Edição 5 - 17.09.17
Baseado no painel “A Revolução das Máquinas: quando algoritmos, inteligência artificial, internet e outras tecnologias se encontram aos motores no campo”
Com a participação de: Victor Campanelli, diretor da Agropastoril Paschoal Campanelli; Luiz Otávio da Fonseca,
líder de Agronegócio Digital da IBM; Jorge Leal, CEO da Agres. Moderador: Luiz Fernando Sá, diretor editorial de PLANT PROJECT e STARTAGRO
Sentados na plateia da Arena de Conhecimento, produtores, executivos, e empreendedores puderam acompanhar, protegidos do sol e do calor externo, uma demonstração que acontecia, naquele mesmo momento, a centenas de metros dali. Projetada no telão do STARTAGRO Agrishow, a tela de comando de um trator autônomo mostrava as evoluções da máquina na pista de testes do evento. Uma profusão de gráficos apontava, em tempo real, uma série de indicadores de desempenho do equipamento, de velocidade a temperatura e pressão de óleo. “É um trator de 80 cavalos, comum em pequenas propriedades em todo o País”, explicava, do palco, Jorge Leal, CEO da Agres, empresa responsável pelo sistema que transformou uma máquina normal em um equipamento de ponta. Na mesma área de demonstração, em outro momento, foi apresentada uma das estrelas da Agrishow 2017, o moderníssimo protótipo autônomo da fabricante Case, com visual futurista que se tornou sonho de consumo de muitos visitantes do evento.
Entre as duas máquinas há uma grande distância em design e valores, mas ambas trafegam no mesmo conceito de transformar equipamentos em verdadeiras colhedoras de dados e transformá-las em ferramentas de gestão para o produtor. “Sensores conectados a servidores na nuvem e a sistemas de inteligência artificial vão permitir que esses dados sejam interpretados com mais precisão, gerando recomendações para que os produtores tomem decisões mais assertivas”, afirmou, no painel, Luiz Otávio da Fonseca, da IBM. Ele explicou como a gigante da área de tecnologia vem se organizando para, em parcerias com grupos do setor agro e startups AgTech, criar uma plataforma que fomente o desenvolvimento de novas tecnologias específicas para a chamada agricultura digital, usando a capacidade de processamento e a inteligência artificial do supercomputador Watson. O sistema da Agres, por exemplo, seguiu essa trilha. “Mas, independentemente de as máquinas serem ou não autônomas, caberá sempre ao produtor a tomada de decisões”, ressaltou.
O crescente nível tecnológico nas propriedades pode oferecer economias importantes aos produtores. Victor Campanelli, trouxe ao debate resultados práticos obtidos com os investimentos que fez para transformar o confinamento da família, um dos maiores do País, em um modelo de automação em todos os processos. A alimentação do gado, por exemplo, é toda feita a partir de sensores, que identificam a quantidade de ração e qual depositar em cada cocho. Tudo é feito automaticamente, sem interferência humana. Antes da automação, as sobras de ração geravam um desperdício de 3% a 5%. Com o sistema implantado, caiu para 0,5%. “O primeiro benefício que se vê é o potencial de redução de custos”, explicou. “Para ter ganho de eficiência, é preciso ser muito técnico.”