28.08.20
Vinhos elaborados com uvas de plantas antigas são mais concentrados, com maior riqueza de aromas e sabores, mais complexos. Videiras velhas produzem menos cachos por planta, com maior concentração de substâncias desejáveis nas bagas. Em regiões europeias com longa tradição vitivinícola, são relativamente comuns vinhas com 40, 60 ou mais de 70 anos, ainda em produção. A festejada enóloga portuguesa Filipa Pato me contou que elabora, na Bairrada, vinhos com uvas de vinhedos com 80 anos de idade.
Mas, se isso é facilmente encontrável no Velho Mundo, por aqui a realidade é bem diferente. As vinhas brasileiras destinadas à elaboração de vinhos finos são ainda predominantemente jovens. Vinhedos de castas viníferas europeias, conduzidos pelo sistema de espaldeira, foram plantados ou replantados há pouco mais de duas décadas, em substituição aos antigos parreirais fechados de uvas americanas (chamados de “latada”), implantados pelos imigrantes italianos que colonizaram a Serra Gaúcha.
Na Campanha do Rio Grande do Sul, Fronteira do Brasil com o Uruguai, encontram-se alguns dos mais antigos vinhedos de castas viníferas do país, cultivados em espaldeira. Foram implantados pela Vinícola Almadén, na década de 1970, quando a empresa – hoje parte do grupo gaúcho Miolo – pertencia à multinacional norte-americana National Destillers.
A Miolo teve a sabedoria de preservar um desses vinhedos – 4,5 hectares de Tannat, em meio a 600 hectares de videiras, no município de Sant’Ana do Livramento. Com as uvas deste vinhedo de 1976, cercado pela luminosa paisagem do Pampa gaúcho, a Almadén elabora o seu icônico Tannat Vinhas Velhas. Um vinho potente, encorpado, de coloração intensa, com passagem de 12 meses por carvalho francês e taninos macios, que coleciona elogios nas degustações de que participa. Por enquanto, nosso único vinho de vinhas europeias realmente velhas.
Sétimo rótulo da série “The 2018´s Seven Legendaries of Miolo – os Sete Lendários”, a última edição deste ícone chega ao mercado com 6.300 garrafas numeradas. “Este vinho retrata muito bem a cultura de vinhas velhas da Europa. Somos privilegiados pela possibilidade de elaborá-lo com vinhas de 44 anos”, orgulha-se o enólogo Adriano Miolo, diretor-superintendente da vinícola. Segundo a Miolo, os Sete Lendários formam uma seleção de vinhos nobres colecionáveis, que demonstra a possibilidade de se fazer tintos de excelência em diferentes regiões do Brasil.
Os Sete Lendários foram lançados ao longo do primeiro semestre deste ano. São rótulos top das quatro regiões onde a marca está presente: Miolo Vale dos Vinhedos (RS), Terranova Vale do São Francisco (BA), Fortaleza do Seival Candiota, Campanha Meridional (RS) e Almadén Santana do Livramento, Campanha Central (RS). A Miolo considera a safra 2018 a melhor de sua história.
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