Vinhos “Single Vineyard” brasileiros

Normalmente, os vinhos são elaborados com uvas provenientes de diferentes parcelas de um vinhedo. Q


29.08.22

Irineu Guarnier Filho é jornalista especializado em agronegócio, cobrindo este setor há três décadas. Metade deste período foi repórter especial, apresentador e colunista dos veículos do Grupo RBS, no Rio Grande do Sul. É Sommelier Internacional pela Fisar italiana, recebeu o Troféu Vitis, da Associação Brasileira de Enologia (ABE), atua como jurado em concursos internacionais de vinhos e edita o blog Cave Guarnier. Ocupa o cargo de Chefe de Gabinete na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul

Normalmente, os vinhos são elaborados com uvas provenientes de diferentes parcelas de um vinhedo. Quando um vinho resulta da prensagem de uvas de apenas um lote do vinhedo – que por sua localização, solo ou influência do clima se tornou muito especial – é conhecido internacionalmente pelo nome “Single Vineyard”. A singularidade desses vinhedos aporta aos vinhos SV características únicas. Os vinhos são até engarrafados separadamente para garantirem fidelidade ao seu terroir de origem.

A denominação em inglês até pode ser novidade, pelo menos para quem não está familiarizado com o vocabulário do mundo de Baco, mas a prática é antiga: a França, por exemplo, sempre teve seus “Crus”, que nada mais são do que parcelas especiais de um vinhedo. Portugal e Espanha também fazem vinhos de vinhedos únicos. Mas, de um tempo para cá, os produtores do Novo Mundo adotaram com entusiasmo essa modalidade.

No Brasil, vinhos do tipo Single Vineyard ainda são raros. Mas eles estão aparecendo. A vinícola Miolo acaba de lançar uma coleção de seis vinhos com esta classificação – quatro tintos e dois brancos -, que refletem as características de vinhedos singulares da Campanha Gaúcha e do Vale do São Francisco. São eles: Miolo Single Vineyard Cabernet Franc 2021, Touriga Nacional 2021, Pinot Noir 2021, Riesling Johannisberg 2021, Alvarinho 2022, e o Miolo Single Vineyard Syrah 2021.

O sexteto reúne terroirs de três regiões produtoras. De micro lotes de Candiota, na Campanha Meridional gaúcha, vêm o branco Alvarinho e os tintos Touriga Nacional e Pinot Noir. O Riesling Johannisberg e o Cabernet Franc nascem de micro lotes em Santana do Livramento, na Campanha Central. Já o Syrah, expressa a tipicidade de um microlote do Vale do São Francisco, no Nordeste do Brasil.

O diretor superintendente da vinícola, Adriano Miolo, diz que esses vinhos são o resultado de um longo aprendizado: “Aprendemos com o solo, com o clima, com as pessoas que habitam cada lugar. Fizemos muitos testes com cada variedade para observar o que de melhor cada terroir pode nos entregar. É preciso ter paciência e dar tempo ao tempo. Somente assim foi possível compreender o que a natureza nos entrega e, a partir daí, aplicar conhecimento com uma viticultura de precisão, capaz de fazer sobressair a expressão e a tipicidade de cada lugar”.

Que venham mais vinhos Single Vineyard brasileiros!

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