Edição 30 - 04.07.22
Em nenhum outro país o trigo é tão essencial quanto no Egito. Segundo o International Food Policy Research Institute (IFPRI), o cereal é responsável por 39% da ingestão calórica de cada egípcio – não à toa, o baladi, o pãozinho de formato arredondado, é onipresente nas refeições locais. Agora, porém, a tradição está ameaçada. Rússia e Ucrânia respondem por 80% das importações anuais de trigo do Egito, mas a guerra na Europa deverá afetar consideravelmente a cadeia de fornecimento. Segundo alerta da FAO, a agência das Nações Unidas para agricultura e alimentação, há inclusive o risco de o Egito enfrentar um quadro de insegurança alimentar. Para milhões de pessoas no país, a oferta de trigo pode ser a diferença entre passar fome ou não: cerca de 70% dos 105 milhões de egípcios têm direito a cinco pãezinhos subsidiados por dia. Se o governo não encontrar rapidamente novos fornecedores, dificilmente a cota será cumprida.