COMO O BRASIL FOI REPRESENTADO NO GFFA EM 2019? PELO SETOR PRIVADO

Por STÉFANNIE LEFFLER Nos dias 17, 18 e 19 de janeiro aconteceu em Berlim, Alemanha, o “Global Fo


13.02.19

Por STÉFANNIE LEFFLER

Stéfannie Leffler, formada em Relações Internacionais pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado e atualmente estudante de Direito com foco no Agronegócio, é Coordenadora de Projetos na AgroTools.

Nos dias 17, 18 e 19 de janeiro aconteceu em Berlim, Alemanha, o “Global Forum for Food and Agriculture”, promovido pelo governo alemão. O GFFA é uma conferência internacional que foca em questões centrais e de preocupações relacionadas ao futuro da agroindústria global, visando fornecer um espaço para que representantes da política mundial, setor privado, acadêmico e sociedade civil possam compartilhar suas ideias, debater e enriquecer seus conhecimentos. A AgroTools, membro do Comissão Executiva do GTPS, foi convidada a participar do Fórum pela APEX-Brasil.

O Fórum é dividido em duas partes. A primeira consiste em dois dias de imersão no tema, através dos “Expert Panels”. Este ano o evento contou com 15 painéis. Junto com os painéis ainda acontecem eventos visando promover o debate e compartilhamento de ideias sobre os temas. O evento contava com dois palcos disponíveis aos participantes, o “Future Forum” e também o “Innovation Market”. O terceiro dia é reservado apenas aos representantes políticos presentes no evento. Este ano o Fórum contou com a presença de representantes de 75 países. Porém, infelizmente, o Brasil não era um deles, uma vez que o representante não pôde comparecer ao evento.

O Brasil participou do Expert Panel que discutia: “How can Digital Agriculture foster ressource Efficient and Environmentally-Friendly Food Production?”. Com público de mais de 100 espectadores, foi iniciado com uma introdução feita pela fomentadora do painel, a APEX-Brasil. Logo em seguida, os franceses da IRSTEA, que participaram do painel com o Brasil, apresentaram pesquisas e estudos relacionados a aumentar a produtividade das culturas em si, claramente com foco na sustentabilidade. Após essa exposição, pelo olhar de quem está pisando e vivenciando o campo, a AgroTools assumiu a apresentação representando o setor privado brasileiro, ao demonstrar como vem ajudando os diferentes atores do agronegócio tropical, de forma local e também internacionalmente, a aplicar na prática a tecnologia para aprimorar os processos em diversos setores, conquistando ganho de eficiência, aliando robustez e transparência na sustentabilidade dos negócios. O Brasil estava presente no painel como o terceiro maior exportador agrícola do mundo, porém também demonstrava que exportamos tecnologia inovadora e de alto impacto.

Da esquerda para a direita: Vinicius Estrela – Representante Apex-Brasil; Stéfannie Leffler – Representante AgroTools; François Brun e Frédéric Lebeau – Representantes IRSTEA. Fonte: GF

A questão central do debate proposto pela AgroTools foi o desafio em traduzir a realidade do campo para as grandes corporações do agronegócio. Essa tradução deve ser feita de forma dinâmica, para que aqueles que estão presentes nos grandes escritórios espalhados pela cidade de São Paulo, Big Apple, Berlim, entre tantas outras, tenham informações realistas do que está acontecendo no campo, tão distante dessas cidades. A distância, combinada com a falta de dados confiáveis, uma cartografia precária e o dinâmico microclima que temos, levam a uma grande assimetria entre a percepção, por exemplo, das instituições financeiras e seguradoras com a realidade do campo. Esse cenário incerto leva ao aumento dos riscos e dos custos das operações, podendo penalizar os produtores mais eficientes, uma vez que essa visão distorcida do campo gera produtos financeiros inapropriados, pois esse aumento de riscos e custos reflete no preço final oferecido ao produtor, que por fim, tende a reduzir sua demanda por esses produtos. Hoje no Brasil apenas 15% da área agrícola é protegida pelo seguro rural, número baixíssimo comparado com os EUA, onde 85% das terras cultivadas contam com essa proteção, segundo pesquisa da SUSEP. Essa baixa aderência tem limitado o crescimento e a expansão desses produtos.

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Considerando essa introdução, a AgroTools mostrou seu produto, já utilizado por grandes instituições financeiras e seguradoras, que garante o ingresso à transformação digital, protegendo esses negócios e os automatizando totalmente, para uma tomada de decisão mais rápida ao promover diversas soluções online e também um aplicativo que funciona offline durante as visitas de campo. Essas ferramentas são combinadas com o poder do uso dos dados e um profundo conhecimento do agronegócio, de modo a fazer a tradução entre a realidade do campo e a percepção da cidade de forma apropriada. O grande diferencial é a oferta de soluções compostas por uma tecnologia 100% própria, que pode ser personalizada às necessidades de cada setor, sejam corporações, organizações, empresas de serviços ou provedores de tecnologias. Portanto, foi demonstrado como esses setores já utilizam práticas e tecnologia conforme o tema proposto pelo painel. O debate foi encerrado com um excelente agradecimento da Apex aos participantes e ouvintes.

Após a apresentação, que do lado brasileiro contou com a visão e experiência apenas do setor privado, a conversa com espectadores do painel permitiu perceber o quanto o Brasil ainda tem potencial de explorar sua imagem internacionalmente. As reações e comentários foram em tom de surpresa pelo Brasil ter práticas e tecnologias disponíveis já sendo aplicadas e em prol do aumento da produção de forma eficiente e sustentável. Equivocadamente muitos ainda enxergam o Brasil como um vilão ao invés de nos reconhecer como um dos players mais importantes na missão de alimentar 9.7 bilhões de pessoas até 2050.

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