A “Safra das Safras” fez história

O sol começava a se pôr no Vale dos Vinhedos no sábado, 7 de novembro, quando a apresentadora Ros


13.11.20

O sol começava a se pôr no Vale dos Vinhedos no sábado, 7 de novembro, quando a apresentadora Rosane Marchetti anunciou o início da 28ª Avaliação Nacional de Vinhos, transmitida pela primeira vez, pela internet, aos 700 degustadores espalhados pelo Brasil, Chile e Uruguai e ao público em geral. A degustação online foi a maneira que a Associação Brasileira de Enologia (ABE), organizadora do evento, encontrou para realizar, neste ano de pandemia, a maior avaliação de uma safra no mundo (que reúne anualmente cerca de 800 degustadores em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha).

Com o novo formato, a ABE superou o desafio imposto pela crise sanitária e fez história: a Avaliação Nacional de Vinhos nunca mais será a mesma. Mesmo quando os encontros voltarem a ser presenciais, certamente haverá a possibilidade de enófilos de qualquer parte do mundo participarem do evento pela internet (eles recebem, em casa, os kits com os vinhos). O evento alcançou dimensão mundial a partir desta edição.


Foto: Irineu Guarnier Filho

Transmitido pelos canais da ABE nas redes sociais diretamente do Hotel e Spa do Vinho, no Vale dos Vinhedos – primeira e, por enquanto, única região vinícola brasileira com Denominação de Origem (DO) –, o programa de duas horas e meia de duração contou com a análise de 16 comentaristas, alguns no hotel e outros em suas casas, como o apresentador de TV Galvão Bueno. Eles avaliaram os 16 rótulos finalistas, selecionados pelo time de enólogos da ABE a partir da análise prévia de 395 amostras (de 56 vinícolas brasileiras) da vindima 2020, que já é considerada a “Safra das Safras” no país.

“Nunca o Brasil, tanto vinícolas, quanto enólogos, esteve tão preparado tecnicamente, com profundo conhecimento, precisão na viticultura e enologia, para receber e processar uma matéria prima de tamanha qualidade. Esta safra veio para coroar todo esforço empenhado em anos de trabalho e pesquisa. Não se faz um vinho sozinho. E este ano, a mãe natureza fez a sua parte de forma esplêndida. Coube a nós, enólogos, ter a sensibilidade e o conhecimento suficientes para gerar o melhor vinho de nossas vidas. O seu vinho, o vinho brasileiro”, disse o presidente da ABE, Daniel Salvador.


Foto: Jeferson Soldi

Com público reduzido no hotel, restrito aos organizadores, técnicos, apresentadores e alguns convidados, a ABE cercou seu evento de todos os protocolos sanitários recomendados pela medicina. Ao piano, o músico Rodrigo Soltton embalou o encontro híbrido (parte presencial, parte digital) com uma trilha sonora baseada em clássicos da música regional brasileira. Ao seu lado, tive a missão de narrar o que acontecia nos bastidores.

Como no cancioneiro nacional, a diversidade de temas, estilos e terroirs (hoje, há produção de vinhos em dez estados brasileiros) também marcou a seleção dos 16 rótulos finalistas, composta por três vinhos base espumante, quatro brancos, um rosé (que voltou a fazer parte da ANV neste ano) e oito tintos. Os espumantes, brancos e tintos jovens já estão chegando ao mercado; os tintos de guarda, com envelhecimento em carvalho, só serão comercializados daqui a dois anos. Provei todos os vinhos e posso afirmar: vale a pena esperar por eles.

AS 16 AMOSTRAS E SEUS COMENTARISTAS

CATEGORIA VINHO BASE ESPUMANTE

1. Chardonnay – Cooperativa Vinícola Aurora – Bento Gonçalves (RS)
Leandro Bianchi Santini – Enólogo do ano 2019 – Brasil

2. Riesling Itálico/Chardonnay/Pinot Noir – Chandon do Brasil – Garibaldi (RS)
Ivane Fávero – Especialista em Enoturismo – Brasil

3. Pinot Noir – Casa Valduga – Bento Gonçalves (RS)
François Hauteker – Enólogo – França *

CATEGORIA BRANCO FINO SECO NÃO AROMÁTICO

4. Riesling – Cooperativa Vinícola Garibaldi – Garibaldi (RS)
Antônio Calloni – Ator – Brasil *

5. Chardonnay – Cooperativa Vinícola Aliança – Santana do Livramento (RS)
Eugênio Lira – Enólogo – Chile

CATEGORIA BRANCO FINO SECO AROMÁTICO

6. Sauvignon Blanc – Vinícola Família Lemos de Almeida – Vacaria (RS)
Rodrigo Bellora – Chef – Brasil

7. Moscato Giallo – Vinhos Hortência – Flores da Cunha (RS)
Guilherme Pasin – Prefeito de Bento Gonçalves – Brasil

CATEGORIA VINHO ROSÉ FINO SECO

8. Cabernet Sauvignon – Vinícola Almadén – Santana do Livramento (RS)
Victor Sorrentino – Médico – Brasil

CATEGORIA VINHO TINTO FINO SECO JOVEM

9. Merlot – Vinícola Salton – Bento Gonçalves (RS)
Daniel Scola – Jornalista – Brasil

CATEGORIA TINTO FINO SECO

10. Tannat – Casa Perini – Farroupilha (RS)
Bob Júnior – Sommelier – Brasil

11. Cabernet Franc – Vinícola Don Guerino – Alto Feliz (RS)
Alexandre Lalas – Jornalista – Brasil *

12. Tannat – Família Bebber – Flores da Cunha (RS)
Murillo de Albuquerque Regina – Dr. em Enologia e Viticultura – Brasil

13. Merlot – Pizzato Vinhas e Vinhos – Bento Gonçalves (RS)
Cecília Aldaz – Sommelier – Argentina

14. Merlot – Vinícola Cave de Pedra – Bento Gonçalves (RS)
Fernando Pettenuzzo – Enólogo – Uruguai *

15. Tannat/Cabernet Sauvignon/Cabernet Franc – Casa Venturini – Flores da Cunha (RS)
Galvão Bueno – Apresentador – Brasil *

16. Touriga Nacional/Tempranillo/Petit Verdot/Merlot/Cabernet Sauvignon/Tannat – Vinícola Miolo – Bento Gonçalves (RS)
Rodrigo Ferraz – Sommelier – Brasil

* Comentaristas que participaram online


Foto: Irineu Guarnier Filho

TAGS: 28ª Avaliação Nacional de Vinhos, Associação Brasileira de Enologia, Bento Gonçalves, Safra das safras