Mão-de-obra no agro

Recentemente, participei de uma entrevista especial no programa BELGO AgroPod, da empresa Belgo Mine


24.09.20

Marco Lorenzzo Cunali Ripoli, Ph.D. é Engenheiro Agrônomo e Mestre em Máquinas Agrícolas pela ESALQ-USP e Doutor em Energia na Agricultura pela UNESP, executivo, disruptor, multiempreendedor, inovador e mentor. Proprietário da BIOENERGY Consultoria e investidor em empresas.  Acesse www.marcoripoli.com

Recentemente, participei de uma entrevista especial no programa BELGO AgroPod, da empresa Belgo Mineira, para falar sobre a escassez de mão-de-obra no agronegócio brasileiro.

Sabe-se que o agronegócio é um dos principais setores da economia de nosso país. Apesar dos bons resultados locais e das exportações apresentados e, mais importante, o que se projeta, o campo ainda sofre com a falta de capacitação da força de trabalho.

Não existe a falta se mão-de-obra no setor. O que falta é a adequada qualificação, especialmente no momento que estamos onde cada vez mais se utilizam de novas tecnologias e ferramentas para redução de custos e aumento da produtividade.

A Agricultura de Precisão, também chamada de Agricultura de Decisão, é uma das maiores demandantes por requer profissionais mais integrados e conectados com as diferentes tecnologias devido a elevada quantidade de instrumentos embarcados.  Não obstante, todos os demais elos da cadeia produtiva podem e devem investir em treinamento.

É importante pontuar que a falta de qualificação não é um tema cultural, apesar de erroneamente por muitas vezes se atribuir ao campo e, especialmente, àqueles que vivem nele a falta de educação necessária (desde o ensino básico até o universitário e profissionalizante).  Os centros urbanos devem olhar para o Agro como um mercado importante para oportunidades de trabalho e não apenas como o setor responsável por alimentar a população!

Desde 1960 existe a escassez de mão-de-obra no Brasil. Muito lentamente se vê o aumento de investimentos na construção, apoio e expansão das escolas técnicas como ETECs, SENAIs, FATECs etc. Se pararmos para analisar, dois terços destas escolas hoje se localizam no estado de São Paulo, maior mercado consumidor, mas longe de ser o maior mercado produtor.  É preciso assim expandir esta malha de conhecimento para atender à demanda existente.

O Estado e Governo podem contribuir muito com este tema, alinhando políticas que foquem na geração de conhecimento. Contudo, grande parte do que vem acontecendo é oriundo da iniciativa privada, fundamental neste momento.

Não existe ainda uma pesquisa realizada, que eu conheça, que mediu com precisão o quanto o setor agropecuário poderia crescer com o aumento da capacitação dos profissionais. Mesmo assim, é possível dizer que a qualidade dos serviços realizados, a satisfação dos profissionais e o índice de retenção aumentarão consideravelmente.

O crescimento do Agro não passa por desmatamento e sim pelo melhor uso da terra, das variedades plantadas, das máquinas e equipamentos agrícolas, da gestão da operação e do trabalhador rural.

O Agro não para!

TAGS: Especialização, Mão de obra