Por Ronaldo Luiz
O mercado de fertilizantes especiais registrou, em 2022 – dado mais recente disponível –, um novo período de expansão, segundo aponta a décima edição do anuário da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), entidade que reúne os principais fabricantes do setor. Conforme o levantamento, o segmento apresentou crescimento de 2% no período, atingindo um faturamento total de R$ 22,6 bilhões. Entre as categorias com maior destaque estão os biofertilizantes e os adubos minerais, reflexo do aumento na adoção de tecnologias que melhoram a fertilidade do solo e otimizam a nutrição das plantas. Na cadeia produtiva da cana-de-açúcar, os insumos de matriz biológica representaram 7% do mercado em 2024, totalizando R$ 553 milhões, segundo levantamento da Kynetec. Nesse segmento, destacaram-se os bioinseticidas e bionematicidas, que responderam por 75% do valor comercializado.
Em sua mais recente visita ao Brasil, em março, o cientista paquistanês Rattan Lal – Prêmio Nobel da Paz e referência mundial em manejo do solo – reforçou que o essencial na agricultura não é a extensão da área cultivada, mas a qualidade das práticas adotadas no campo. Segundo ele, a agricultura pode desempenhar papel crucial no combate às mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, garantir segurança alimentar em escala global. Durante sua passagem pelo País, Lal destacou alguns princípios fundamentais para a promoção da fertilidade do solo: evitar o uso do arado, prática considerada prejudicial por degradar a estrutura do solo; manter a cobertura vegetal após a colheita, como forma de proteção natural; aplicar nutrientes de forma integrada e criteriosa, recorrendo à fertilização química apenas quando indispensável; adotar a rotação de culturas; e integrar, em um mesmo ambiente, lavoura, pecuária e florestas, promovendo um sistema agrícola mais equilibrado e sustentável.
Diante desse novo cenário agrícola, a Valloura AgroInovação vem ganhando destaque como uma das empresas mais promissoras do setor. Fundada em 2019, em Rondonópolis (MT), a companhia é especializada em soluções voltadas à nutrição e fisiologia vegetal, tecnologia de aplicação e insumos biológicos. Seu portfólio inclui formulações exclusivas de marcas globais, com origem em países como Estados Unidos, Espanha, Bélgica e China, voltadas à suplementação nutricional e fisiológica das plantas – são produtos que atuam de forma complementar aos adubos convencionais utilizados nas lavouras.

“Saímos do papel de distribuidores de tecnologia e demos um salto em 2022, quando iniciamos a fabricação de insumos verdes de alta performance”, afirma o engenheiro agrônomo Thiago Abreu, CEO da Valloura.
Ele acrescenta que, em 2024, um novo avanço foi consolidado com a parceria firmada com o Grupo Botuverá: “Esse acordo ampliou nossa capacidade de atuação e nos deu estrutura para levar ao setor sucroenergético os mesmos resultados expressivos que já entregamos nas cadeias de grãos e fibras”.
Nesta nova fase, a Botuverá planeja investir entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões na conclusão de uma fábrica de fertilizantes especiais em Rondonópolis, cujas obras já foram iniciadas pela Valloura. Além disso, está prevista a construção de uma nova unidade para mistura de calcário na região médio-norte de Mato Grosso, reforçando a estratégia de expansão e verticalização da produção.
Abreu destaca que a proposta da Valloura vai muito além da simples comercialização de produtos. O executivo diz que o objetivo da empresa é atuar como parceira estratégica do produtor, oferecendo suporte técnico e consultivo que contribua para decisões mais assertivas no campo, sempre com foco na redução de custos, no aumento da produtividade e no aumento da rentabilidade. Segundo ele, esse acompanhamento abrange todas as etapas da operação, da análise de solo ao pós-colheita.
Como exemplo, o executivo destaca as orientações técnicas voltadas à construção e estabilização do perfil do solo, à manutenção de sua fertilidade e à utilização otimizada dos insumos. “Buscamos garantir que a aplicação de corretivos e fertilizantes ocorra de forma racional e adequada, considerando tanto a quantidade quanto o tipo mais eficiente para cada situação”, diz. Ele acrescenta que o manejo preciso desses insumos, com planejamento de época e forma de aplicação, leva em conta as características da cultura, do solo e do clima, promovendo práticas sustentáveis em todas as etapas do processo produtivo.
Segundo Abreu, a combinação entre as tecnologias oferecidas pela Valloura e a aplicação de boas práticas agrícolas tem proporcionado ganhos expressivos de produtividade, entre 10 e 15%, em lavouras de grãos e fibras atendidas pela empresa. “Esses resultados positivos agora começam a ser replicados também na cultura da cana-de-açúcar, com foco em soluções cada vez mais verdes e avançadas, que reduzem significativamente a necessidade de moléculas químicas”, afirma.
O executivo ressalta ainda que a Valloura mantém parcerias estratégicas com instituições acadêmicas e centros de pesquisa para o desenvolvimento e a validação de novas tecnologias. Entre os parceiros estão a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e instituições de referência como a Fundação MT. “Nossa meta é ambiciosa: lançar ao menos duas novas soluções por ano até 2035”, conclui.