CRIAÇÃO DE DADOS

Por Romualdo Venâncio e André Sollitto A Pecuária 4.0 tem dado muitos passos e em várias direç


Edição 14 - 19.04.19

Por Romualdo Venâncio e André Sollitto

A Pecuária 4.0 tem dado muitos passos e em várias direções. Para que seja efetiva, depende primordialmente da qualidade na apuração dos dados, rigor que deve ter continuidade nas etapas seguintes, de transmissão e processamento. É aí que entra o diferencial da integração de tecnologias, inclusive seguindo o exemplo de outros segmentos. A Cargill, uma das gigantes globais do agronegócio, vem promovendo uma evolução tecnológica na avicultura brasileira com a plataforma digital Poultry Enteligen, que ajuda a transformar dados em ações. Caso você tenha se perguntado se o foco da matéria não era bovinos, confie que a gente chega lá.

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A estrutura do sistema é baseada em aplicativos para smartphones, em que o produtor insere informações como peso e produtividade. Posteriormente, elas são transferidas para a nuvem e, sempre que necessário, podem ser acessadas por avicultores e técnicos da empresa. “Para assegurar a agilidade, ficam no celular apenas os dados do lote mais atual, os demais permanecem armazenados na nuvem”, explica Vinicius Chiappetta, diretor global da Unidade de Negócios Digital Insights da Cargill. “Tudo isso é processado com algoritmo e inteligência artificial. Um dos objetivos é padronizar a produção das aves”, acrescenta Chiappetta.

“Avicultores que nem sequer tinham celular compraram seu primeiro smartphone para poder usar o sistema. Foi um incentivo para a atualização”, diz Chiappetta. Ele acrescenta que exatamente por isso tiveram a preocupação de desenvolver aplicativos leves, que trabalhassem offline. Nos Estados Unidos, há também uma versão dessa plataforma para a pecuária leiteira, a Dairy Enteligen, e a ideia é que logo os produtores brasileiros possam contar com a ferramenta. A data ainda não está definida, mas o executivo entende que é melhor não demorar.

Chiapetta, da Cargill: empresa pode trazer ao Brasil tecnologia de reconhecimento facial para vacas leiteiras

Outra tecnologia que a Cargill espera trazer ao Brasil é a de reconhecimento facial do gado leiteiro a partir de câmeras instaladas nos galpões do confinamento. Em aplicação nos EUA, no Canadá e na Europa, o sistema já conta com mais de 15 mil vacas monitoradas. “Estamos estudando com parceiros como trazer para o Brasil, talvez no ano que vem”, diz Chiappetta. A tecnologia foi desenvolvida pela startup irlandesa Cainthus, de quem a Cargill é aceleradora, como investidora minoritária.

A partir das câmeras, o sistema faz a leitura da imagem do animal e, caso esteja identificado com brinco, até confere se o número corresponde àquele indivíduo. “O mais interessante é que a tecnologia consegue monitorar o tempo de alimentação, o consumo de água, a frequência de idas ao cocho e ao bebedouro, se há algum comportamento que demanda a intervenção do veterinário, ou seja, faz a observação e a captação de dados 24 horas por dia gerando alertas e insights sobre o que o produtor pode fazer para melhorar a eficiência do rebanho”, descreve Chiappetta.

As informações são processadas no servidor instalado na fazenda, e daí surgem os algoritmos que são enviados para a nuvem e ficam disponíveis na internet, podendo ser acessados a partir de um celular. Essa funcionalidade é potencializada pelo cruzamento com dados de produção de leite, por exemplo, índices coletados simultaneamente com o leite nas salas de ordenha. “Às vezes, esses dados estão nos robôs de extração de leite”, comenta o diretor da Cargill. Segundo ele, a empresa aposta em outros meios de captação de dados, como o comando de voz. Um projeto-piloto chamado Pig Voice está sendo testado no ambiente de inseminação artificial da suinocultura. “O produtor pode estar com as duas mãos ocupadas, realizando um processo de inseminação, e ainda assim conseguir registrar os dados sobre a matriz e o reprodutor”, explica.

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Pecuária 4.0: O Cowboy Virou CowTech

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