Bolsonaro embarca na Embraer?

Pelo menos no que se refere à aviação brasileira, o assunto mais urgente do ano e que pode ser cr


30.10.18

Com 13 anos de experiência no mercado aeronáutico, o paranaense Tiago Dupim atuou como repórter, editor-executivo e editor-chefe de algumas revistas do setor. Atualmente, comanda a B2B Comunicação. Morou duas décadas em São Paulo e está há dois anos no Rio de Janeiro. Nas horas vagas (que são muito poucas) gosta de ouvir um bom rock’n roll, beber um bom vinho ou cerveja e acompanhar, mesmo que a distância, o Clube Atlético Paranaense, seu time de coração. 

Pelo menos no que se refere à aviação brasileira, o assunto mais urgente do ano e que pode ser crucial para o futuro da cadeia aeronáutica nacional é o acordo entre Embraer e Boeing. A papelada para sacramentar o negócio deve chegar à mesa do presidente eleito Jair Bolsonaro logo em janeiro. Ou não. Explico.

As empresas querem concluir até 5 de dezembro deste ano todos os processos relativos à criação da joint venture que vai deter o controle dos negócios de aviação comercial da fabricante brasileira. As etapas incluem diligência legal e financeira, aprovações das diretorias, órgãos reguladores e documentos de transação.

A equipe do novo presidente já declarou que, caso o acordo seja assinado ainda durante o governo do presidente Michel Temer, vai querer conhecer todos os detalhes da operação. Nada mais plausível para um negócio que envolve uma das principais empresas brasileiras e a terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo.

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Em princípio, o acordo envolve apenas a aviação comercial, mas os futuros parceiros estudam uma forma de incluir também a área de defesa, pouco rentável dentro do escopo de negócios da Embraer. A aviação executiva ficaria de fora. A aproximação das duas empresas é devido principalmente à união entre o consórcio europeu Airbus e a canadense Bombardier para o programa dos jatos CSeries, principal concorrente da Embraer no segmento de jatos comerciais.

Recentemente, a Embraer divulgou o resultado trimestral. Por mais que os números ainda não sejam consequência da parceira entre Airbus e Bombardier, o fato é que o sinal de alerta está ligado: as entregas de jatos comerciais da empresa apresentaram uma queda de 40% entre julho e setembro em comparação ao ano passado.

Não há outra saída: a Embraer precisa se unir à Boeing para continuar competitiva globalmente. Agora é questão é oficializar um acordo que seja o melhor possível para a fabricante nacional e que não prejudique os funcionários.

E com o fim das eleições, aumenta a possibilidade de a área militar da empresa também entrar fortemente no negócio. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já sinalizou que uma das áreas que o governo americano pretende trabalhar com o Brasil a partir do ano que vem é a das Forças Armadas. Como o novo mandatário máximo do país é um militar da reserva, não é difícil imaginar que poderemos ter novidades por aí. Aguardemos.

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TAGS: Bolsonaro, Embraer, Indústria Aeronáutica