Edição 20 - 26.05.20
Por Franke Dijkstra, fundador da Fazenda Frank’Anna – Top Farmer Milho – Primeira Temporada
Diz um provérbio chinês: “É preciso nadar contra a correnteza para se chegar à nascente”. Superar crises sempre fez parte da nossa atividade. A visão de curto prazo não pode inviabilizar a de longo prazo. Devemos ter um sistema de produção que beneficia o solo, que viabiliza nossa atividade econômica, com produtividade.
Em 60 anos de vida na agropecuária, muitas crises superamos. A grande força para superar crises foi chegarmos a um sistema de produção sustentável, em que também o otimismo não pode faltar. O trabalho de longo prazo nos mantém em pé.
Da terra, não somente se extrai. Devemos dar em troca, dos nutrientes extraídos à cobertura de palha na terra. Precisamos de um solo vivo.
Existe risco em tudo que fazemos, mas não podemos cruzar os braços. Precisamos priorizar, não somos responsáveis por nós apenas. Produzimos alimentos, cuidamos da preservação do solo e do meio ambiente, sempre buscando o melhor caminho para poder atender essa grande demanda de alimentos pensando no crescimento demográfico e em como alimentar as futuras gerações.
Os tempos da agricultura extrativista ficaram no passado. Atualmente toda a produção de alimentos está alicerçada na informação técnica. A pesquisa é a espinha dorsal na produção de alimentos.
Não podemos olhar somente o mercado neste exato momento para tomar decisões de longo prazo. Tem um ditado holandês que diz “Achter de net vissen” (pescar atrás da rede). A rede passou, se foram os peixes. As decisões devem ter sempre um equilíbrio técnico e econômico para garantir melhores resultados no longo prazo. Sem olhar para o umbigo, mas buscando sempre informações técnicas e de mercado para nos orientar.
Normalmente, as decisões de longo prazo são as de menor risco.
Nestes 60 anos não vi um ano igual ao outro, e nós temos de nos adequar a essas variáveis de clima, mercado e políticas. Temos de aprender a dividir melhor os riscos buscando as melhores épocas para cada cultivar, cultura, conhecer a vocação das áreas mantendo com isto o potencial produtivo das nossas lavouras. As decisões que beneficiem uma rotação saudável e sustentável para o solo respondem sempre com maior produtividade e longevidade. Isto o SOLO NOS ENSINOU. Um bom monitoramento de doenças e pragas também faz parte da busca de um equilíbrio natural, e sobretudo de uma boa economia.
Sabendo que não sabemos, já sabemos muito. Abrir nossos horizontes e ter nas diferentes regiões do País e no mundo produtores que possam nos informar as condições de suas lavouras em muito pode nos ajudar com informações reais, ferramentas básicas nessa atividade. Estamos numa era de muita informação – e filtrar essas informações é um grande desafio. Não basta estar antenado com as novas tecnologias. Devemos saber quando e como usá-las. A pesquisa regional é muito importante para filtrar essas informações. Fazer pesquisa custa muito, mas um erro pode custar muito mais. Não falo em fazer pesquisa na fazenda, mas, em grupos ou cooperativas, criar e sustentar centros de pesquisas básicas e regionais para em conjunto achar soluções, fazer pesquisa adaptada para as suas necessidades. O que pode ser adaptado na região, e ao seu bolso. Os avanços na mecanização não param. Agricultura de precisão e todas as ferramentas para o uso correto dos insumos agrícolas cada vez mais onerosos. Máquinas e implementos com grande precisão nos dão a certeza de que estamos fazendo precisão na agricultura, buscando em cada área o máximo de produtividade e rentabilidade, conhecendo as limitações que cada zona de manejo tem dentro dos talhões.
A terra é o maior patrimônio da humanidade. Em cada atitude devemos minimizar os riscos com a erosão. Com o plantio direto conseguimos mais do que somente preservar o solo, deixamos este em melhores condições do que na sua origem, e cada vez mais produtivo.
Para ler mais, confira a lista completa de artigos
TAGS: #oagronuncapara, Franke Dijkstra, Milho