Monsanto, o fim de uma marca polêmica

Foram dois anos à espera da aprovação das autoridades de todo o mundo. E menos de uma semana para


05.06.18

Foram dois anos à espera da aprovação das autoridades de todo o mundo. E menos de uma semana para o anúncio mais impactante desde que Bayer decidiu pagar US$ 66 bilhões pelo controle da Monsanto. Bastou que fosse selado, na semana passada, o acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unido — retirando a última barreira para a megafusão que forma a maior empresa de agrociência do mundo — para que o grupo alemão tornasse pública e oficial a intenção de eliminar do mapa a polêmica marca americana. Em breve, não haverá mais Monsanto, nome tanto associado às maiores inovações quanto às maiores controvérsias da agricultura nas últimas décadas.

São 117 anos de história que serão deixados em um arquivo da nova companhia, que passará a se chamar apenas Bayer. “Os produtos adquiridos manterão suas marcas como parte do portfolio da Bayer”, afirmou a empresa em um comunicado distribuído na segunda-feira, 4 de junho, referindo-se a marcas como a Roundup, um dos pesticidas mais utilizados no mundo. A decisão, amadurecida no período de tratativas com agentes reguladores de vários países em que as duas empresas possuem operações, não era esperada em um primeiro momento, embora não seja difícil de entender. O nome Monsanto, reconhecido pelos avanços na área de biotecnologia que ajudaram a revolucionar a produção agrícola, sofreu grande desgaste nos últimos anos. Foi vilanizado pelos opositores do uso de defensivos químicos e de sementes transgênicas, dois insumos que a companhia americana ajudou a desenvolver e popularizar.

Embora não fosse a única fabricante desses produtos, a Monsanto talvez tenha sido a mais ferrenha defensora do seu uso, tanto junto a agricultores do mundo todo, quanto em debates com seus detratores — algo que as concorrentes, entre elas a Bayer, sempre procuraram evitar. Dois dos principais porta-vozes da marca, o CEO Hugh Grant e o cientista-chefe Robert Fraley, revelaram há cerca de um mês que não continuariam na empresa após a aprovação definitiva da transação com a Bayer. Foi o primeiro indício de que o modelo alemão, de trabalhar em silêncio, imperaria no novo grupo.

O fusão Bayer-Monsanto é a maior de uma série de transações bilionárias entre grandes grupos do agronegócio, que provoca uma concentração sem precedentes no setor. Confira na reportagem de PLANT, como começa essa nova Era do Superagro.

Leia também: Rodrigo Santos vai liderar a Bayer-Monsanto na América Latina.

 

TAGS: Bayer, Monsanto