19.10.20
Fotos: Jeferson Soldi
Em janeiro deste ano, a Associação Brasileira de Enologia (ABE) começou a trabalhar nos preparativos para a realização da décima edição do concurso Brazil Wine Challenge, que seria realizado de 2 a 5 de junho. Quando a pandemia foi oficialmente declarada e a quarentena iniciou, em março, cerca de 300 amostras de vários países já estavam inscritas. A partir de então, o concurso – único no país com a chancela da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) e da União Internacional de Enólogos (UIOE) – passou a correr o risco de não mais acontecer neste ano.
A data incialmente prevista foi descartada. Mesmo assim, a equipe da ABE continuou trabalhado. No último dia 22 de setembro, a prefeitura de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, onde o BWC é realizado a cada dois anos, autorizou a realização de eventos – desde que obedecidas todas as regras de segurança sanitária e distanciamento social. Uma nova data foi escolhida. E de 13 a 16 deste mês, o Brazil Wine Challenge 2020 finalmente pode avaliar 774 amostras de vinhos de 16 países – volume 27% maior do que o inscrito na edição anterior. Foi o primeiro evento promovido no município desde o início da pandemia. E um tour de force espetacular da ABE.
Participei do grupo de 57 jurados do Brasil, Bolívia, Chile, França e Itália, divididos em seis júris, que degustou, às cegas, vinhos de países da África, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bolívia, Brasil, Bulgária, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Portugal, Uruguai e Marrocos. Foram 86 amostras avaliadas pelo júri do qual fiz parte em duas manhãs de trabalho intensivo – meu recorde em julgamentos deste tipo. Comigo, à mesa número 2, estiveram o enólogo chileno Eugenio Lira, presidente do júri, o jornalista Celso Masson, o enólogo Flávio Zílio e as sommelières Deise da Costa e Jessica Marinzeck.
O BWC 2020 conferiu 237 Medalhas, sendo 21 Gran Ouro, para rótulos que alcançaram 93 pontos ou mais. Entre os destaques, o Brasil lidera o número de Gran Ouro com 11 Medalhas, seguido pelo Chile com quatro, Portugal com três e Alemanha, Espanha e Uruguai com um Gran Ouro cada. Dos 237 prêmios, 135 foram para produtos brasileiros, o que é comum em concursos internacionais, já que o país sede sempre inscreve o maior número de amostras.
Além das degustações, também participamos de visitas técnicas às vinícolas Don Giovanni, em Pinto Bandeira, onde provamos um raro e ainda vivo Cabernet Franc 1994; Miolo, que nos brindou com uma degustação dos sete lendários rótulos da safra 2018; Cristófoli, onde provamos a boa comida italiana italiana; e a belíssima Cave do Sol, recém-inaugurada – além de um tour, com degustação de cinco rótulos, pela Union Distillery, que elabora uísques de alta qualidade no Vale dos Vinhedos.
Depois de mais de seis meses de quarentena puxada, foi um grande prazer retornar às degustações profissionais na agradável primavera da Serra, rever amigos e conhecer a produção recente de nações com ou sem tradição no mundo do vinho, como, por exemplo, o Marrocos.
PREMIAÇÕES
21 Medalhas Gran Ouro e 216 Medalhas de Ouro
Espumantes – 68 – 28,7% das premiações
Vinhos tintos – 121 – 51,1%
Vinhos brancos e rosés – 39 – 16,4%
Outros – 9 – 3,8%
MEDALHAS POR PAÍSES
África do Sul – 2 Ouro
Alemanha – 1 Gran Ouro e 1 Ouro
Argentina – 4 Ouro
Austrália – 1 Ouro
Bolívia – 3 Ouro
Brasil – 11 Gran Ouro e 124 Ouro
Chile – 4 Gran Ouro e 22 Ouro
Espanha – 1 Gran Ouro e 6 Ouro
França – 1 Ouro
Itália – 4 Ouro
Portugal – 3 Gran Ouro e 30 Ouro
Uruguai – 1 Gran Ouro e 18 Ouro
TAGS: Brazil Wine Challenge, Cave do Sol, Cristófoli, Don Giovanni, Miolo, Union Distillery