Os vinhos do Líbano

Praticamente o mundo inteiro faz vinhos hoje em dia. Com os conhecimentos de agronomia e enologia di


31.01.19

Irineu Guarnier Filho é jornalista especializado em agronegócio, cobrindo este setor há três décadas. Metade deste período foi repórter especial, apresentador e colunista dos veículos do Grupo RBS, no Rio Grande do Sul. É Sommelier Internacional pela Fisar italiana, recebeu o Troféu Vitis, da Associação Brasileira de Enologia (ABE), atua como jurado em concursos internacionais de vinhos e edita o blog Cave Guarnier. Ocupa o cargo de Chefe de Gabinete na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, prestando consultoria sobre agronegócio

Praticamente o mundo inteiro faz vinhos hoje em dia. Com os conhecimentos de agronomia e enologia disponíveis atualmente, Rússia, Índia, Canadá, Inglaterra, Japão e China, entre outros países, entraram na disputa pelos paladares mais exigentes do mundo. Mas há uma vitivinicultura muito antiga que nas últimas décadas renasceu: a do Líbano.

A produção libanesa de vinhos tem mais de dois mil anos de história. Remonta ao tempo dos fenícios e romanos. O primeiro milagre de Cristo – a transformação de água em vinho, nas bodas de Canaã, narrada no Novo Testamento – teria ocorrido em um local que hoje pertence ao Líbano.

No século XX, por conta das muitas guerras e conflitos que marcaram o país, a produção de vinhos andou meio esquecida – o que importava era plantar alimentos para sobreviver.

Nas últimas décadas, porém, isso começou a mudar. Com clima e solos adequados à vinha – além da ancestral tradição -, o Líbano retomou e reorganizou a sua vitivinicultura. E o Vale do Bekaa se transformou em uma das mais promissoras regiões vitivinícolas do Oriente Médio. Os melhores vinhedos estão a cerca de mil metros acima do nível do mar. O solo é predominantemente argilo-calcário, os verões são quentes, os invernos frios, e a temperatura média anda por volta dos 25 graus.

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Para quem tem curiosidade por terroirs pouco conhecidos, vale a pena provar os rótulos libaneses. Os vinhos da região apresentam uma forte influência francesa, a começar pelas castas. Além da universal Cabernet Sauvignon, destacam-se cepas de origem francesa menos conhecidas por aqui, como Mourvèdre, Cinsault, Carignan e outras. Os exemplares mais conhecidos das maiores vinícolas libanesas – Château Kefraya, Château Ksara e Château Musar – são, em geral, cortes de várias uvas, estruturados e elegantes, ao estilo Velho Mundo, porém um pouco mais alcoólicos.

Vinhos que têm chamado a atenção dos conhecedores em degustações mundo afora. E que ainda podem ser adquiridos por preços bem razoáveis por aqui. Dois milênios após o primeiro milagre de Cristo, os vinhos do Líbano estão novamente na moda.

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