#oagronuncapara – O agro não pode e não vai parar

Por Sarita Rodas, presidente do Conselho Administrativo do Grupo Junqueira Rodas. Top Farmer Nova Ge


Edição 20 - 26.05.20

Por Sarita Rodas, presidente do Conselho Administrativo do Grupo Junqueira Rodas. Top Farmer Nova Geração – Citricultura

Garantir o alimento na mesa é uma das missões do agro. Com ou sem pandemia, essa sempre foi nossa motivação maior, o porquê de dia após dia saltarmos da cama e irmos para o campo arar, plantar, colher e não deixar ninguém morrer de fome.

A natureza não para, o sol está aí, as condições são favoráveis para a produção. Não podemos e não vamos parar. É de grande parte dos alimentos e da carne que produzimos que vem a base necessária para garantir a saúde e a imunidade de todos. É o agro a grande mola propulsora da economia e esse também é um dos motivos pelos quais não podemos parar.

Com a chegada do coronavírus ao Brasil e o alastramento pelo mundo impactando em um isolamento social necessário de grande parcela da população, nossa responsabilidade aumentou. Temos agora a missão de garantir a comida para quem está em casa, para quem está na linha de frente assegurando que serviços essenciais não parem e, principalmente, para quem tem a nobre missão, na área de saúde, de atender os doentes. Somos engrenagem vital para que a máquina continue a funcionar.

E como seguir em meio à crise que se instalou no País? Com seriedade, rapidez e compromisso. Compromisso com nosso time, compromisso com o povo, compromisso com as autoridades.

Instalamos um gabinete de crise, com representantes de todos os setores da empresa e juntos, com base nas orientações do Ministério da Saúde e respeitando as restrições deflagradas pelo governo do estado de São Paulo, montamos um planejamento para enfrentamento do momento.

Na empresa, entre as primeiras medidas adotadas figuraram o afastamento obrigatório de idosos, portadores de doenças crônicas e possíveis casos gripais do trabalho diário. A eles, o isolamento social como medida de segurança. E a potenciais casos suspeitos a quarentena preconizada por médicos.

A área administrativa, que antes ficava muito próxima, confinada em salas, passou a trabalhar em sistema de home office, registrando ponto virtualmente, porém, garantindo a coordenação do time e a produção com eficácia, mesmo que à distância.

Dentro e fora da porteira, redobramos os cuidados com a higienização. Todos os veículos de transporte passaram a ser desinfectados antes e após cada viagem, com colaboradores respeitando a distância mínima entre um e outro e cientes da necessidade de posturas individuais, como evitar cumprimentos e não tocar boca, olhos e mãos.

A orientação para a constante lavagem das mãos com água e sabão já era regra antes mesmo desta situação, e vem sendo intensificada a cada diálogo de segurança diário.

Para isso, implantamos comunicação interna atuante, com envios diários de orientações, dicas e esclarecimentos sobre a doença, bem como insights sobre segurança individual e coletiva, além de orientações para aprimoramento de carreira e conhecimento próprio. Sem alardes, sem causar pânico. Porque isso é do que menos as pessoas precisam hoje, a positividade e o senso de dever comum é que devem imperar e não a propagação de informações que podem levar ao desespero.

Não foi fácil, ainda mais esbarrando em administrações locais que insistiram em baixar as portas de comércios essenciais para o agro, mas com a força da ministra Teresa Cristina, bem como o secretário de Agricultura do estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, a decisão foi revista.

Com o distanciamento social, reflito hoje que muitos processos antes adotados eram desnecessários, às vezes, inócuos. Quantas reuniões presenciais realizamos para decisões pequenas que nos roubava tempo e produtividade? Quantos papéis gastos e impressos para garantir a palavra, que impactaram a sustentabilidade do negócio? Ações que hoje servem de ponto de reflexão e fato para repensar o negócio como um todo.

Grandes crises implicam grandes responsabilidades, mas trazem ensinamentos. Fui criada por uma avó que me trouxe, ao longo da vida, grandes lições. Sábia, ao estilo dos antigos, sob uma experiência de quem sobreviveu a duas guerras e com pais vindos foragidos da Itália porque passavam fome, sempre contava histórias que me faziam refletir por dias. Dizia que em tempos de grandes populações só duas coisas forçavam o mundo a se readequar, guerra ou moléstia. Guerras acabariam com o mundo, então, sobrariam moléstias. Situação pela qual passamos no momento e que nos impõe um grande impasse atrelado a um grande ensinamento, manter a saúde dos mais vulneráveis e minimizar as consequências econômicas.

Se o agro ficar doente, o mundo morre de fome. Nossa responsabilidade é enorme! Sabemos que essa batalha ainda está longe do fim, mas se as orientações de autoridades da saúde foram seguidas e todos adotarem as medidas de prevenção, poderemos vencer mais esse obstáculo. Mas de uma coisa temos certeza: nós, do agro, estamos fazendo a nossa parte!

Para ler mais, confira a lista completa de artigos

TAGS: #oagronuncapara, Sarita Rodas