Edição 42 - 12.05.24
Terra de conflitos
Desde o início da invasão russa na Ucrânia, o agronegócio do país foi afetado de forma severa. Para ajudar os ucranianos, a União Europeia aprovou, ainda em junho de 2022, um pacote de medidas que incluía a liberação do pagamento de tarifas de importação de produtos agrícolas transportados por via terrestre e distribuídos em outros países do bloco europeu. O pacote foi renovado em 2023 e, novamente, em 2024, por mais um ano. “Ao renovarmos essas medidas, demonstramos o nosso apoio inabalável à Ucrânia, protegendo ao mesmo tempo o mercado interno de aumentos excessivos nas importações de certos produtos agrícolas sensíveis”, afirmou Hadja Lahbib, ministra dos Negócios Estrangeiros da Bélgica, que detém a presidência rotativa da União Europeia.
Em uma tentativa de proteger outros produtores europeus da concorrência, há um mecanismo de emergência que estabilizaria os volumes médios de importação em 2022 e 2023, principalmente para produtos mais sensíveis, como aves, ovos e açúcar. Isso significa que, se as importações desses produtos excedessem os volumes médios, tarifas seriam reimpostas para garantir que o mercado não fosse prejudicado. A medida emergencial foi incluída para tentar satisfazer os produtores locais, que consideram a entrada de produtos ucranianos sem imposto uma competição injusta.
Os produtores poloneses estão entre os mais furiosos com as medidas. Embora a Polônia tenha apoiado a Ucrânia desde o início da invasão russa, desafios logísticos têm feito com que muitos dos produtos ucranianos não sejam levados para outras regiões da Europa e fiquem parados em terras polonesas, prejudicando o mercado interno. Depois que a União Europeia anunciou a renovação do pacote de medidas, produtores organizaram bloqueios em diversos pontos do país, fechando rodovias com tratores. A situação é complexa. Se há a necessidade de oferecer ajuda à Ucrânia enquanto a invasão persistir, é preciso encontrar meios de não prejudicar outros mercados.