As marcas da agricultura regenerativa

Recuperar a vida do solo, evitar revolver a terra, fazer rotação de culturas, sequestrar carbono,


Edição 27 - 27.12.21

Buckman


Recuperar a vida do solo, evitar revolver a terra, fazer rotação de culturas, sequestrar carbono, usar mais insumos biológicos, plantar culturas de cobertura, fazer o manejo correto dos recursos hídricos. O conceito de agricultura regenerativa propõe a adoção cada vez mais intensa dessa e de boas práticas agrícolas na busca de uma agropecuária mais sustentável. E, a partir delas, ajudar a recuperar os ecossistemas e tornar os sistemas produtivos mais resilientes. Na última década, os programas de agricultura regenerativa ganharam os holofotes, inicialmente em iniciativas piloto e de pequena escala. Mais recentemente, entraram na agenda de grandes grupos e passaram a contar com orçamentos polpudos para ganhar musculatura e passar a englobar números crescentes de agricultores. Apenas este ano, corporações ligadas diretamente ao agronegócio – e até mesmo algumas sem um laço visível – anunciaram investimentos pesados para levar o conceito para a prática em suas cadeias de fornecimento. Boa parte dos anúncios aconteceu dias antes da realização da conferência da ONU que discutiu as cadeias alimentares, realizada no final de setembro. Confira:

Heineken

A fabricante holandesa de cervejas iniciou uma série de experimentos para desenvolver métodos de produção sustentável para sua demanda de cevada. Os primeiros pilotos acontecem no Reino Unido, em parceria com empresas como a Muntons Malt e a Future Foods Solutions.

Nestlé

O conglomerado suíço da área de alimentos vai aplicar US$ 1,29 bilhão para incentivar sua rede global com mais de 500 mil produtores e 150 mil empresas fornecedoras a acelerar a sua transição para a agricultura regenerativa. O programa lista práticas voltadas para biodiversidade, conservação do solo, recuperação de nascentes e cursos d’água, além da integração da produção pecuária.

General Mills

Dona de marcas como Yoplait e Haagen Daas, a companhia americana anunciou o compromisso de levar práticas regenerativas para mais de 400 mil hectares até 2030, apenas na cadeia de laticínios. Com isso, espera reduzir suas emissões de GEE em 30%. A meta é ser net zero até 2050.

Amazon

A gigante do varejo eletrônico ingressou na Leaf Coalition, uma iniciativa público- privada para mobilizar pelo menos US$ 1 bilhão para proteger as florestas tropicais do mundo. Uma de suas ações é uma parcria com a ong The Nature Conservancy para o lançamento de uma aceleradora de projetos para agroflorestas e restauração de áreas nativas. O primeiro projeto pretende apoiar 3 mil pequenos produtores do Pará, ajudando-os a restaurar pastagens degradadas para florestas nativas através de técnicas de agricultura regenerativa e sistemas agroflorestais.

Pepsico

A companhia de bebidas e alimentos definiu ambiciosas metas globais para o que chama de “Agricultura Positiva”. O objetivo anunciado é atingir 100% de suas matérias-primas produzidas de forma sustentável até 2030 e ampliar para 2,83 milhões de hectares sua área de cultivo de safras e matérias-primas com práticas de agricultura regenerativa. Com isso, estima a redução de pelo menos 3 milhões de toneladas de emissões de GEE (gases do efeito estufa).

Cargill

A trading americana lançou a plataforma RegenConnect, que se propõe a conectar produtores a marketplaces que os remuneram pela geração de créditos de carbono. O objetivo é de reunir mais de 4 milhões de hectares ao programa até 2030, inicialmente apenas na América do Norte.