10.10.22
A robótica nas lavouras
Por Marco Ripoli*
Empresas nos quatro cantos do mundo vêm cada vez mais trazendo soluções em inteligência artificial e SaaS (software como serviço) para o agronegócio. Várias delas se encontram no Brasil, muitas vezes fundadas por engenheiros agrônomos, mecânicos, eletrônicos etc.
O foco hoje é nas plataformas digitais de inteligência artificial para o campo (como a Alice AI) e nos equipamentos robotizados, como o robô voltado à produção agrícola em larga escala chamado Solix. Estas plataformas contam com uma quantidade de dados agronômicos de mais de 10 bilhões de informações do campo por dia.
Com este volume de dados e utilizando-se de Machine Learning, o algoritmo desenvolvido calcula o melhor caminho, a melhor prática, o que está dando certo, e indica ao produtor rural quando e como agir, do pré-plantio à pós-colheita, ajudando na tomada de decisões em logística, gestão, rastreabilidade, agronomia e robótica. Alguns destes equipamentos já são movidos a energia solar, contribuindo na diminuição do consumo de combustíveis fósseis, reduzindo o impacto ambiental e social.
Plataformas inteligentes indicam qual o melhor momento para realizar cada operação, direcionando insumos, equipamentos, maquinários e mão de obra com total autonomia. A tecnologia promove o uso racional de agroquímicos, assegura a saúde do solo e viabiliza a agricultura de baixo carbono.
Com base na inteligência artificial, o Solix funciona como os “olhos” da plataforma dentro das lavouras. O robô, desenvolvido em pouco mais de três anos, é completamente autônomo, se movimentando por toda a fazenda, sem necessitar de controle humano. E como isso foi possível?
A tecnologia utiliza dois métodos de condução: um GPS de altíssima precisão (RTK), que o permite seguir linhas previamente programadas, e o outro de câmeras e visão computacional, que identifica onde está a cultura. O equipamento é direcionado pela inteligência artificial, que calcula o trajeto mais eficiente e o momento ideal para realizar as operações onde é necessário. De acordo com o fabricante, a recomendação é de um robô para cada 200 hectares, com capacidade de monitorar 14 milhões de plantas por semana.
A plataforma robótica possui 5 metros quadrados (2,5 x 2,0 m) é capaz de monitorar planta a planta, possibilitando a descoberta de pragas e doenças ainda em seu estágio inicial, promovendo o controle mais rápido e com menor utilização de defensivos.
O robô captura imagens das áreas (e plantas) utilizando câmeras e sensores multiespectrais e a partir daí identifica pragas, doenças, qualidade do cultivo, analisa a nutrição e a saúde da planta e entrega essas informações para a Alice AI, que faz uma análise e dá uma recomendação de manejo para o produtor. Por fim, após o manejo, o robô escaneia novamente a área e informa se a operação foi bem-sucedida e se trouxe os resultados esperados.
Estima-se que a redução do uso de insumos químicos nas lavouras possa chegar a 30%, no caso de defensivos e fertilizantes, e a até 70%, quanto aos inseticidas, caso a praga seja identificada no estágio inicial.