#oagronuncapara – Alimentos, qualidade e segurança

Por Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e ex-ministro


Edição 20 - 02.06.20

Por Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e ex-ministro da Agricultura

Vivemos um momento absolutamente incomum e sem precedentes na história recente do País. A pandemia que nos assola transformou – pelo menos temporariamente – os padrões e as relações de consumo. Medidas vêm sendo adotadas em todo o território para minorar os impactos do vírus na saúde e na economia brasileira. O agro e a cadeia produtiva da proteína animal, é claro, não poderiam deixar de estar inseridos nesse contexto.

Tão importante quanto conter o avanço da contaminação, oferecer tratamento adequado aos doentes e fornecer medicamentos é garantir que os alimentos cheguem às casas dos brasileiros. Mas a nossa preocupação vai além de manter ativa a produção de carnes de frango e suína e de ovos. Está naquilo que mais importa: a segurança e a vida de todos os colaboradores envolvidos nessa cadeia, que gera 4,1 milhões de empregos e contribui com R$ 100 bilhões ao PIB brasileiro.

Por isso, a partir de iniciativa da ABPA, tomamos uma série de providências. Criamos um comitê de crise e, em parceria com as empresas do segmento, implantamos planos de contingência operacionais para a indústria, agro, comercial, logística e facilities. Tomamos todas as precauções quanto aos profissionais, com o afastamento daqueles inseridos nos grupos de risco, como idosos, gestantes e doentes crônicos, e providenciamos a medição de temperatura e checklist de saúde a todas as pessoas que precisem entrar nos estabelecimentos.

Orientamos para a mudança das rotinas administrativas e inserimos o home office no cotidiano de trabalho daqueles cuja atividade oferece essa possibilidade. Àqueles que invariavelmente necessitam atuar presencialmente, procedimentos de prevenção foram adotados – resolução válida, inclusive, aos colaboradores que estão na ponta das unidades frigoríficas. Álcool em gel e equipamentos de proteção individual são disponibilizados, e os ambientes vêm sendo frequentemente higienizados, com ventilação contínua.

Empresas do setor, inclusive, contrataram transporte fretado para os colaboradores. Ação essa que tem o intuito de evitar que os mesmos frequentem coletivos e outros meios e, assim, diminuam os riscos de contágio e transmissão – para si, para seus colegas e para suas famílias. Campanhas educativas também fazem parte do rol de ações preventivas empreendidas pelas indústrias associadas.

Há iniciativas voltadas também aos profissionais terceirizados. Motoristas de transportadoras que necessitem entrar nos centros de distribuição e nas fábricas estão passando por medições e análises prévias de saúde. Mesmo que tenhamos convicção que as companhias parceiras estão adotando todas as providências para evitar a propagação do vírus, sabemos que durante o trajeto os colaboradores estão suscetíveis ao contágio. A intenção é assegurar que o vírus não se propague de fora para dentro.

A atuação da ABPA, no entanto, não se resume apenas para dentro da cadeia produtiva. Estamos em contato frequente com as autoridades públicas. Apoiamos as medidas do Ministério da Agricultura para a área e solicitamos aos governadores a manutenção das vias de escoamento e a entrada de insumo nas organizações. Assim, garantimos que as pessoas encontrem, em supermercados, açougues, feiras e nas compras online, produtos de qualidade e em quantidade.

Mais do que nunca, agora é a hora e a vez do Brasil. A luta do produtor é pelo país e pelo mundo – e pelo alimento na mesa de todas as pessoas. A nossa está concentrada no bem-estar desses milhões de homens e mulheres que desempenham uma função primordial para toda a sociedade. A crise é grave, mas tenho fé: sairemos melhores e cada vez mais conscientes do papel fundamental do nosso agro.

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