, com juros pressionados, incerteza fiscal e uma reorganização nas dinâmicas globais de investimento. O dólar começa a perder tração em razão do comportamento errático dos Estados Unidos, da persistência da inflação doméstica e de tensões comerciais. Há sinais de que a moeda americana entrou em um ciclo negativo, o que abre espaço para a valorização de ativos em economias emergentes, como o Brasil.

No mesmo painel, Pedro Freitas (XP Banco de Atacado), Alexandre Trevizan (Re/Max Agro), Guilherme Rodrigues da Cunha (Ceres Investimentos) e outros palestrantes discutiram sobre o mercado de terras. Segundo eles, o mercado de terras ainda carece de estrutura e liquidez, o que limita sua atratividade no curto prazo.

GAFFFF utilizou 45 mil litros de combustível 100% renovável

O GAFFFF utilizou 45 mil litros de combustível 100% renovável para abastecer os geradores responsáveis pela energia e fazer todo o evento funcionar. O biocombustível foi fornecido pela Be8, uma das maiores produtoras de biocombustíveis do Brasil. Além de viabilizar a realização dos painéis, da feira e dos shows, o emprego do biocombustível contribui para a redução da emissão de gases de efeito estufa, em uma iniciativa concreta de descarbonização.

Realizadores

O Global Agribusiness Festival é uma realização de: DATAGRO, Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Associação Brasileira de Produtores de Milho (Abramilho), Bioenergia Brasil, CropLife Brasil, Aliança Internacional do Milho (Maizall), Sociedade Rural Brasileira (SRB) e União Nacional do Etanol de Milho (Unem). XP e Corteva Agriscience apresentaram a edição do GAFFFF de 2025.

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