O METAVERSO ENTRA EM CAMPO

Com o aumento da conectividade nas áreas rurais, a nova tecnologia começa a ser usada também no a


Edição 37 - 10.07.23

Com o aumento da conectividade nas áreas rurais, a nova tecnologia começa a ser usada também no agronegócio. E o Brasil está na vanguarda da nova era 

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Por Rodrigo Ribeiro 
 
Nos últimos dois anos, o metaverso se tornou uma nova fronteira tecnológica. Não é para menos. O ambiente virtual no qual pessoas de carne e osso são capazes de viajar por cenários diversos, interagir entre si, negociar bens e realizar outras transações financeiras representa, de fato, extraordinária revolução. Embora o desenvolvimento do metaverso esteja ainda na sua fase inicial, ele já começa a provocar grandes transformações em diversos setores econômicos. No agronegócio, não é diferente.  
 
Com o aumento da conectividade no campo – fenômeno que se intensifica a cada ano nas áreas rurais brasileiras –, a nova tecnologia passou a ser considerada pelos protagonistas do setor como uma porta repleta de oportunidades. “O metaverso poderá repetir em poucos anos o impacto monumental que a internet provocou no mundo dos negócios”, diz o consultor Eduardo Tancinsky, especializado em tecnologia. “Estamos prestes a ingressar em uma nova era.” 
 
Como um dos protagonistas do agronegócio global, o Brasil lidera projetos importantes na área. Desde o final do ano passado, observa-se no agro um movimento que busca fisgar oportunidades trazidas pela nova tecnologia. Uma das iniciativas em curso é o Brasil Agriland, um espaço de relacionamento composto por auditório, local reservado para exposições de produtos e outros ambientes imersivos voltados para profissionais do setor agrícola – tudo isso, claro, reunido no mesmo universo virtual.  
 
O Agriland foi gestado no hub Agribusiness, que pertence à DC Set, um dos principais grupos de entretenimento do Brasil. Segundo o empresário Bruno Wegmann, sócio da empresa, uma das ideias é criar um ambiente voltado para a capacitação de profissionais de alguma maneira conectados com o ecossistema agrícola, algo fundamental em um setor que não para de crescer e gerar novas frentes de negócios. O projeto será chamado de “Vila do Conhecimento” e deverá contar com o apoio de universidades e centros de pesquisa. Num passo mais ambicioso, o ambiente poderá oferecer formação acadêmica na área agrícola. 

 
De fato, o metaverso é um campo aberto para inúmeras possibilidades. Outra iniciativa que começou a ser gestada recentemente é o Agrispace, desenvolvido pela agtech Culte e que mira principalmente o compartilhamento de tecnologias. Nesse ambiente, os produtores também poderão simular diferentes práticas agrícolas e dividir experiências sobre a gestão de propriedades rurais.  
 
É fácil entender como o Agrispace funciona. Nele, os produtores simulam, por exemplo, diferentes tipos de colheita nas mais diversas condições de solo e clima. Além disso, os fornecedores de tecnologia poderão apresentar suas soluções e ferramentas, demonstrando como elas melhoram a eficiência e a produtividade das lavouras.  
 
Para o consultor Eduardo Tancinsky, esse é um caminho sem volta. “À medida que a conectividade avança no campo, o metaverso tende a se tornar uma das tecnologias dominantes”, diz. “Acredito especialmente no potencial educativo dos ambientes virtuais. Em todas as regiões do País, será possível capacitar produtores ou qualquer profissional que atue dentro das porteiras.” 

 
De fato, projetos de aprendizado têm sido o principal foco dos metaversos agrícolas. É assim nos Estados Unidos e na China, que lideram o desenvolvimento desses sistemas. No Brasil, o AgroVersus, metaverso criado pela agência Casa Mais, pretende lançar programas de treinamento destinados a profissionais do campo. A iniciativa também ambiciona ser referência no armazenamento de dados. Em um menu de navegação, por exemplo, o produtor poderá acessar informações sobre pragas e descobrir como combatê-las. 
 
Como não poderia deixar de ser, o sonho de replicar a vida real em um ambiente virtual atraiu a atenção das principais empresas de tecnologia do mundo. Apple, Google e Microsoft, para citar apenas algumas, destinam todos os anos bilhões de dólares para desenvolver a chamada Web 3.0. O maior entusiasta da inovação é o americano Mark Zuckerberg, que até mudou o nome de sua empresa, o Facebook, para Meta, de forma a reforçar sua aposta nos universos virtuais. Até agora, Zuckerberg despejou nada menos do que US$ 10 bilhões no Horizon Worlds, como é chamado o metaverso da Meta.   
 
O termo “metaverso” foi criado há três décadas pelo escritor americano Neal Stephenson no romance Snow Crash, publicado em 1992. No cinema, os filmes Matrix, de 1999, e Jogador Número 1, de 2018, exploraram o conceito de maneira genial. O embrião do metaverso nasceu em 2003. Trata-se do game Second Life, um ambiente interativo 3D que permitia a socialização entre avatares. Contudo, os recursos tecnológicos limitados da época impediram que o projeto seguisse adiante. Agora, equipamentos como novos óculos de realidade virtual associados à maior cobertura de conectividade deverão fazer a tecnologia deslanchar. E o agronegócio está pronto para aproveitar a onda. 

Fotos: Shutterstock