A ENERGIA DA CANA- A MOBILIDADE SUSTENTÁVEL DO FUTURO

Por Plinio Nastari A cana-de-açúcar responde por 18% da oferta primária de energia no Brasil, atr


02.08.21

Por Plinio Nastari

A cana-de-açúcar responde por 18% da oferta primária de energia no Brasil, atrás apenas do petróleo (34,4%), e à frente da energia hidráulica (12,4%) e do gás natural (12,2%). E por larga margem a energia renovável de origem na biomassa mais relevante de nossa matriz energética, e tem uma grande importância, principalmente na geração de combustível líquido, etanol e bioeletricidade, produzidos de forma sustentável.

Em 2020, o etanol de cana substituiu 48% de toda a gasolina consumida no Brasil, através da mistura de 27% de etanol anidro misturado à gasolina, e do uso de etanol hidratado na frota flex, que representa 86% da frota de veículos leves do País. A bioeletricidade gerada com biomassa foi responsável por mais de 52 mil GWh de geração elétrica, ofertados principalmente nos meses de inverno, quando as hidrelétricas operam em regime de baixa pela sazonalidade hidrológica. Assim, a bioeletricidade eleva a capacidade de geração de base do sistema hidráulico, sem investimentos adicionais e sem a necessidade de construção de mais represas, para armazenamento de água, e linhas de transmissão. A geração elétrica, assim como o etanol, é produzida próxima aos centros de consumo, evitando investimentos e as perdas com transmissão, que no Brasil são muito significativos.

Mais recentemente, novas rotas de diversificação têm sido desenvolvidas com a produção de etanol de segunda geração, através do aproveitamento de bagaço e palha para a geração de etanol celulósico e a produção de biogás. O biogás gerado pela biodigestão de resíduos do processo industrial como a vinhaça e a torta de filtro, quando queimado em motores elétricos, aumenta significativamente a geração de bioeletricidade, e, quando purificado e transformado em biometano, é equivalente ao gás natural fóssil e pode ser utilizado para substituir o óleo diesel usado em caminhões, tratores e colhedoras, ou injetado diretamente nos gasodutos por ser fungível ao gás natural fóssil.

O mundo inteiro busca novas formas de energia que sejam sustentáveis, eficientes do ponto de vista energético e limpas para o meio ambiente. O etanol de primeira e de segunda geração, a bioeletricidade, o biogás, o biometano, o bagaço e a palha em pellets, para substituir carvão mineral em termelétricas tradicionais, representam essa forma de energia que o mundo almeja. E faz isso de forma replicável, pois usa uma tecnologia que é conhecida e dominada. E escalável, pois pode começar pequena e crescer ao longo do tempo. E acessível em preço ao consumidor, pois é adaptada a formas de utilização já consagradas, sem a exigência de construção de uma nova infraestrutura de produção, armazenagem e distribuição. Não usa recursos naturais escassos, como metais raros ou preciosos. Gera emprego e renda descentralizados, e tem um impacto positivo muito grande em termos de redução de emissões locais e globais, e, portanto, na saúde.

Os setores produtor e processador de cana-de-açúcar se complementam e atuam de forma integrada, gerando energia e alimento para o Brasil e para o mundo. Na safra 2020/21, encerrada no final de março de 2021, além de fornecer o etanol que viabilizou a substituição de 48% de toda a gasolina consumida no País, produziu também açúcar para abastecer todo o mercado doméstico e gerar exportações de mais de 32,2 milhões de toneladas, suprindo um mercado livre global estimado em 54,6.

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