As questões que voam sobre a Labace

O Aeroporto de Congonhas (SP) recebeu esta semana (entre os dias 14 e 16) mais uma edição da Labac


15.08.18

Com 13 anos de experiência no mercado aeronáutico, o paranaense Tiago Dupim atuou como repórter, editor-executivo e editor-chefe de algumas revistas do setor. Atualmente, comanda a B2B Comunicação. Morou duas décadas em São Paulo e está há dois anos no Rio de Janeiro. Nas horas vagas (que são muito poucas) gosta de ouvir um bom rock’n roll, beber um bom vinho ou cerveja e acompanhar, mesmo que a distância, o Clube Atlético Paranaense, seu time de coração.

O Aeroporto de Congonhas (SP) recebeu esta semana (entre os dias 14 e 16) mais uma edição da Labace (Latin American Business Aviation Conference & Exhibition), maior feira de aviação de negócios da América Latina. Tradicionalmente, o evento reúne as principais empresas, fabricantes e dirigentes do setor e funciona também como um termômetro do mercado. Se depender do número de empresas participantes, a edição deste ano indica uma retomada nas vendas.

Das quase 100 empresas expositoras, 20 desembarcaram no Brasil pela primeira vez. Além disso, outras 51 empresas ainda não estavam expondo, mas vieram ao evento como convidadas-especiais para analisar a eventual participação em 2019 e 2020.

E esse interesse pelo mercado brasileiro vai ao encontro do agribusiness, que tem sido a menina dos olhos da aviação executiva nos últimos anos. Recentemente, o CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP estimou que o PIB no agronegócio deverá crescer 3,4% em 2018. O número é bem próximo do avanço registrado nas vendas de aviões turbo-hélice (os mais usados pelo agro) que até maio último registrou 3,7% de crescimento em relação a 2016.

É claro que todas elas encontrarão por aqui um cenário ideal para investir nesse segmento. O país detém a segunda maior frota de aviação geral do mundo com pouco mais de 15.000 aeronaves. E se olharmos as dimensões do Brasil, esse número ainda está bem aquém do que precisamos para decolar. Mas nem tudo são flores por aqui.

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O problema é que, atualmente, a infraestrutura não consegue absorver um eventual crescimento exponencial do setor. Entre os anos de 2009 e 2013, quando a aviação de negócios viveu uma época de ouro no Brasil, eram visíveis os problemas enfrentados por operadores devido, por exemplo, à falta de espaço nos aeroportos próximos a São Paulo, por exemplo. Agora, com o mercado ainda em retração, esses entraves ficaram um pouco de lado. Porém, existem outros.

A verdade é que a privatização dos principais aeroportos brasileiros, que previa melhorar qualidade dos serviços para os usuários, pouco ajudou. Pelo contrário: os preços subiram. Para a aviação geral não foi diferente. O custo operacional aumentou e as dificuldades nas áreas aeroportuárias continuaram. Não é à toa que o modelo atual de concessão estabelecido por aqui foi alvo de críticas até mesmo da Iata (International Air Transport Association). Apesar de não se posicionar abertamente contra as privatizações, a entidade defende que o modelo precisa ser repensado. O tema esteve em evidência na Labace deste ano durante os seminários. Tomara que isso faça eco suficiente para chegar a Brasília.

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