10 Anos e Caetano Ripoli ainda está presente

Tomaz Caetano Cannavam Ripoli, nascido em 16 de fevereiro de 1947, considerava-se, com muita alegria


24.02.23

Marco Lorenzzo Cunali Ripoli, Ph.D é engenheiro agrônomo e mestre em Máquinas Agrícolas pela ESALQ-USP e doutor em Energia na Agricultura pela UNESP, consultor, disruptor, empreendedor, mentor e fundador do programa transformacional O Agro Não Para.

Tomaz Caetano Cannavam Ripoli, nascido em 16 de fevereiro de 1947, considerava-se, com muita alegria, “caipiracicabano” e um defensor da cultura e patrimônio locais. Apesar de sua preocupação com a fala e escrita corretas, de vez em quando soltara aquele ‘R’ característico da cidade, bem puxado, daquele jeito que conhecemos. Era um apaixonado: pela Família, profissão, política, esporte e fotografia.

Caetano se formou engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP) em 1970 em Piracicaba/SP, desde os primeiros anos de sua graduação, se identificou com a fotografia. O esporte entrou em sua vida pelo legado de meu avô, Romeu Ítalo Ripoli, cidadão muito influente e polêmico em Piracicaba, que presidiu o XV de Novembro por muitos anos.

Romeu graduou-se em 1940 pela ESALQ-USP. No seu período universitário teve forte atuação e trabalho pela construção da sede própria do Centro Acadêmico Luiz de Queiroz, o que só se concretizaria em 1963. Em 1943, publicou o livro “Quarenta Anos de Glórias”, narrando a história da Associação Atlética Acadêmica Luiz de Queiroz, entre 1903 e 1943.

Caetano, seu filho, era frequentemente abordado por jornalistas que queriam compartilhar suas experiências e conhecimento. Foi durante a graduação e um estágio com o professor Luiz Geraldo Mialhe que se interessou pela pesquisa em Máquinas e Implementos Agrícolas, com foco na melhoria da mecanização da cultura da cana-de-açúcar. Assim que se formou, participou da implementação da Faculdade de Agronomia Luiz Meneguel, em Bandeirantes (PR), a convite do professor Salvador Toledo Piza Jr. e foi um dos fundadores do renomeado Centro Tecnológico da Copersucar.

Em 1972, casou-se com Maria Lúcia, minha mãe, pessoa que mais o apoiou em toda sua vida. Digo com segurança que tudo que aprendi de bom foi graças a eles, o resto a vida se encarregou disso. A partir de 1982 Caetano começou a dar aulas na ESALQ-USP, onde permaneceu até 2012, pouco antes da doença mudar seus planos de vida, agregando uma coleção de mais de 21 mil imagens que registravam suas andanças pelo país e pelo mundo, com temas dos mais variados possíveis. Escreveu muitos livros e artigos técnicos no Brasil e no mundo, os quais até hoje são objeto de estudos.

Caetano Ripoli foi quem idealizou e estudou a fundo, pela primeira vez no mundo, o conceito de recolhimento de palhiço de cana-de-açúcar com finalidade de cogeração de energia elétrica nas usinas e melhor manutenção da cultura. Hoje este palhiço é chamado de resíduo de colheita, ou ainda, simplesmente palha de cana.  Era chamado de louco e visionário, mas desde lá já pensava em um sistema sustentável e numa economia circular…  Fico muito feliz em saber que estava certo e testemunhar após poucos anos a sua ideia se tornar realidade em diversas usinas e fornecedores de cana, no Brasil e no mundo.

Tenho a felicidade de, por onde passo, de ser abordado por muitas pessoas que compartilharam momentos de alegria ao lado dele, mesmo muitas vezes de opiniões contrarias. Ao mesmo tempo, tenho a surpresa de ainda encontrar pessoas que não sabem de seu falecimento e o tem como vivo. Saudade de meu maior ídolo, meu pai!

Acredito que sua última e maior paixão foi quando seu neto, Matheus Ripoli Lara, piracicabano, nasceu em 10 de julho de 2010.  Sua maior tristeza não era tanto a doença, mas sim saber que não iria poder ver seu neto crescer…  Matheus foi seu melhor remédio…

Faleceu dia 24 de fevereiro de 2012, aos 66 anos, vítima de câncer.