#oagronuncapara – O agronegócio e a crise do coronavírus

Por Antonio Batista da Silva Junior, presidente executivo da Fundação Dom Cabral “Não podemos


Edição 20 - 26.05.20

Por Antonio Batista da Silva Juniorpresidente executivo da Fundação Dom Cabral

“Não podemos querer que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a maior bênção que pode acontecer às pessoas e aos países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, assim como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem os inventos, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise supera a si mesmo sem ter sido superado.”

Albert Einstein

Acredito que a relevância do agronegócio para o nosso País e para o mundo esteja bem clara para todos nós. No Brasil, o PIB do setor cresceu mais de 3% em 2019 – um aumento relevante em comparação com os anos anteriores. Agora, a crise que ameaça o mundo todo torna-se também um desafio neste caminho de crescimento. Mas, pessoalmente, busco manter o otimismo e, nessa situação sem precedentes, o que podemos aprender – e crescer – com ela.

O primeiro ponto que, a meu ver, fará a diferença e será o fio condutor das estratégias neste momento é compreender qual o nosso propósito: como indivíduos, mas também como organização. Acredito firmemente na responsabilidade das empresas em construírem um legado positivo, não somente do ponto de vista de negócios, mas para a sociedade como um todo.

Hoje, com a crise da Covid-19, ouso dizer que não há empresário C-level que não esteja colocando na balança as práticas que vem entregando ao mercado. Ou seja, é o momento de repensarmos se essas são realmente as ideais para o setor.

É, sim, papel do agronegócio contribuir com o desenvolvimento de soluções inovadoras. O momento é adverso, na economia e na política, mas a hora é agora. A ideia de que clareza de propósito e transparência na gestão devem fazer parte do cotidiano é das maiores exigências da nossa sociedade atual.

Não sabemos qual a cura ou a prevenção do vírus. Mas temos uma certeza: será apenas com a sociedade unida e adotando práticas novas e efetivas que iremos superar a crise. E eu acredito que é papel das lideranças agirem rápido para que essa superação venha o quanto antes, sem deixar de lado a relevância dos fatores externos e que não podemos controlar.

A Fundação Dom Cabral possui um histórico longo com o setor do agronegócio na criação de soluções educacionais, de forma conjunta, para toda a cadeia produtiva do setor. Uma cadeia complexa que envolve cooperativas, multinacionais, órgãos de classe, governos e pequenos produtores. Procuramos formar líderes, ajudando a formular e desenvolver estratégias, apoiando maior produtividade a processos e aprimorando a governança das organizações.

Temos uma iniciativa chamada Academia de Liderança das Mulheres do Agronegócio, um programa com a empresa Corteva em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). O objetivo é capacitar mulheres brasileiras que já começam a atuar como lideranças no agronegócio, uma área que sempre foi destacada pela liderança masculina, e auxiliá-las em seu desenvolvimento em gestão de forma mais inclusiva, diversa e contribuindo para o equilíbrio de gênero nesse ambiente corporativo. Com isso ajudamos a atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), que fazem parte da agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas) e que diz respeito à igualdade de gênero. Vemos, a cada dia, as mulheres empresárias desse importante setor conquistando mais espaço e se tornando uma voz ativa e influenciadora. Queremos fazer parte dessa mudança.

Porém, a FDC está consciente de que sua contribuição à sociedade pode extrapolar os programas ofertados. Temos plena consciência de que a orientação deve se dar, também, no auxílio em mapear oportunidades no atual momento. Por exemplo: um dos maiores desafios do setor diz respeito à circulação de mercadoria. A crise atual está nos mostrando que a tecnologia será fundamental em todos os nossos processos daqui para a frente. Não seria esse o momento de reflexão também sobre como podemos aprimorar sistemas de monitoramento e controle remoto para auxiliar no melhor deslocamento da carga agrícola? É preciso aprender com tudo o que estamos vivendo.

Embora estejamos atravessando um contexto trágico, a crise nos oferece oportunidades para aprofundar reflexões que podem nos levar a caminhos melhores. Convido a todos do agronegócio a exercitarem essa possibilidade. O que este momento revela das práticas empresariais e como os valores organizacionais podem indicar melhores rotas? As respostas podem indicar alternativas e contribuir para que o setor do agronegócio se fortaleça e protagonize a retomada da nossa economia de maneira sustentável e solidária.

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