Uma catástrofe que pode render negócios

A Coluna Revolução das Máquinas nesta semana toma a liberdade de comentar sobre algo muito maior.


24.05.19

Marco Lorenzzo Cunali Ripoli, Ph.D. é Engenheiro Agrônomo e Mestre em Máquinas Agrícolas pela ESALQ-USP e Doutor em Energia na Agricultura pela UNESP, executivo, disruptor, empreendedor, inovador e mentor. Proprietário da BIOENERGY Consultoria e investidor em empresas. Acesse www.marcoripoli.com

A Coluna Revolução das Máquinas nesta semana toma a liberdade de comentar sobre algo muito maior.

A China, maior produtora e consumidora de carne suína do mundo, vive um processo de crescimento do país que atualmente prevê ter 40% da sua população na classe média até 2020.  Isso representará um elevado poder de consumo e oportunidade aos países que desejam exportar para este mercado tão relevante que, diga-se de passagem, escolhe de que país deseja compra, o que comprar e como pagar.

O país vive também um drama, a epidemia peste suína africana (PSA). Trata-se de uma doença altamente contagiosa, causada por um vírus, e não acomete o homem, sendo exclusiva de suínos domésticos e asselvajados (javalis e outros cruzamentos).  Com a crise na produção chinesa, as exportações brasileiras de soja em grãos são diretamente impactas, pois o alimento é usado na elaboração da ração dos animais.  A ABIOVE (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) estima uma queda de US$ 2,1 bilhões na receita de exportação do grão em 2019.

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Outro impacto importante é o reflexo na inflação, já que a carne suína no atacado teve o preço 17,1% mais caro, segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas).  Os bancos Safra e Santander subiram suas estimativas de inflação (IPCA), com base nos desdobramentos negativos da peste para 4%.

Em recente comunicado, o Rabobank indica que as exportações brasileiras de carne suína para a China irão aumentar 65% neste ano, atingindo 260 mil toneladas, comparadas às 156,2 mil toneladas enviadas em 2018.  Volume que apenas considera os frigoríficos habilitados para exportar.  O banco ainda menciona que o crescimento das exportações do Brasil para a China será pequeno, em volume, porém a China deve importar 5 milhões de toneladas neste ano, mais que o dobro das 2 milhões de toneladas trazidas do exterior no ano passado.

A economia brasileira já sente os primeiros impactos da peste que, desde setembro de 2018, obrigou a China a sacrificar aproximadamente 200 milhões de suínos, reduzindo em 35% sua produção local de carne deste animal. Este ano, em abril, as exportações brasileiras de suínos atingiram US$ 35,8 milhões só para a China, que de acordo com o CEPEA/ESALQ, foi o maior valor mensal vendido desde 1997, um resultado 42% acima do obtido com exportações em abril de 2018.  Sempre é possível encontrar novas oportunidades em momentos ruins.

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TAGS: China, Peste suína