#oagronuncapara – Desafios da piscicultura em tempos de pandemia

Por Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) A atividade


Edição 20 - 26.05.20

Por Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR)

A atividade de piscicultura no Brasil cada dia tem mais importância na mesa do consumidor, seja devido à geração jovem que está aprendendo a comer peixe a partir da comida japonesa ou aqueles que desejam uma alimentação mais saudável para sua vida.

A pandemia da Covid-19 ocorreu no período de quaresma, quando tradicionalmente ocorre maior consumo de peixe decorrente inicialmente da questão religiosa, mas que também vem em função da maior oferta de peixes nos restaurantes.

Com a pandemia e o consequente fechamento dos restaurantes, houve impacto direto deste regular aumento de consumo nesses tempos de quaresma, pois essa maior oferta de peixe impacta diretamente no consumo.

As indústrias de processamento de peixes rapidamente começaram a procurar outros canais de venda e fortalecê-los, principalmente as redes de supermercados, haja vista que o consumidor deixou de ir ao restaurante, mas continua comendo. Assim, nada melhor do que estar na prateleira onde ele vai buscar alimentos para levar para casa.

As expectativas de venda, que em algumas regiões tem incremento de 30% a 50% nesse período, não ocorreu, mas foram mantidos os contratos para os canais que não foram impactados diretamente com as medidas de restrição impostos pelos decretos de quarentena. Nas regiões Norte e Nordeste, houve redução das feiras livres de comercialização de pescado, mas elas funcionaram durante a Semana Santa, o que manteve esse importante canal de comercialização aberto naquele período.

As indústrias de ração continuaram o fluxo de produção. No inverno que se aproxima geralmente temos redução no consumo pelos peixes, o que impacta nas vendas. O mais preocupante é a falta de algumas matérias-primas importantes para elaboração da ração e a necessidade de aquisição de outras com valor mais elevado, tendo como consequência direta o aumento do preço da ração em um período em que o produtor e a indústria não conseguem repassar para os consumidores.

Os produtores de alevinos (peixes jovens que vão para as fazendas de engorda) na sua maioria continuam o processo de comercialização, mas logo começará o declínio também em função das condições climáticas, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Isso ocorre naturalmente, mesmo sem a presença da pandemia. Então, de alguma forma já estão preparados, mas o retorno por volta dos meses de agosto e setembro pode estar comprometido, mas só saberemos lá.

Nesse momento, o desafio é se programar para os meses subsequentes. Esperamos a manutenção de consumo de pescado em uma curva muito próxima dos números históricos nas redes de supermercados e feiras livres.

A prorrogação pelos governantes dessas medidas restritivas pode afetar diretamente o poder de compra do consumidor e isso sim afetar diretamente o nosso negócio. Por enquanto, é manter o consumo de peixes para manter a saúde em dia e enfrentar essa pandemia sem efeitos danosos à saúde.

Lembro que a piscicultura tem crescido ano após ano. Em 2019, a produção avançou 4,9%, mas a média história dos últimos anos é superior. O Brasil tem condições, clima, infraestrutura, água e produtores para superar esse desafio e manter a rota de crescimento. Tenho plena convicção que vamos superar essa fase difícil e avançar. Importante destacar as ações para isonomia de PIS/COFINS para a ração de peixes em relação a aves e suínos, o que tem impacto direto no custo de produção. Além disso, há as questões de licenciamento ambiental e outorga das águas da União, as quais precisam merecer a devida atenção das autoridades.

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