08.11.19
A cultura da cana-de-açúcar é um universo muito mais complexo do que parece aos olhos daqueles que não a conhecem com a devida profundidade. Para muitos ainda vista como apenas um elemento do sistema de produção, a nobre gramínea é responsável pela reação em cadeia de inúmeros desenvolvimentos tecnológicos e inovações, começando desde o desenvolvimento (ou gerenciamento, ou manejo) genético da planta.
É aí que entra o mais importante centro de pesquisa canavieiro brasileiro, reconhecido mundialmente: o Centro de Tecnologia Canavieira, conhecido por todos como o “nosso” CTC — pelo era assim que o professor titular da ESALQ Tomaz Caetano Cannavam Ripoli se referia. Muitas outras tecnologias agrícolas e industriais para o plantio, tratos culturais, colheita e processamento também fazem parte de suas pesquisas e do seu DNA.
No final da década de 1960, em Piracicaba, cidade que congrega a segunda maior região canavieira do País, surgiu a Coopersucar, apoiada pela certeza de que a inovação tecnológica se caracterizava vital para a competitividade e longevidade da indústria sucroalcooleira. Após uma significativa restruturação, ganhou o nome de CTC.
Para poder absorver o que existe de mais avançado em biotecnologia e fitogenética, o CTC construiu um laboratório na cidade de Saint Louis (Missouri, EUA) chamado CTC Genomics. A interação com outras instituições de pesquisa e a nova estrutura do laboratório instaladas próximas ao Donald Danforth Plant Science Center, ajudaram para o avanço do conhecimento sobre tecnologias disruptivas associadas à genética da cana-de-açúcar (edição genômica e desenvolvimento da semente sintética).
Isso exigiu da instituição um preparo e visão de negócios que até pouco tempo atrás não tinha desenvolvido. O CTC iria entrar em um mercado global de gigantes da biotecnologia. Assim ergueu-se a barra para o trabalho científico, que não era mais meramente direcionado pelo desejo e interesse acadêmico, mas sim promover o aumento da produtividade dos canaviais de seus associados.
Hoje novas fontes de receita possibilitam maiores investimentos em pesquisas dedicadas a mecanização do processo produtivo, sementes, ciências, regulatórias, biotecnologia industrial e agrícola, entomologia, cogeração etc.. No caso específico da colheita, as máquinas existentes hoje já são capazes colher as canas de “três dígitos”, como são conhecidas, porém cada vez mais a produtividade do canavial vai exigir das fabricantes atenção.
Dando mais um passo à frente, quando se fala de cana transgênica, muitos ainda se assustam! Infelizmente ou felizmente isso já é uma realidade… Infelizmente porque muitos são contra “GMOs” e é preciso foco e investimentos no desenvolvimento de uma comunicação pública adequada para informar sociedade e governo de sua importância e benefícios. E, felizmente, porque o setor que já se considerava a mais de 20 anos atrasado em relação ao setor de grãos deu sinal de que o gap tecnológico vem diminuindo substancialmente ano a ano.
Foi em 2017 que o CTC liberou sua primeira variedade transgênica (CTC20BT), a qual recebeu um gene específico de proteção a uma das principais pragas existente hoje no país, a broca-da-cana. Ao receber este gene, cada planta passa a produzir uma determinada substância que, ao ser ingerida pela broca, impede que ela sobreviva e se multiplique. Foi tamanho o sucesso que fora desenvolvida uma nova variedade (CTC9001BT) mais adequada as novas fronteiras agrícolas brasileiras.
Fica aqui minha homenagem, reconhecimento, agradecimento e parabéns ao CTC, principalmente na figura de seus colaboradores, pelos 50 anos!
O Agro não para!
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TAGS: Cana, CTC, Indústria Sucroenergética