O planeta das formigas

Estudo global aponta que existem mais de 20 quatrilhões desses insetos. Por que esse número é im


16.12.22

Estudo global aponta que existem mais de 20 quatrilhões desses insetos. Por que esse número é importante?

Para cada humano na face da Terra existem 2,5 milhões de formigas. É uma forma mais simples de indicar o resultado de um levantamento feito por cientistas da Universidade de Hong Kong, divulgado recentemente na Proceedings of the National Academy of Sciences , uma das mais respeitadas publicações científicas do mundo. Outra forma seria citar o número total, até difícil de imaginar: 20.000.000.000.000.000. Você não viu errado: são 20 quatrilhões.

Para chegar a esse número, os pesquisadores analisaram 489 estudos realizados por cientistas de todo o mundo. A partir deles, concluíram que, reunidas, elas representam um peso total de 12 megatoneladas de carbono (dry carbono), padrão usado para medir a biomassa de animais. É mais do que a soma de todos os mamíferos e aves que habitam o planeta.

Há mais do que simples curiosidade nesse estudo, que envolveu pesquisadores e vasculhou dados em todos os continentes – apenas no Alaska e em algumas regiões da África as informações foram consideradas insatisfatórias. Onipresentes, as formigas têm diferentes papeis, quase sempre relevantes, para o bem-estar de diferentes ecossistemas, assim como para a agricultura, onde muitas vezes são vistas apenas como pragas.

Os túneis que escavam ajudam a arejar o solo e muitas vezes as sementes que arrastam para eles brotam e ajudam na recomposição de áreas. Além disso, são fonte de alimentos para uma série de pássaros, mamíferos e artrópodes. Nas florestas, contribuem para a decomposição de madeira morta, contribuindo para os ciclos da vida.

Além disso, formigas são especialmente fascinantes para cientistas pelo seu comportamento social. Muitos laboratórios mantêm formigueiros voltados especialmente para estudos em torno desse tema e as informações ali obtidas têm sido utilizadas em vários campos inusitados, como a engenharia de tráfego.

A pesquisa agora divulgada é a primeira de uma série, que pretende entender a evolução da população desses insetos. Entomologistas de todo o mundo vêm observando declínios em várias espécies, como borboletas, abelhas e besouros, importantes agentes polinizadores, e estima-se que 40% delas correm risco de extinção. Também já foram identificadas reduções na população de formigas em pontos específicos de países como Alemanha e Porto Rico. Mas não há dados globais históricos confiáveis.

“Para ser honesto, não temos ideia”, disse Patrick Schultheiss, pesquisador e um dos líderes do estudo, atualmente professor da Universidade de Würzburg, na Alemanha, ao The Washington Post quando questionado sobre uma eventual queda populacional das formigas. Segundo ele, houve “um esforço verdadeiramente global” para se chegar aos números atuais. E novos esforços serão feitos no futuro para entender o que está acontecendo.

Inglaterra

A volta dos bisões

Apenas dois animais em 210 hectares de bosques. E 1,575 milhão de libras, algo como R$ 9 milhões, no câmbio do início de outubro). É esse o ponto de partida de um projeto ambicioso: reintroduzir o bisão europeu em solo britânico. O mamífero, praticamente extinto no século passado, é considerado estratégico para a recuperação do ecossistema nativo da Inglaterra e o primeiro passo para que ele volte a correr solto por lá esytá sendo dado no Wildwood Wildlife Park, na região de Kent, no Sul do país. Será replicado ali um modelo que teve sucesso em experiências semelhantes na Polônia, na Holanda e na Romêmia. Hoje existem 7,5 mil bisões vivendo livres em reservas no continente europeu – todos descendentes de uma dúzia de animais criados em zoológicos. Nas florestas, eles atuam como “engenheiros de ecossistemas”: ao fazer suas atividades normais – pastar, forragear, pisar, chafurdar, defecar –, eles mantêm a floresta de uma maneira que humanos com máquinas pesadas não conseguem. “Eles vão administrar a floresta para nós”, afirma Tom Gibbons, administrador de Wildwood, para onde mais animais devem ser trazidos em breve. “E farão isso de graça”.

Finlândia

Coma os ossos

Frangos representam 40% da oferta global de proteína animal., segundo dados da FAO. Mas poderiam alimentar ainda mais pessoas sem que nenhuma ave a mais fosse abatida, segundo os finlandeses Tuomas Koskinen e Santtu Vekeli, fundadores da startup SuperGround. A empresa patenteou um processo para transformar os ossos dos frangos em uma massa homogênea e saborosa, que pode ser usada para engrossar a carne de frango moída usada em produtos como nuggets. O segredo está em misturar ossos que ainda têm um pouco de carne com uma proteína vegetal e submeter a altas temperaturas. A mistura, então, é passada por uma extrusora. O resultado é uma pasta com textura indistinguível da carne moída pura. Ao aproveitar todo o “potencial nutricional dos ossos”, como diz em seu site, a SuperGround afirma obter um rendimento 30% maior em cada frango, reduzindo o desperdício e gerando um benefício ambiental à cadeia produtiva. O produto foi apresentado na IFFA, principal feira do setor de carnes, e deve estar disponível em supermercados no próximo ano.

Suécia

Bife com pouco metano…

O rótulo na embalagem traz um desenho fofo: uma vaquinha comendo uma planta qualquer. E, no destaque, um texto chamativo: “O segredo? O rebanho está arrotando e peidando menos graças à nossa pré-adição de algas”. A marca é nova nas prateleiras da rede de supermercados sueca Coop: LOME. Também precisa explicar a sigla, que significa Low on Methane, ou baixa em metano, na tradução literal. Os diferentes cortes de carne são vendidos como os primeiros do mundo oriundos de bovinos alimentados com uma ração contendo algas vermelhas, vegetais marinhos que, além de nutritivos, têm efeito benéfico na digestão dos animais, reduzindo as emissões de metano. As algas são cultivadas pela startup Volta Greentech. A empresa desenvolveu um sistema para produzir as algas em terra, onde afirma obter mais qualidade que no mar. A dificuldade, agora, é escalar a produção. “ainda estamos testando diferentes sistemas de cultivo em estufas e armazéns”, afirma Fredrick Akerman, CEO da Volta.

Estados Unidos

…E carne amiga das aves

Uma das mais conhecidas organizações ambientais americanas, a Audubon Society, está usando um novo indicador para certificar pecuaristas que atuam de forma responsável, trabalhando pela restauração dos ecossistemas em que produz: pássaros. A entidade anunciou recentemente que passou a adotar a presença (em número e diversidade) de espécies de aves como parâmetro ao verificar que, em fazendas que atuaram de forma ambientalmente positiva, elas tendem a retornar e as suas populações crescem. Essa métrica, de certa forma, ajuda a simplificar a mensuração de benefícios ambientais nem sempre simples de quantificar. O novo selo de aprovação da Audubon vem acompanhado da campanha “Carne Amiga das Aves”. O movimento é considerado um marco, já que até então a atuação da maior parte das principais organizações colocava produção agropecuária e preservação como antagonistas. Com o novo conceito, a Audubon concilia as duas atividades na ideia de que é possível manejar a terra de forma a atender a todos os interesses. Quem vai merecer o selo? Os pássaros decidem.

Uganda

Soldados no solo

Há um exército em ação, combatendo a escassez de fertilizantes na África. Os soldados são larvas de moscas da espécie black soldier, que têm a missão de contribuir com agricultores de Uganda, que enfrentam dificuldades de comprar insumos desde que a guerra na Ucrânia interrompeu o comércio internacional de produtos à base de nitrogênio e fósforo. As larvas aceleram um antigo processo biológico, a compostagem. Colocadas em grandes tinas repletas de alimentos fermentados, elas os digerem. O resultado dessa digestão é um fertilizante orgânico de boa qualidade que, literalmente, tem salvado a lavoura no país. Uganda é conhecido pela qualidade de seus cafés e também produz algodão, tabaco e chás. A maior parte da produção está nas mãos de pequenos produtores familiares, cuja renda não acompanhou a elevação dos custos dos fertilizantes sintéticos.