O futuro em Cuiabá

Quais as principais tendências que vão impactar a produção agrícola nos próximos anos? Essa fo


Edição 9 - 14.06.18

Patrocínio: Solinftec e Rabobank

Quais as principais tendências que vão impactar a produção agrícola nos próximos anos? Essa foi a questão central que norteou o Momento StartAgro, painel comandado pela plataforma StartAgro no Summit AgriHub — evento organizado pela rede de inovação AgriHub nos dias 18 e 19 de abril, em Cuiabá. Mais de 600 pessoas, entre produtores, empreendedores, executivos, investidores e acadêmicos, participaram dos dias de evento, que tinha como objetivo aproximar os inovadores do agronegócio àqueles que são objetivamente seus principais clientes: os agricultores e pecuaristas.

“O aspecto principal que tentamos demonstrar é como as novas tendências tecnológicas e as necessidades de incremento da produção nos lavarão ao que chamamos de Agronegócio Exponencial”, afirma Luiz Fernando Sá, diretor editorial da StartAgro, que abriu, com sua palestra, a conferência. A apresentação serviu de mote para um talk show com André Garcia, gerente regional da Solinftec, e um debate que também contou com a participação de Fabiana Alves, diretora de Rural Banking do Rabobank, Antonio Morelli, fundador da Agronow, com a mediação do jornalista Clayton Melo, líder e curador da StartAgro.

“Além disso, mostramos como os mercados e as mudanças nos hábitos de pressionarão os produtores a ter uma visão cada vez mais detalhada e completa de seus processos de produção. Procuramos mostrar a eles que o seu negócio não se encerra na fazenda e que, da mesma forma que há grandes desafios, o agro brasileiro está diante de um momento único”, diz Sá.

Nessa nova fronteira do campo, as fazendas autônomas – com robôs e sistemas inteligentes que conectam os talhões aos computadores e máquinas capazes de tomar uma série de decisões sozinhas – devem ocupar papel central. “As fazendas autônomas estão entre nós à medida em que já é possível obter informações no campo sem intervenção humana”, afirmou André Garcia, da Solinftec.

As companhias do agro, em graus diferentes, aos poucos avançam rumo a esse mundo novo de que fala Garcia. Ainda assim, trata-se de um movimento inicial. Muitos agricultores, mesmo os grandes, ainda não abraçaram para valer o caminho da inovação digital. Isso se deve em parte a uma questão cultural, observou Antonio Morelli durante o Momento StartAgro. “O mercado está num momento de transição”, disse o fundador da Agronow, empresa AgTech com sede em São José dos Campos. “Existem barreiras dos dois lados a serem vencidas: a barreira do público consumidor de tecnologia, que precisa se capacitar para lidar com esse tipo de informação, e do outro a barreira da própria tecnologia, pois ela precisa ser viável ao campo”.

Os obstáculos existem, mas a boa notícia é que a vocação brasileira para o agro, inclusive com tradição de inovação no setor, favorece o País no momento da explosão AgTech. “O Brasil tem uma vantagem em relação aos outros países porque o histórico nos permite dizer o País tem uma boa curva de adoção de tecnologia. Basta ver a revolução agro que já foi feita aqui”, disse Fabiana Alves, diretora de Rural Banking do Rabobank.

PRODUTORES QUE INOVAM

Nesse sentido, é bem-vindo um projeto liderado pelo AgriHub, rede de inovação idealizada pelo Sistema Famato, com produtores rurais do Mato Grosso. A iniciativa consiste naquilo que os organizadores chamam de Rede de Fazendas Alfa (RFA), programa que reúne produtores rurais do Estado com um perfil mais afeito à tecnologia. O objetivo é estimulá-los a testar, validar, ajudar e até mesmo criar soluções para alguns problemas crônicos do campo.

Os 53 produtores que integram a rede trocam experiências e informações sobre a adoção de tecnologias. Além disso, eles também atuam como mentores, validadores, investidores e, em alguns casos, até mesmo como empreendedores. “A participação dos produtores será fundamental nesse processo, seja oferecendo áreas para testes, seja com mentorias, participação em hackathons ou como empreendedores e investidores”, disse em painel do Summit AgriHub Daniel Latorraca, líder do AgriHub e superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA).

Essa aproximação com o principal beneficiário da tecnologia – o produtor – permitiu ao AgriHub avançar num ponto que é crucial para destravar a inovação: conhecer os problemas do agricultor. A rede fez uma pesquisa – apresentada durante o Summit – com produtores rurais dos municípios de Sorriso, Campo Novo do Parecis, Campo Verde e Água Boa, no Mato Grosso. Segundo o responsável pelo estudo e pelas parcerias AgriHub, Fábio Silva, os problemas identificados variam muito. Envolvem, por exemplo, questões como combate a doenças, ervas daninhas e pragas, previsão do tempo, mão de obra, informações para tomada de decisão, gestão da propriedade e classificação de grãos, entre outros.

Uma das principais queixas identificadas é a precariedade do serviço de conexão no campo. Dos entrevistados, 41% têm internet a rádio em suas propriedades, 21% web móvel, 19% banda larga, 8% internet via satélite e 12% não possuem nenhum tipo de conectividade na fazenda. “Nossa percepção é de que o problema de conectividade está na pauta de várias instituições. Os fatores limitantes que observamos para a implantação da internet nas fazendas são, principalmente, disponibilidade e preço”, disse Silva.

Não é só da conexão à internet de que o setor necessita. Conectar os agentes da transformação também é importante para fazer a inovação deslanchar. Foi pensando nisso que foi criada a plataforma AgTech Brasil, que pode ser acessada pelo endereço agtechbrasil.com. Ela foi lançada primeiro em Londrina, no dia 13 de abril, e depois Summit AgriHub. O objetivo é criar um ambiente único de interação entre os ecossistemas de inovação em agricultura e pecuária no Brasil. A iniciativa é uma parceria entre a AgTech Valley, do Vale de Piracicaba-SP, a SRP Valley, de Londrina-PR, e o programa AgriHub. A plataforma também busca acelerar o desenvolvimento de novos negócios e a validação de tecnologias e investimentos por meio da integração de todo o ecossistema de inovação. Segundo George Hiraiwa, conselheiro da SRP e atual secretário de Agricultura do Paraná, a plataforma está disponível para investidores, empreendedores e startups. “A Agtech Brasil reúne todo o ecossistema do agronegócio e de AgTechs brasileiras. Ela permite o compartilhamento de networking, experiências e novidades do agronegócio brasileiro e do mundo”.

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