Quem vai comandar a Coamo?

Por Luiz Fernando Sá, de Campo Mourão (PR)/Fotos: Walter Natálio “Vai demorar um pouco, porque


Edição 15 - 24.06.19

Por Luiz Fernando Sá, de Campo Mourão (PR)/Fotos: Walter Natálio

“Vai demorar um pouco, porque vou viver até 126 anos de idade…”. O homem normalmente sério cai na gargalhada – e até os assessores registram que esse é um momento pouco frequente. Seriam mais 49 safras de verão para José Aroldo Gallassini, agrônomo de 77 anos. Retrocedendo outras 49, até 9 de novembro de 1969, pode-se ter uma noção do que esse tempo pode representar para o agronegócio nacional. Naquela data, 79 agricultores se reuniram para fundar uma cooperativa na cidade de Campo Mourão, no centro-oeste do Paraná. Hoje, um monumento defronte a um edifício de nove andares lembra os nomes de todos os criadores de um colosso que fatura R$ 14,8 bilhões por ano. Gallassini não está entre eles, mas ninguém tem mais crédito por tornar a Coamo Agroindustrial Cooperativa na maior do seu ramo na América Latina. A proposta foi dele, a condução foi dele, a liderança tem sido dele desde então – só não está na lista dos fundadores porque não era produtor, como era exigido para estar entre os associados.

A brincadeira do presidente da Coamo dura pouco. Ele logo retoma o tom sisudo para falar de seu momento pessoal – e, portanto, do momento da Coamo. Gallassini está de saída. Já comunicou aos 28 mil cooperados – que plantam mais de 4 milhões de hectares em mais de 70 municípios de três estados (Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul) e colhem cerca de 3,2% de toda a produção nacional de grãos e fibras – e cerca de 8 mil funcionários. A decisão acionou um processo de sucessão que deve ter o mesmo perfil do homem a ser substituído e, por que não dizer, da própria Coamo, que ele forjou a sua semelhança: discreto, cuidadoso e conservador. A seleção do executivo que ocupará o comando do dia a dia da cooperativa está em curso. A sucessão de um ícone como Gallassini desponta como um dos principais desafios que a Coamo enfrenta para o seu futuro próximo. Em uma entrevista concedida à PLANT em seu amplo gabinete no oitavo andar do prédio-sede da cooperativa, seu Aroldo, como é chamado por lá, encara essa e outras questões com a mesma simplicidade com que conversa com os associados no saguão do térreo – sem dúvida, uma das tarefas mais relevantes do seu trabalho. Na parede da sala, dezenas de diplomas
de cidadão honorário retratam a influência do catarinense de Brusque pelo interior do Brasil à medida que a Coamo expandiu sua área de atuação. Sobre a mesa, uma biografia recém-lançada, que ele faz questão de oferecer aos visitantes, devidamente autografada com a mesma assinatura que imprime em milhares de cheques distribuídos aos cooperados nos últimos meses, referentes à divisão dos R$ 358 milhões apurados como “sobras” pela cooperativa em 2018 – entidade sem fins lucrativos, é assim que ela denomina o saldo positivo no balanço. O maior desses cheques destinados a um associado superou os R$ 4 milhões.

ELE, A COAMO E A SOJA

A conversa reforça, mesmo em quem já conhece sua trajetória, como a história de Gallassini e da Coamo se confundem com a do próprio agronegócio brasileiro nas últimas cinco décadas. Assim como todo o setor, ele teve sua vida transformada pela cultura da soja, incipiente na ocasião da fundação da cooperativa.

“Eu me formei em Agronomia em 1967. Em maio de 1968 vim para cá como extensionista rural da Acarpa (a extinta Associação de Crédito e Assistência Rural do Paraná). Tínhamos um plano de fundar cooperativas, mas aqui foram feitas cinco tentativas e nunca deu certo. Era uma região de madeira, terras ácidas e fracas, com agricultura de manutenção: arroz de sequeiro, um pouquinho de milho, um pouquinho de algodão. Soja não existia, trigo não existia. Nós começamos a fazer uns experimentos com trigo. Começamos o trabalho, identificando lideranças, fazendo extensão rural, reuniões, cursos, um trabalho grande. Então surgiu, mais tarde, a ideia de fazer uma cooperativa. Reunimos as lideranças no dia 9 de novembro de 1969, e aí estourou a ideia de fazer uma cooperativa. O prefeito da época disse: ’Olha, se vocês fizerem uma cooperativa, tem um terreno, que é esse aqui debaixo, que eu posso ceder.’ Foi o único terreno que a Coamo ganhou até hoje. Depois compramos aqui para cima, era uma madeira. (…) Fizemos a Coamo para trigo. Depois veio a soja e não parou mais de crescer. Eu conheci a soja em Ivaiporã (no Paraná) quando fiquei responsável por toda a regional da Acarpa. Eles tratavam porco com soja, mas tinha que cozinhar, porque se ela fosse comida crua eles engordavam muito e quebravam os ossos. Daí começamos o plantio e foi embora.”

“Fomos sempre pés no chão, bem capitalizados, com seriedade para nunca perder a credibilidade do quadro social. Não pode ter dúvida do seu comportamento, da honestidade e tudo mais, sempre com confiança. São pontos primordiais no cooperativismo. Não é na Coamo, é em qualquer lugar. Nós fomos crescendo de acordo com a necessidade do crescimento da agricultura. Primeiro o trigo, mas o que veio com força mesmo foi a soja. Fomos construindo entrepostos em muitos locais, sempre atrás do crescimento da produção. Corrigimos todas as terras, que eram ácidas e fracas, com calcário, principalmente. E adubação, coisa que não se fazia. Quando eu cheguei aqui, nem se sabia o que era adubo. Então os produtores foram vendo que, corrigindo e adubando, foi dando certo. Tivemos sucesso porque todo mundo pensava igual.”

Assim como plantar na terra ácida e fraca do centro-oeste do Paraná, os primeiros anos de Gallassini na Coamo exigiram perseverança e uma dose de idealismo.

“A partir de 1971, eu me tornei gerente (da Coamo). Acabei saindo da Acarpa. Foi uma dificuldade grande, não tinha renda. Trabalhava nos fins de semana fazendo avaliações para o Banco do Brasil e fui vivendo. Estava recém-casado também. Renda, não tinha… Mas depois não tivemos nenhum problema econômico, vivemos com os pés no chão, crescendo normalmente.”

UM GESTOR CONSERVADOR

Pés no chão, seriedade e trabalho que deu certo são expressões ouvidas várias vezes durante a conversa. Outro ponto que Gallassini faz questão de reforçar é a saúde financeira da cooperativa, que tem um patrimônio avaliado em R$ 5,11 bilhões. Avesso a riscos, o dirigente conta como o estilo conservador permitiu que a Coamo expandisse sua área de atuação.

“A Coamo teve esse sucesso todo porque, como eu disse, sempre teve pé no chão e bem capitalizada. Se quebrava uma cooperativa, em dificuldades, nós íamos lá e incorporávamos quem estava na região da Coamo. Até agora eu conto dez cooperativas que já foram incorporadas. Hoje atuamos em 71 municípios. Fomos para Santa Catarina e incorporamos uma cooperativa. E depois para o Mato Grosso do Sul. Lá nós não incorporamos, apesar de ter uma oferta. Mas não nos interessamos. Fomos para lá a pedido de cooperados daqui que foram para lá. Eles pediram muito porque lá não tinha esse trabalho. Hoje estamos construindo lá em Dourados uma grande indústria de soja, de 3 mil toneladas. O investimento é de 700 milhões de reais. Deve funcionar a partir de outubro, novembro, está quase pronta.”


“Na questão da comercialização, nós temos o preço do dia, mas temos o ano todo venda, a hora que ele quiser. É uma coisa diferente do que era lá atrás. A gente nem sabia como funcionaria isso. E a Coamo não corre risco nenhum. Ela não vende um saco de soja que o cooperado não venda. Não vamos aproveitar que o preço está bom para ganhar em cima do cooperado. É uma gestão bem conservadora.”

Essa seria a principal marca de sua gestão?

“Pode ser. Porque quem quebrou teve esse problema, arriscou. Às vezes pelo motivo de querer ganhar dinheiro em cima ou às vezes por dureza mesmo, falta de caixa.”

“Temos grande volume de milho, que vamos colher ainda, vendido. O cooperado vendeu. Temos grande volume de soja e de trigo também. Ele pode vender no momento que ele quiser. No momento que ele achar o preço bom, ele pode vender. Tem alguns limites. Não vamos também deixar ele vender tudo e depois dar uma frustração.”

Uma das grandes lições que a Coamo dá ao cooperativismo brasileiro é a agregação de valor com a industrialização da produção. E a especialização em grãos. Para Gallassini, parte da receita do sucesso está na possibilidade de se equilibrar em momentos em que o mercado é mais hostil, coisa que a Coamo fez dividindo os ovos entre a exportação direta de grãos e a sua transformação em produtos industrializados.


“É bom cooperativa ter indústria ou não? Eu digo que cooperativa que não tem indústria é um grande cerealista: armazena, guarda, comercializa. É o que faz qualquer um. Comparando, acho que quem tem indústria está melhor, porque agrega valor. Mas tem momentos que não é bom também. Tem momentos em que a soja em grão vale mais que o farelo, óleo, margarina. Mas quem tem indústria tem vantagem, tem mais opção de mercado.”

Foi uma lição aprendida, em alguns casos, na base da tentativa e erro. Saber sair de um negócio sem futuro também está no receituário do gestor.

“Nós somos uma cooperativa de grãos. Aqui a cana não deu certo. Nós tivemos usina de cana, mas quando chegou um momento em que vimos que não tinha solução, nós vendemos. Não tivemos problema financeiro, mas de cooperado desistindo. Não cumpriam contratos de 12 anos, não queriam mais cumprir. Deixamos ele sair e fomos plantar cana. Compramos 2,5 mil alqueires de terra e plantamos. Mas daí veio todo aquele problema: meio por cento do faturamento dava mais problema que toda a soja. Pendência trabalhista, era uma loucura. Então saímos. E bem, inclusive. Vendemos bem. Não tivemos nenhum prejuízo.”

“Aí iniciamos um projeto de suínos. E começou a dar prejuízo. E o produtor não queria mais. Então começamos a criar porcos. Estavam lá as criadeiras, leitões. Dissemos, vamos lá. Arrendamos as coisas deles. Mas não era o nosso negócio. O cooperado não quer? Vamos sair.”

A sua fórmula é se especializar e, focado no mercado de grãos, ser mais competitivo?

“O objetivo é esse, mas a gente sabe que são momentos. Porque o negócio é assim… Soja, por exemplo. Tem momentos em que o grão é melhor do que industrializar, mas como nós temos volumes que dão para tudo, a gente faz assim. Às vezes a gente prefere exportar grão, mas não para a indústria. Vai naquele que dá mais. É um negócio, né?”

AUSTERIDADE E FIDELIDADE

Dos 79 fundadores aos 28 mil associados de hoje, Gallassini mantém uma relação de respeito e austeridade junto aos cooperados. É afável no trato, mas firme nos negócios. Nesses quase 50 anos no comando da cooperativa, foram raras as vozes que se levantaram contra sua gestão. Os resultados explicam boa parte da reverência e da confiança.

“Criamos uma seriedade muito grande em relação ao cooperado. Sempre digo que pagar conta é questão de disciplina. Tem de ter uma seriedade muito grande nisso aí, porque se relaxar a turma deixa de pagar, e não pode. É por isso que a gente tem uma inadimplência de 0,2% a 0,3%, melhor que banco. Isso é um dos grandes sucessos da Coamo. Essa confiança do quadro social com a cooperativa é uma coisa que se consegue pela qualidade de prestação de serviço. Nós temos permanentemente na mão do cooperado 1,8 bilhão de reais em recursos da cooperativa, além daquilo que ele financia nos bancos. E compramos o porto, que é também uma prestação de serviços grande para o cooperado. Fretamos navios para a Europa, um a dois navios por mês. Tudo isso foi dando um corpo na Coamo e hoje conseguimos atender o cooperado em toda a necessidade dele.”

“O cooperado é sócio aqui, pode ser sócio da CrediCoamo. Lá ela fornece qualquer tipo de recurso, como um banco. Financia o custeio, financia investimento em máquinas. É um trabalho bem completo. O cooperado procura muito. Há regiões novas que querem, mas nós tínhamos a ideia de não expandir demais.”

Mesmo em tempos de sucesso, a relação com os cooperados tem seus momentos mais delicados. A concorrência de tradings e outras empresas pelos grãos produzidos por eles faz com que muitos balancem na hora de comercializar o resultado de suas lavouras. E há também uma nova geração chegando, que não tem os mesmos laços que seus pais tinham com a cooperativa. Fidelizá-la é um dos desafios do momento.

“A maioria é 100% Coamo. Tem aqueles que não são bem cooperativistas, que jogam, querem ver quem paga mais, quem tem o melhor preço. Há os que querem ter o silo na propriedade. Depois que bota o silo na propriedade, ele quer negociar o produto dele. Ele fazendo tudo, secagem, limpeza, tudo mais, ele tem o reembolso disso aí. A Coamo botou no estatuto que pode reembolsar essa despesa para ele, mas aí fica uma disputa.”

“O cooperado hoje acompanha tudo, através de próprio celular, computador em casa, que a maioria tem, através dos filhos. Hoje ele tem informação, porque lá atrás não tinha, principalmente de comércio. Hoje mudou muito. Ele vinha na cooperativa, acreditava no que a gente falava. Hoje nós temos uma mudança muito grande no produtor, e principalmente com os filhos do produtor. Antigamente era meio vergonhoso ser agricultor, ninguém queria ficar na lavoura. A piazada toda queria sair. Hoje eles querem voltar, porque hoje é um grande negócio. Hoje ele é empresário agrícola, todo mecanizado, tem condições de acompanhar o mercado. Há um interesse muito grande da juventude em voltar para a lavoura. Não é mais vergonha.”

CLIMA E AMBIENTE, AS PREOCUPAÇÕES

A Coamo de Gallassini trabalha em silêncio. Como toda cooperativa, encara a dupla missão de ser simultaneamente negócio e uma entidade social. Em ambas as frentes, depende do aprimoramento dos associados. Fazê-los produzir e gerenciar melhor suas propriedades é uma tarefa cada vez mais premente a todas, principalmente quando entram em jogo variáveis sobre as quais a cooperativa não tem controle, como as questões climáticas e ambientais.

“A Coamo tem 280 agrônomos no campo e uma assistência técnica diferenciada. Isso deu um avanço muito grande de produtividade. Quando começamos aqui, a soja dava 70 sacas por alqueire. Hoje chega a 180, 200, até passa um pouco. Não em toda a área, mas já está dando assim. Não é por causa só da Coamo. Essas novas tecnologias a gente faz chegar rapidamente para o produtor através desses agrônomos. E também através dos cursos, como os de custos de produção. Eu ainda vou para o campo duas vezes por ano. Em toda reunião nós falamos sobre custos.”

“Nós, como estivemos sempre bem capitalizados, não temos grande preocupação a não ser com o clima. Essa é uma coisa que perturba. O cooperado participa ativamente da cooperativa, não tem maior problema. E sempre olhando o mercado externo. A soja hoje, por exemplo, com aquela crise lá na China, de suinocultura. A Europa reduziu um pouco de soja também. A gente se preocupa com isso aí. Tem que ficar pensando alguma saída se reduzir realmente. E é uma coisa difícil de mudar. Foge ao controle. Vamos ver como se desenrola isso aí.”

“A briga nossa, maior, é a questão do meio ambiente. Esses ambientalistas fazem coisas do arco da velha. Aí complica bem a vida da gente, porque eles botam na cabeça certas coisas que prejudicam. Tem aí uma autoridade que botou uns outdoors dizendo que a gente come 30 quilos de inseticidas por ano. Trinta quilos. É conversa. Em se tratando de autoridade, está falando uma inverdade. E fala que morre tanta gente… Hoje, os inseticidas, que eles chamam de agrotóxicos e são defensivos agrícolas, nós usamos dentro da tecnologia. Não estamos fazendo nada de errado. É aprovado pelo ministério. A gente faz o que o governo autoriza. Mas os ambientalistas são assim. Então tem que conviver.”

“Não nos envolvemos, nem a favor nem contra. Nós orientamos o produtor: ‘Não compra briga com autoridade porque você perde.’”

A HORA DO ADEUS?

A conversa caminha para o final e para o assunto que não pode esperar. Gallassini faz a graça que abre esse texto, mas retoma o prumo de seriedade. E explica a decisão de iniciar uma retirada lenta e gradual, como a abertura política dos anos 1980. Um novo presidente executivo será visto pelos corredores do edifício a partir de 2020, mas ele garante que ainda estará por ali por um bom tempo.

“Todos nós vamos ficando velhos e não podemos ser cobrados amanhã de não ter preparado a sucessão. Isso aí é uma coisa séria. A gente já viu casos de empresas familiares. Na minha cidade, em Brusque, lá em Santa Catarina, as grandes empresas familiares de têxtil quebraram todas. Os sucessores não tocaram.”

“No nosso caso, estamos nos preparando para profissionalizar a cooperativa. Eu já coloquei em três assembleias, preparando o cooperado, dizendo para eles que temos de ter sucessão. A partir do ano que vem vamos ter um conselho de administração, em cima, como funciona nas empresas familiares, e uma diretoria executiva contratada. Os diretores não serão associados, mas contratados. Eles vão tocar. Eu vou, como presidente do conselho, dar expediente para assessorar nesse período de transição.”

“Vai ter um presidente executivo e um presidente do conselho. Já está definido. Estamos preparando o estatuto, vamos preparar um regimento interno. Vai funcionar do mesmo jeito. Embaixo, cada área também vai preparar seus sucessores. É uma coisa que a gente quer fazer sem tumulto, com a mesma linha de trabalho, mas sem prazo.”

“O cooperativismo é muito semelhante à empresa familiar. Depende às vezes de uma liderança, duas. E a gente não quer ter esse tipo de problema.”

A busca pelos executivos começou, mas não deve alvoroçar o mercado. Os olhos de Gallassini, ele mesmo diz, estão mais voltados para dentro do que para fora.

“Já estamos trabalhando. Eu tenho muita experiência de ver empresas falando: ‘vamos pegar o melhor executivo aí de uma Cargill, da Bunge…’ Não toca cooperativa. Tenho experiência nisso aí. Lá no Oeste as cooperativas pegaram gerente do Banco do Brasil, que era um deus na época. Não toca cooperativa. Cooperativa é outra coisa. Não é uma empresa, mas também não deixa de ser. Tem o lado social, o lado econômico. Tem de saber lidar.”

“Nós aqui somos de promoções internas. É gente de dentro.”

“O pessoal aí toca bem, tá bem preparado. Mas tem que ter liderança. Tem que rir, tem que chorar, procurar o melhor para os nossos cooperados.”

“Anunciar, só no ano que vem. Se não, fica a exploração, tumultua muito. Já deve ter uns bochichos aí”.

O homem que é a imagem da Coamo sabe que não será ele o futuro da cooperativa. Mas também não quer se lançar ao passado.

“Eu, por estar todos esses anos, fundei, disse que era bom, não posso virar as costas. Não posso dizer: ‘Agora estou mais velho, bem financeiramente, vocês se virem’. Não vou fazer isso. Tenho essa responsabilidade. E os cooperados falam pra mim: ‘O dia em você for embora eu vou também.’”

Por enquanto, não devem ter pressa. Ele vai viver até os 126 anos.

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