JAPÃO

[Nota abre – fotos no drop] Produtividade sem estresse Cientistas japoneses identificam famílias


20.02.23

[Nota abre – fotos no drop]

Produtividade sem estresse

Cientistas japoneses identificam famílias de hormônios que podem que ajudar a aumentar a produção de plantas submetidas a situações desfavoráveis a seu crescimento

O professor Yoshikatsu Matsubayashi, da Universidade de Nagoya, no Japão, fez do seu laboratório uma espécie de divã das plantas. Nos últimos anos, ele tem se dedicado a estudar o que acontece com elas quando estão estressadas – sim, as plantas também sofrem de estresse. E, com base nas respostas obtidas, quer encontrar mecanismos para evitar que essa condição as impeça de continuar se desenvolvendo da mesma forma que o fariam se estivessem plenamente sadias.

Matsubayashi tem uma espécie especial de pacientes: uma variedade de agrião razoavelmente comum no seu país. Ele as tem submetido a situações, digamos, pouco agradáveis, para entender a fundo o que acontece com elas quando confrontadas com o sofrimento provocado por clima extremo, doença ou solos insalubres. Diante dessas condições, é natural que as plantas gastem energia para atenuar o estresse, ao invés de concentrarem seu esforço no crescimento. O pesquisador acredita que, se puder entender exatamente como elas acionam esse processo, pode criar mecanismos para que elas, quando em situações mais favoráveis, possam ter um rendimento acima da média, aumentando, assim, a produtividade das lavouras.

O trabalho é promissor e o laboratório-divã do professor já trouxe algumas descobertas relevantes nesse sentido. Através do estudo de três receptores hormonais, os pesquisadores da equipe de Matsubayashi identificaram um mecanismo ainda desconhecido dentro da composição química da planta que regula se o organismo usará sua energia para tolerar estressores ou crescer.

O hormônio que corresponde a essa função ainda era desconhecido e faz parte de uma nova família de substâncias que eles batizaram de PSY. Trata-se de um grupo de compostos que funcionam como um hormônio dentro do agrião, ligando-se a receptores e agindo como um interruptor para direcionar a energia da planta para a necessidade que o ambiente impõe: respostas ao estresse ou crescimento.

A descoberta tem o potencial de permitir que, no futuro, os cientistas controlem essa resposta ao estresse e produzam hormônios nas plantas para aumentar o rendimento das culturas. Ao cultivá-las em condições estressantes – incluindo calor extremo e solos salgados ou mesmo infectando-as com bactérias — eles

Percebera, que as plantas estressadas param de produzir os hormônios PSY. Com deficit dessas substâncias, verificaram uma elevação de genes associados à resposta ao estresse no organismo. A conclusão foi a de que, quando em condições adversas, em vez de criar o hormônio PSY, que podem colocá-la no modo de crescimento, a planta concentra sua energia em simplesmente sobreviver – atrofiando efetivamente seu próprio crescimento.

O próximo passo de Matsubayashi é assumir o controle desse “interruptor”, abrindo caminho para  que os cientistas possam girá-lo intencionalmente no futuro. Assim, em cultivos em ambientes fechados ou em ambientes de baixo estresse, poderiam direcionar toda a energia da planta exclusivamente no crescimento.

O estudo demonstrou que o mecanismo encontrado no agrião está presente na maior parte das plantas, o que indica que as descobertas podem ser aplicadas a boa parte das culturas agrícolas. “Esse mecanismo torna possível controlar artificialmente o equilíbrio entre tolerância ao estresse e rendimento, que é uma relação de troca”, afirma Matsubayashi. “Gerar cultivares com atividade reduzida do receptor PSY pode levar a maiores rendimentos nesses ambientes controlados”. Sem estresse.

[Nota 2 – foto no drop]

CHINA

O agro doente

A praga é resistente e afeta tanto a agricultura quanto a pecuária chinesas. São quase três anos prejudicando fazendas e indústrias de alimentos de várias províncias do país. Diferentemente do que acontece em grande parte do mundo, os efeitos a Covid-19 ainda provocam prejuízos e interrompem as atividades em diferentes segmentos do agronegócio da China. Assim como tem acontecido nas cidades, a política de controle absoluto da doença imposto pelo governo chinês fez com que se intensificasse a rotina de protestos também na zona rural. Mesmo a controlada mídia local passou a exibir, no final de novembro passado, imagens de produtores destruindo plantações ou jogando fora sua produção por não estarem conseguindo acesso aos principais mercados. Com quarentenas e bloqueios impedindo o comércio nas grandes metrópoles, não há como escoar o que se produz. Segundo a agência Bloomberg, em províncias como Shandong e Henan caminhões e comerciantes não podem entrar nas aldeias para coletar produtos devido a restrições de deslocamento. Já no noroeste do país, animais que não puderam ser transportados para outra localidades morreram em consequência de nevascas. Até o Farmer’s Daily, publicação apoiada pelo estado chinês, protestou: “Os cidadãos querem comida, os agricultores querem renda e as temporadas agrícolas não esperam por ninguém”.

 

[Nota 3 – usar foto de onça]

ARGENTINA

Amigos da onça

Animal símbolo de regiões brasileiras como o Pantanal, a onça já foi numerosa em outros países sulamericanos. Na Argentina, por exemplo, ela costumava habitar zonas de matas nas províncias mais setentrionais, como a de Corrientes. Hoje, porém, estima-se que existam menos de 300 desses grandes felinos vivos no país vizinho. Por isso, organizações conservacionistas não medem esforços para promover sua reintrodução em parques nacionais como o de Iberá. Durante mais de 70 anos não houve registros de visualizações de onças em sua área. Mas em 2022 foi possível comemorar o nascimento de dois filhotes, resultado de uma “operação cupido” que aproximou um casal da espécie vindo de outro parque. Em março passado, a fêmea Mbarete, nascida no parque, a 600 km de distância, foi apresentada a Qaramta, único macho conhecido no parque nacional El Impenetrable, a 600 km de distância. Deu match! Em setembro, a população de Iberá aumentou, coroando um romance cuidadosamente planejado e acompanhado atentamente pelos argentinos.