28.05.18
É hora de firmarmos um pacto de transparência e confiança mútua entre setor produtivo e o movimento ambientalista, buscando encontrar o caminho da conciliação e do bom senso. Nos fóruns sobre o tema que frequento vejo pessoas exaustas, tensas, inseguras e que estão recorrendo a calmantes para aguentar essa disputa radical e sem fim.
Diferente de tempos passados, quando não existia uma lei clara e ocorriam desmatamentos sem controle, hoje sabemos que o Brasil é referência em legislação ambiental, com um Código Florestal moderno e conservacionista, além de campeão mundial em biodiversidade terrestre – com mais de 60% de seu território coberto por vegetação nativa ou destinado a conservação.
Então por que esses setores ainda estão em conflito? Serão incapazes de perceber o momento atual e trabalhar juntos na construção de um NOVO PARADIGMA de desenvolvimento? Seria interessante que cada lado refletisse sobre as razões de tanto extremismo e falta de diálogo.
Uma das questões centrais é o atual debate em torno do “desmatamento zero”, pregado por muitas ONGs, colocado em confronto com o “Código Florestal Brasileiro”, fruto de uma intensa discussão e aceito pelos produtores rurais como marco regulatório sobre a questão.
Percebo que alguns ambientalistas adotam uma visão territorial nacional que não leva em conta os impactos regionais e individuais. Argumentam que estão disponíveis milhões de hectares degradados, com baixa produtividade, e acreditam que não é necessário arrancar mais nenhuma árvore para aumentar a produção brasileira.
Do outro lado, o produtor rural – grande, médio ou familiar – enxerga o mundo através da realidade de sua propriedade como um todo. Pagou por toda a área e hoje arca sozinho com os custos de preservar parte dela em benefício da sociedade. Aceitou os inevitáveis impactos do avanço da legislação ambiental e agora busca se adequar às novas regras para produzir com tranquilidade e segurança jurídica.
Não me parece justo defender o desmatamento zero, independentemente se legal ou ilegal, impedindo o pleno direito do empreendedor rural de incorporar ao processo produtivo o que a legislação ainda lhe permite, produzindo mais e valorizando seu patrimônio.
Uma atitude de conciliação seria nos colocarmos um no lugar do outro para tentarmos encontrar uma solução que atenda ambos os lados. É legal desmatar áreas destinadas a conservação? É um crime! Seria ético atingir seus objetivos ambientais impedindo o pleno exercício do direito do outro? Além de não ser ético, estimula a divisão do País entre agroprodutores e ambientalistas, afastando ambos do caminho da construção dos novos paradigmas da produção sustentável!
Seremos capazes de pensar em soluções que unifiquem a sociedade, fortalecendo nosso potencial e nossa vocação agroambiental?
Quem disse sim e está disposto a contribuir para encontrar soluções que atendam simultaneamente as expectativas dos dois lados considere-se um ativista agroambiental!
O caminho do meio hoje é cumprir e fazer cumprir o Código Florestal, apoiando o combate ao desmatamento ilegal e lutando juntos pela implantação de políticas de valorização dos ativos ambientais via ferramentas como o PSA (pagamento por serviços ambientais), REED, créditos de carbono, estimulo ao turismo ecológico e rural, RL como garantia aos bancos e tantos outros instrumentos de compensação.
Assim como o UBER tomou de assalto o mercado de transporte individual, estamos às vésperas da mesma transformação no setor produtivo e no terceiro setor. Ambos os setores precisam de criatividade e coragem para se modernizarem e cumprirem os papeis que deles espera a sociedade. Vamos alinhar o discurso e nos fortalecer para vencer este desafio que é de todos! Ou seremos varridos do mapa por startups que inserirem a sustentabilidade em suas estratégias de negócios, diferenciando-se na geração de resultados financeiros e impactos socioambientais positivos ao mesmo tempo?
Clique aqui para conferir todas as #ColunasPlant.
TAGS: Agroambiental, Caio Penido, Código Florestal