18.07.18
Por Pedro Romanos
O empresário Pedro Paulo Diniz – escolhido como um dos Top Farmers da temporada 2017 pela PLANT e dono da Fazenda da Toca, uma das maiores produtoras de alimentos orgânicos do Brasil – decidiu expandir seus investimentos no agronegócio. Desde fevereiro passado ele é um dos sócios da empresa Rizoma, voltada para fomentar o movimento da agricultura regenerativa no Brasil. O projeto, criado em parceria com os executivos Fábio Sakamoto e Marcio Marzola, está em sua fase de estruturação e estima-se que sejam investidos entre 150 a 200 milhões de reais na primeira rodada de captação.
Desde a fundação da empresa, há cinco meses, já são mais de R$ 20 milhões de reais aplicados pelo próprio Diniz e outro investidor, este não divulgado. Para o empresário, o mundo nunca sofreu tanto com as mudanças climáticas e, por isso, a adaptação dos métodos agrícolas deve ser progressiva e constante. “A gente nunca perdeu tanta biodiversidade quanto agora e esse é o problema maior”, disse, em entrevista ao jornal Valor Econômico. Diniz completa dizendo que o conceito do plantio regenerativo envolve, além das iniciativas de restauração e preservação do solo, questões de conscientização para o produtor.
Assista ao episódio da série TOP FARMERS com Pedro Paulo Diniz na PLANTV.
A Rizoma terá suas atividades voltadas para arrendamentos nas áreas de Cerrado e no plantio de grãos, com foco na produção de milho e soja. De acordo com Marzola, sócio de Diniz e CEO da holding PPD – que reúne os negócios de Diniz, entre eles a Fazenda da toca –, ingressar no segmento de grãos foi uma ação essencial para obter maior escalabilidade na produção. Para os proprietários da Rizoma, o grande carro chefe da Fazenda da Toca – as árvores frutíferas – limitaria o alcance do novo investimento: “Chegamos a olhar cacau e café, mas comparativamente a área é pequena. E a gente quer dar escala ao que já fazemos na Toca”, disse Diniz ao Valor.
A reestruturação do solo é o objetivo principal da empresa, que promete analisar as adversidades de cada área de maneira singular. Segundo Dinis, é necessário “voltar a olhar para o solo” e buscar maneiras de incentivar a preservação ambiental: “O Brasil é referência em agricultura e legislação ambiental. Nós andamos dois mil quilômetros nos EUA e não vimos uma Reserva Legal, uma Área de Preservação Permanente. Precisamos voltar a olhar para o solo, dar vida a ele. Isso vale para um pé de soja ou uma árvore de laranja”, completa.
Quando questionado sobre a questão dos defensivos agrícolas, Diniz afirma que a ideia inicial é trabalhar sim com agroquímicos, porém, de maneira moderada e respeitando os limites da natureza. O Top Farmer tem como meta alcançar uma produção 100% livre dos químicos, mas tem consciência de que, se necessário, fará intervenções pontuais.
Sakamoto, o terceiro sócio da Rizoma, informou ao Valor Econômico que a empresa passa atualmente por um processo de “soft fund raising”, voltado para a expansão da área de atuação da Rizoma, que possui 1200 hectares, para cerca de 10 a 15 mil hectares já na safra de 2019/20. A meta da empresa para 2030 seria operar com 160 mil hectares de arrendamento e 1 milhão de hectares de agricultura regenerativa, sempre focando na implementação da cultura por meio de terceiros, incentivando os produtores a adotar os métodos de uma maneira “orgânica”. “O agronegócio brasileiro tem coisas incríveis. Queremos juntar o melhor da tecnologia agrícola com o que a natureza nos oferece”, enfatizou Diniz.
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